Por Sílvio Lancellotti
Dia 20 de outubro de 1964. Finais dos 800 Metros, para
mulheres, no Atletismo dos Jogos de Tóquio, Japão. Não disputariam a decisão as
duas grandes favoritas – a norte-coreana Dan Shin-geum, recordista planetária,
1’58”0, que não se inscrevera na competição, e a australiana Dixie Willis,
acometida de uma hepatite. Imediatamente se tornou favorita a francesa
Maryvonne Dupureur – que, nas eliminatórias, estabelecera um novo primado
olímpico: 2’04”1.
Ninguém acreditava na britânica Ann Packer, prata nos 400 Metros,
a sua melhor prova, dia 17 de outubro. Desanimada com a segunda posição, ciente
de que seria apenas uma figurante nos 800, Packer chegou a anunciar que
desistiria de correr a decisão – preferia fazer compras, com o noivo Robby
Brightwell.
No dia 19, porém, Brightwell fracassou nos 400 Metros, para
homens, apenas um quarto lugar. Igualmente desalentado, informou que não
integraria o revezamento de 4 X 400, dia 21, caso Ann Packer abandonasse os
800. E, num pacto de amor, Packer mudou de ideia, exclusivamente para que
Brightwell ainda tentasse a sua medalha.
Tal como era previsto, a francesa Maryvonne Dupureur liderou
tranquilamente os 800 – até a entrada da última reta, cinco passos de vantagem
sobre Ann Packer. A britânica, no entanto, reagiu e levou o ouro, com boa
folga.
No dia 21, o revezamento de Brightwell ficou só com a prata,
atrás dos Estados Unidos. De todo modo, miss Packer, charmosamente, presenteou
o seu noivo com a sua medalha dos 800. E os dois pombinhos foram felizes para
sempre.
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