Espaço destinado a fazer uma breve retrospectiva sobre a geração mimeográfo e seus poetas mais representativos, além de toques bem-humorados sobre música, quadrinhos, cinema, literatura, poesia e bobagens generalizadas
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sexta-feira, dezembro 23, 2011
Causos de Bambas: Kid Mahal
O rabugento Jamelão estava em Manaus para fazer um show no clube Nostalgia.
Para aproveitar a manhã de sábado, seus cicerones o convenceram a dar uma entrevista no programa da jornalista Baby Rizzato, um dos mais prestigiados e de maior audiência naquele horário na cidade.
Por volta do meio-dia, eles chegaram ao estúdio da TV A Crítica.
O produtor do programa, Kid Mahal, falou que a pauta já estava completa e que não tinha brecha para o mangueirense ser entrevistado.
A pauta era uma senhora ensinando a fazer flores com papel machê e um poeta de Alvarães falando sobre seu primeiro livro, custeado pela prefeitura do município.
– Porra, Kid Mahal, mas é o Jamelão, o maior sambista vivo de nossa história. Vai ser uma honra pra Baby entrevistar ele... –, explicaram os cicerones do cantor.
Kid Mahal, que é da geração que acha que o samba começou com os grupos Karametade e Molejão, nem deu bola.
Ele se comunicou pelo “ponto” com a apresentadora, que devolveu a bola pra ele.
O produtor foi enfático: se quisesse mesmo ser entrevistado pela Baby Rizzato o cantor deveria ter marcado a pauta uma semana antes, igual a todo mundo.
Não havia exceções.
Mais enfezado do que de costume, Jamelão ouvia aquela discussão inútil sem mover um músculo do rosto.
Os radialistas Walter Yalas e Carlos Caldas, da rádio A Crítica, fãs confessos do cantor, que iam passando casualmente pelo corredor da emissora, nem pensaram duas vezes: arrastaram Jamelão para o estúdio da rádio, entraram no meio do noticiário que estava rolando e conversaram quinze minutos com o sambista.
Saíram do estúdio de alma lavada.
Quando Baby Rizzato soube do ocorrido, quis pedir desculpas a Jamelão.
Até então, ela só sabia que “um sambista das antigas” estava querendo participar do seu programa porque tinha sido aquilo que Kid Mahal havia falado pelo “ponto”.
Jamelão estava irredutível:
– Me leva embora, porra, que eu não quero mais nem ouvir falar no nome dessa mulher...
Tratado a leite de pato onde quer que desse as caras, o grande Jamelão foi barrado no baile pelo internacionalmente conhecido Kid Mahal. Pode?
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2 comentários:
É por essas e outras, por causa desse tipo de gente que eu as vezes sinto uma vergonha danada...
Não foi apenas o Jamelão que esse produtor destratou.
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