O cidadão instigado strikes again

O sacana do Marcus Vinicius não teve o que fazer e transformou o álbum virtual Amazonas é assim numa fanpage atualizada diariamente.

Por conta disso, já arregimentou mais de 15 mil seguidores para sua jihad particular pelo fim dos preconceitos contra os índios metropolitanos do norte do país.

Matéria prima: humor, sarcasmo e ironia, na linha milloriana (“Hay gobierno? Soy contra! No hay gobierno? Soy contra también!”).

A primeira vítima dos talibãs iconoclastas foi o arrogante Moisés Dutra, que teve de enfiar a viola no saco e mandar esse e-mail abaixo:

PEDIDO DE DESCULPAS E RETRATAÇÃO

Venho por meio deste, manifestar o meu mais profundo e sincero pedido de desculpas e retratação ao(s) administrador(es), da página “No Amazonas é assim!”, pelo conteúdo do e-mail que enviei ontem, reconheço que fui infeliz na minha colocação já que me deixei levar pelo sentimento inflamado do momento em que vi a foto em dois índios estavam montados em cima de uma moto de madeira, a cena me deixou profundamente irritado, pois já estamos tão acostumados a ver as pessoas e principalmente as de fora daqui, tentando nos associar a imagem de um povo não civilizado e a nos tratar nos olhando de cima pra baixo, achando que aqui só tem mato, me deixei levar pelo calor do momento, não entrei na sua página, fui leviano em não verificar antes o conteúdo da mesma e achei até que fosse alguém que não era daqui, mas estou aqui despido de qualquer vergonha, para lhe pedir as minhas profundas desculpas, estive vendo com calma o conteúdo da sua página e vi que me equivoquei, repito, fui infeliz ao enviar o e-mail, a principio fui um covarde negando, pois um tsunami de e-mails começaram a chegar e me assustei com aquilo, e se me permitir uma critica construtiva, para quem olha de cara algumas fotos que você posta com certeza tem a impressão que eu tive, inclusive tive vendo alguns comentários passados e observei isso, mas a grandeza do ser humano esta em admitir o seu erro e repará-lo, recebi mais de 200 e-mails, de gente me xingando, tive que blindar meu perfil do FACEBOOK, pois as manifestações foram inúmeras e isso prova que você esta no caminho certo, continue com a página, parabéns por ela, só espero que você tenha mais cautela pra não ser interpretado de forma equivocada como foi por mim.

Um Abraço!

Sem ressentimentos!!!

Moisés Dutra

NOTA DO EDITOR DO MOCÓ

O Moisés Dutra deve ser asmático - única explicação para ele não interromper algumas frases com um ponto parágrafo ou um ponto seguido, dando uma pequena chance para o leitor respirar.

Ou então está pensando seriamente em ser o nosso Marcel Proust amazônico.

Para ajudá-lo na tarefa, transcrevo abaixo um post do meu brother Altino Machado, publicado no blog de mesmo nome, que considero o mais democrático e inteligente espaço midiático de nosso querido Acre. Curtam:

SOBRE A ARTE DE ESCREVER

Dica do escritor Graciliano Ramos (1892-1953) para quem se mete a escrever

“Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes.

Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.

Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.”