Altíssima société
Doutor Broncalhão ornamentado qual defunto.
Deputado Ímpio coça o saco e ri.
Jurisconsulto Justus faz de conta que.
Senhorita Chávena reflete como se pensasse.
Jovem Bompartido vira os olhindos e sorrinde.
Senador Caquético solta um peido e sopra.
Abruptos convidados irrompem ruidosdentes.
Mastegam que mastegam. Bibes que bibem.
Sorridenteiam. Fazdeconteiam. Esfregalhamse.
Mais importante que eles só gravatas.
Mais arrogantes que eles só burro rico.
Mais bonitões que eles só bunda de mulher.
Mais orgulhosos que eles só marimbondos.
Mais poderosos que eles só microfones.
Mais inúteis que eles só outros chefes.
Passa um carro blindado. Passa um pelotão.
Na janela o ditador coça o saco.
Que fazer nestes dias de ócio e tédio?
A senhora ditadora está velha e feia.
As amantes estão cada dia mais exigentes.
A conta na Suíça está que não cabe mais.
Quem sabe soltar um pouco da oposição?
Estimular greves? Agitar os estudantes?
O poder sem exercício não vale nada.
O ministro do exército dispara a metralhadora.
Com a mão no saco o ditador começa a rir.
Poeta oficial
Rechonchudo consulado nas neblinas do futuro?
Embrionária embaixada na cultura milenária?
(Há um poeta em cada gota de chuva.)
Diretoria com orgia? Sinecura com fartura?
Senatoria? Presidência? Doutoral tribunal?
(Há uma gota de suor em cada proeletra.)
Resenhas amigais. Artigos circunloquiais.
Biografia de encomenda crepita a fofogueira.
A academia bate à porta. Merdalhões.
Parodices
bobalhosos literatos corriqueiros
confrades de defuntos mortos bolos
sacramentais e escrementais.
escrementai, poetas, pra não dizer
que deveis irdes gagarvos.
II
poetas universitários escutai:
universitaivos mais
enquanto eu universito menos.
II
mas não risadeiem. calemse!
defuntos só riem dos coveiros
por vingança idiota e besta.
parabéns coveiros que nos encovaram.
estamos perfeitamente encovados.
ninguém melhor encovados que nós.
esterco de terceira mão.
surrealismos merdejantes merdejam.
módicas revistas imprimem caca.
nada como bobalhagens em lugar de.
opinais, opinéus! vssas línguas
vsss rabos vsss chifres vossos
cancros e vsss tuberculoses
cerebrinas e brais e tais!
entraide prostitutas literatas!
assentaides devotos do idioto!
dormivos filhas da burreguice!
ai, que meu saco explode!
lixosa poesina brasilina castradina.
& babaquina mais que a minha.
eu quero ser glorioso e famoso
e venturoso e amoroso e imortoso
e genioso e felizoso e ricoso.
sou discreto e timideto e modesto
e puxassaqueto e intelectualecto
comportadecto
isto é poesia ou meu nariz?
cada um é poeta como pode.
você no INL
e eu na bunda do bode.
desespero ou meleca.
tudo é matéria poéteca.
poetas solenes e sonolentos
sentados e pelados no vaso
cagando longos troços grossos.
quão sério bundais!
Poemetos metafóricos
ó q belos achads!
haja saco, senhr, pra suportr
ó q suav ironia!
ó q colch de retalhs!
ó q merdra!
Paródia japonesa
Um monte de bosta não é um poema.
Um monte de palavras não é um poema.
Um monte de palavras é um poema
De bosta.
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