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sexta-feira, dezembro 23, 2011

Causos de Bambas: Luiz Bacellar


O poeta Luiz Bacellar é um dos escritores mais importantes da literatura amazonense.

Nascido em Manaus no dia 4 de setembro de 1928, o poeta viveu sua infância numa época marcada pela crise econômica que se seguiu ao fausto do “ciclo da borracha”.


Sua obra é perpassada por elementos de forte componente erudito, ao mesmo tempo em que retrata temas e motivos da cultura popular, do folclore, em particular as vivências de sua infância no bairro dos Tocos, hoje Aparecida.

O universo poético retratado por Bacellar, sobretudo no livro Frauta de barro, constrói-se sobre o plano da memória.

Ele tece seus versos com os fios das lembranças, reminiscências de seu mundo infantil.


Constrói um mapa esmaecido de uma cidade corroída pelo tempo e pelas transformações econômicas – Manaus.

Não a que conhecemos hoje, surgida sob as determinações da Zona Franca, mas a Manaus provinciana da segunda metade do século passado.

Estudou no colégio São Bento, em São Paulo, onde completou seus estudos, aperfeiçoando-se posteriormente, no Rio de Janeiro, em Pesquisa Social, Antropologia e Museologia, realizando parte de seus estudos sob a orientação do saudoso professor e estudioso da cultura brasileira Darcy Ribeiro.

Também foi professor de Literatura e Língua Portuguesa no Colégio Estadual Pedro II, polo aglutinador, nos anos 50 e 60, da jovem intelectualidade de Manaus, e se destacou no processo de renovação da literatura regional, participando da fundação do Clube da Madrugada, em 1954.


Exerceu o jornalismo, atuando em diversos órgãos de comunicação de Manaus, e foi conselheiro de cultura do Estado do Amazonas em diversas oportunidades.

A vida literária do poeta teve um começo feliz: em 1959, ele conquistou o prêmio “Olavo Bilac”, da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, com aquele que seria seu livro de estreia, Frauta de barro, publicado em 1963.

Dez anos depois, ele lançaria seu livro mais conhecido, Sol de feira, sucesso de crítica e de público.


Para homenagear o poeta, os compositores Anibal Beça e Rinaldo Buzaglo conseguiram aprovar o tema “Sol de Feira: pregão da alegria”, para ser enredo do GRES Sem Compromisso.

Os dois estavam ali dando tratos à bola para fazer um samba-enredo condizente com a importância do homenageado, quando foram rudemente interrompidos pelo empresário Getúlio Lobo, presidente da escola.

Nervoso, o presidente foi logo atirando pra matar:

– O carnavalesco está exigindo que o abre-alas seja intitulado “Pregão da Alegria”, com seis metros de altura. Já consultei as indústrias Belgo-Mineira, Josan, Bemfixa, Lufaed e Parfix, e nenhuma delas tem condições de entregar um prego de aço inox com seis metros de comprimento por um metro de diâmetro... Eu quero saber onde é que a gente vai arranjar um pregão deste tamanho!

Foi um parto explicar ao presidente-prego que “pregão” é sinônimo de “leilão”.

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