Medicamento é o
primeiro no mercado a aumentar a libido da mulher
Depois de vários anos cozinhando a aprovação do remédio em
banho-maria, a agência que regulamenta alimentos e medicamentos nos Estados
Unidos, a Food and Drugs Administration (FDA), finalmente aprovou a droga
flibanserin (nome comercial Addyi), que tem o objetivo de tratar o transtorno
de desejo sexual hipoativo em mulheres (TDSH).
O remédio é conhecido como “viagra feminino”. Esta é a
primeira pílula no mercado destinada a aumentar a libido da mulher.
Em junho deste ano, uma equipe de especialistas da área
pediu ao FDA que aprovasse o medicamento, ainda que exclusivamente sob
prescrição médica e com medidas adicionais para o controle dos riscos.
O medicamento é um agente não-hormonal, que atua nos
neurotransmissores do cérebro para tratar a perda do interesse sexual. Mas a
droga pode produzir efeitos colaterais importantes, como náuseas, sonolência,
queda da pressão arterial e desmaios.
Segundo documentos disponíveis no site do FDA sobre um teste
clínico, as mulheres que fizeram uso do flibanserin disseram ter tido, em
média, 4,4 experiências sexuais satisfatórias em um mês contra 3,7 no grupo que
consumiu placebo e 2,7 antes de iniciado o estudo.
“A aprovação do remédio oferece às mulheres afetadas por seu
baixo desejo sexual uma opção de tratamento aprovada”, declarou Janet Woodcock,
diretora do Centro de Avaliação e Pesquisa dobre drogas do FDA, em nota
divulgada pela agência.
Diferentemente da versão masculina, que aumenta o fluxo
sanguíneo na região genital, a droga flibanserin atua diretamente sobre o
sistema nervoso central das mulheres.
Versões anteriores da pílula já haviam sido submetidas à
aprovação da FDA, mas não obtiveram sinal verde para serem comercializadas.
Segundo a agência, elas foram rejeitadas por falta de
eficácia e por efeitos colaterais como náusea, tonturas e desmaios.
A FDA alerta que a versão aprovada também pode causar danos
à saúde, especialmente para quem tem problemas no fígado, ou se tomada com
outros medicamentos, tais como alguns tipos de esteroides.
Além disso, a combinação com álcool pode ser explosiva,
explica Leonore Tiefer, professora da Escola de Medicina da Universidade de
Nova York.
“O álcool é o mais sério de todos (os riscos), porque essa é
uma droga que afeta o sistema nervoso central. O medicamento tem um efeito
sedativo, algumas pessoas desmaiaram mesmo sem tomar álcool. Mas o álcool
parece piorar esse problema.”
Outros especialistas são mais otimistas em relação ao novo
remédio.
“A aprovação desse medicamento abre a porta para o
desenvolvimento de outros produtos, para outras opções de tratamento. Isso abre
a discussão entre a mulher e o clínico sobre o desejo sexual dela e dá um sinal
às farmacêuticas de que elas devem continuar desenvolvendo mais drogas como
essa no futuro”, afirmou Leah Millheiser, da Universidade de Stanford.
O Flibanserin, produzido pelo laboratório farmacêutico
Sprout Pharmaceuticals, foi aprovado por um comitê da FDA por 18 votos a seis
no último dia 4 de junho.
A agência, no entanto, informou que a nova droga só deve ser
ministrada no tratamento de transtornos de desejo sexual hipoativo (HSDD, na
sigla em inglês).
Dessa forma, um médico deverá determinar se a paciente sofre
da doença, caracterizada pela falta de apetite sexual.
Atualmente, não há nenhuma droga aprovada no mercado
americano para o tratamento da HSDD ou outra condição similar.
“Essa condição é claramente uma área em que as necessidades
médicas ainda não foram atendidas”, informou a FDA.
Segundo o fabricante, o medicamento deve ser ingerido
diariamente. Alguns médicos alertaram, no entanto, que seriam necessárias
semanas para que sejam sentidos os primeiros benefícios da nova droga.
No informe, a FDA acrescentou que o tratamento deveria ser
interrompido se não houver melhora após o fim de oito semanas.
A CEO da Sprout, Cindy Whitehead, afirmou à agência de
notícias Associated Press que promoveria o Addyi “com parcimônia”.
“Não queremos que um paciente que não esteja tendo qualquer
benefício tome o medicamento e diga a todo mundo que ele não funciona”, afirmou
ela.
A droga foi originalmente produzida pelo laboratório alemão
Boehringer Ingelheim. A empresa farmacêutica Sprout comprou a patente do
medicamento depois que ele foi rejeitado inicialmente pela FDA.
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