O físico inglês Stephen Hawking costuma dizer que não
acredita em Deus. Para seus críticos, todavia, é Deus quem não acredita nele.
Mesmo assim, uma opinião tão abalizada não pode ser ignorada por ninguém. Para
uma das mentes mais celebradas da ciência contemporânea, o fim do mundo é favas
contadas. E, por ele, contaremos essas favas em um futuro não muito distante.
As hipóteses pessoais do cientista são as mais alarmantes.
Desde que a Humanidade tem menos de seis séculos para construir naves espaciais
e escafeder-se daqui, até que o Planeta Azul virará uma bola de fogo até o ano
de 2600. Sem falar numa tese não-confirmada de que o Homem seria substituído
pelos bichos geográficos em menos de 15 anos, mas ainda é especulação do
Reddit.
Pode até ser que essas profecias vinguem. Contudo, já
começam a surgir correntes que veem nosso Apocalipse com mais desprendimento e
até uma pitada de humor. Para esses cientistas, todos da Universidade da
Jamaica, se o Homem é uma piada de Deus o seu fim também será hilário.
Conheça alguns dos possíveis cenários alternativos para o
fim do mundo:
EPIDEMIA GLOBAL DE GONORREIA – Um dia, uma pessoa é picada
no Brasil por um Aedes aegypti com gonorreia. Depois, esse indivíduo vira fonte
de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano. Os macacos também passam a
desenvolver gonorreia e infectam mais mosquitos. Quando os indivíduos passam a
adquirir gonorreia em níveis alarmantes, o Ministério da Saúde informa que os
estoques de penicilina acabaram. A epidemia de gonococos se alastra, entra em
Pedro Juan Caballero e de lá caminha para o restante das Américas. Em menos de
seis meses, o mundo é um bas-fond de filme de faroeste.
INVASÃO DE GODZILLAS – Após uma sucessão de erros num
laboratório do serviço secreto nipônico em Fukushima, os ratos-cobaias para
experiências químicas transformam-se em Godzillas. Como possuem genes de
roedores acabam multiplicando-se vertiginosamente e, em poucos dias, são
milhões. Devoram a população japonesa, chinesa e coreana. Em seguida,
dirigem-se ao Ocidente, comem o restante da população mundial e autoextinguem-se.
DESTRUIÇÃO PELO FLATO PRIMORDIAL – Em 2020, o rio Tietê é
considerado o maior depósito de fezes do mundo. Numa manhã de janeiro, ao
desembocar no oceano Atlântico, a massa fecal tromba com as águas salgadas e
uma bolha de quilômetros de altura – chamada pelos cientistas da NASA de Flato
Primordial – inicia seu périplo pelo planeta. Passa pela América Latina,
América do Norte, Europa, Ásia, Oceania e Austrália sufocando as mais diversas
populações com um bafio podre 117 vezes mais concentrado que o odor de um
banheiro de rodoviária. Não há sobreviventes.
KIM JONG-UM – Em 2023, o ditador-mór Kim Jong-Un, decide
fazer um míssil intercontinental atômico diferente: ele é o míssil. Encomendado
aos cientistas do programa nuclear norte-coreano em 2019, o KJU-UM será uma
versão bem mais destrutiva que o Taepodong-2, artefato balístico em três
estágios criado no início dos anos 2000. O KJU-UM possui uma confortável cabine
onde o líder máximo da Coreia do Norte o pilotará até os Estados Unidos. Ela é
toda decorada com minions, personagens da Disney e smurfs. Ao receber o alerta
de ataque nuclear iminente, o sucessor de Donald Trump – um caipira
ultraconservador que governa do interior de uma gruta em Duluth – promove a
retaliação com bombas de nêutrons em forma de donuts. Não há sobreviventes.
Carlos Castelo é um
dos criadores do grupo de humor musical Língua de Trapo. É autor de 10 livros
que vão de crônicas a aforismos, passando por um romance policial e um
infanto-juvenil. Também escreve crônicas e resenhas sobre livros na revista
Bravo! e Ponto (Sesi-SP).
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