Espaço destinado a fazer uma breve retrospectiva sobre a geração mimeográfo e seus poetas mais representativos, além de toques bem-humorados sobre música, quadrinhos, cinema, literatura, poesia e bobagens generalizadas
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quinta-feira, dezembro 29, 2011
Maravilhas do Admirável Mundo Novo
Junho de 1971. Eu estava participando de uma “brincadeira” na casa do motoqueiro Alcides Hell Angel, na rua Maués, na Cachoeirinha, quando começou a tocar uma música fantástica, que eu nunca tinha ouvido antes.
Era uma espécie de soul proto-metal, porque tinha muito mais balanço que a soul music tradicional, mas não chegava a ser um funk.
Tirei para dançar uma garota chamada Elisângela, que morava na Cohab-Am da Raiz, e, talvez porque a música fosse mesmo muito bonita, começamos a namorar ouvindo aquela canção.
Quando a música terminou, perguntei do Alcides qual era o nome da banda.
– Three Dog Night! – avisou.
Eu também não conhecia a banda, mas como costumávamos intercambiar discos não me preocupei muito com o assunto.
Uns três meses depois, fui a casa do Alcides em busca do referido disco para gravar em fita K7.
Reviramos sua coleção inteira de compactos (mais de 800) e nem sombra da música.
Os acordes da canção, entretanto, continuavam na minha cabeça, assim como o sorriso cativante da Elisângela naquela noite em que a conheci.
Uns 20 anos depois, conversando com o saudoso DJ Ernesto Coelho, relembrei a história e tentei, na medida do possível, solfejar a música.
Escutamos uns três LPs do Three Dog Night que ele possuía, mas nem sombra da música.
Na medida em que eu ia me esquecendo dos acordes e do sorriso cativante da Elisângela, também aumentava a minha angústia por não reencontrar logo a tal música antes de ser traído pela memória.
Há dois anos, entrei no Pirate Bay e baixei todos os 10 discos do Three Dog Night, do período 1969-1976.
Passei um dia inteiro ouvindo faixa por faixa e nada.
Na manhã desta quarta-feira, quando me dirigia a Manacapuru em companhia da publicitária Cinthia Jimenez, escutei o finalzinho da música tocando no rádio de sua pick-up S10.
Aquilo devia ser alguma brincadeira do Papai Noel.
– Que emissora é essa? – indaguei.
– A Tiradentes FM! – devolveu a Cinthia.
Conferi o horário: 7h30.
No começo da tarde, liguei para o Ricardo, filho do publicitário Renato Pitanga, que trabalha na emissora do Ronaldo Tiradentes.
– Bicho, me manda a programação musical que rolou essa manhã, entre 7 e 8h, que preciso localizar uma música.
Em dez minutos, Ricardo me enviou por e-mail um arquivo jpeg com a programação da rádio no horário solicitado.
Bastou eu colocar os olhos na programação para identificar a música: “Everything You’ll Ever Need”, do Swamp Dogg.
Mais cinco minutos de busca no Google, e eu baixava o disco “Total Destruction To Your Mind” (1970), em que a “perseguida” ocupa a 10ª faixa.
O Alcides ter confundido o Swamp Dogg com o Three Dog Night me provocou 40 anos de angústia existencial.
Que motoqueiro filho da puta!
Mas Elisângela, prenda minha, essa música vai pra você, onde e com quem estiver:
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Um comentário:
Isso sim é nostalgia Hardcore!
Agora quando eu escutar esta música vou lembrar da sua história!
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