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sexta-feira, fevereiro 05, 2016

Estação Primeira de Mangueira


Eis aí uma trindade santificada por todos os mangueirenses: Carlos Cachaça, Maçu e Cartola. Marcelino José Claudino, o tio Maçu, foi o primeiro mestre-sala da escola, temido pelas magistrais pernadas que sabia aplicar quando se formava uma roda de samba. Um bamba de verdade.

Estação Primeira de Mangueira


Não há nenhum exagero em se afirmar que o morro da Mangueira é uma comunidade a serviço do samba. Por entre os seus barracões, nas vielas tortuosas e lamacentas, nas conversas entre famílias, nos papos de passatempo, entre uma cerveja e outra, à volta do balcão do boteco Só Para Quem Pode, o samba é o denominador comum. Ele soma, junta reúne, nunca divide, pelo menos de maneira irremediável.

A sede da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira – o Palácio do Samba – assemelha-se a uma fortaleza vigilante, uma atalaia que se ergue sobre o morro, atraindo a todos de lá e de fora, quando o apito trila e surdos e tamborins, tal como sinos dobrando festivos, anunciam que o samba vai começar.

Lá por volta de 1927, quando a grande força do carnaval carioca eram os blocos, existiam no morro de Mangueira três grupos que mediam forças: os Arengueiros, Mestre Candinho e Tia Tomásia, sendo os dois últimos terreiros de macumba que reuniam os seus filhos-de-santo no carnaval e saíam como blocos. Aos atabaques e agogôs juntavam-se cuícas e pandeiros, e as saias engomadas e brancas das baianas rodopiavam ao som de um samba sacudido, em geral curto e de coro fácil.

Os Arengueiros tinham esse nome porque os seus componentes não dispensavam uma catimba, uma arenga em boas condições, se bem que fossem muito bons de samba. Faziam parte do bloco alguns “moleques bambas”, denominação comum na época para alguns que depois fariam sucesso como compositores. E entre eles basta citar Angenor de Oliveira e Carlos Moreira de Souza, ou melhor, Cartola e Carlos Cachaça.

Naquela época, os blocos, além da força que representavam no carnaval, eram também uma demonstração da unidade dos bairros onde eram formados. Famílias inteiras, de ruas inteiras, saiam para visita de cordialidade a outras ruas e outros bairros numa animação contagiante e crescente.

Como o morro de Mangueira estava tripartido, criando uma competição que o enfraquecia, Cartola propôs e conseguiu a fusão dos três blocos, tendo surgido então o Bloco Carnavalesco Estação Primeira de Mangueira, no dia 28 de abril de 1929. O nome do bloco foi dado pelo próprio Cartola, mas as cores verde-e-rosa foram escolhidas por dona Lucíola Ribeiro de Jesus, que na época saía nos Arengueiros e até hoje sai na Mangueira.

Daí para cá a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira veio acumulando prestígio e vitórias, criando em torno de sim uma aura alimentada pelos seus integrantes e pelo povo que aplaude a sua passagem no desfile e canta os seus sambas com vigor e ardor.

“Ô, ô, ô, ô, a Mangueira chegou, ô, ô!!!”


TALVEZ HAJA SILÊNCIO,

MAS NUNCA TRISTEZA.

DAQUI A POUCO COMEÇA

TUDO OUTRA VEZ...

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