Espaço destinado a fazer uma breve retrospectiva sobre a geração mimeográfo e seus poetas mais representativos, além de toques bem-humorados sobre música, quadrinhos, cinema, literatura, poesia e bobagens generalizadas
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sexta-feira, janeiro 28, 2011
Um sábado de muita bossa
Nesse sábado, Simone Ávila & Kokó Rodrigues se apresentam no Fino da Bossa (Rua São Judas Tadeu, 3 – Cidade Nova) para reprisar alguns dos melhores clássicos da MPB. O couvert custará a bagatela de R$ 10. Agende, porque vale a pena.
A gata Simone Ávila, vocês já sabem, é uma das principais intérpretes da cena musical amazonense e vem ganhando destaque a cada ano que passa com seus shows e parcerias com os bambas do instrumental manauara.
Nascida em Campo Grande (MS), a moleca começou a cantar aos oito anos de idade, época em que conquistou seus primeiros prêmios.
Ela se mudou para Manaus em 1999, para cursar a faculdade de Comunicação Social e deu continuidade ao seu trabalho com a música.
Reconhecida como um novo talento, Simone Ávila cantou em bares, fez “jingles” e participou da gravação da trilha sonora musical da minissérie “O Auto do Boi Bumbá”, realizada pela Rede Amazônica de Televisão, em 2002.
Ela também atuou com sucesso na peça teatral “Romeu e Julieta na Amazônia”, considerada uma ópera cabocla, escrita por Liduína Mendes e dirigida por Chico Cardoso.
Se não bastasse isso, Simone Ávila venceu o Festival da Canção de Itacoatiara (Fecani), em 2003, interpretando a canção “Ciranda do Sonho”, de Torrinho e Aníbal Beça.
Meu brother Kokó Rodrigues, que tem uma coleção de uirapurus na garganta, é outra figurinha carimbada das noites manauaras.
Nascido em Santarém (PA), ele se mudou para Manaus no início dos anos 80 e começou a cantar na noite fazendo shows para turistas na pérgula do Hotel Tropical, sendo acompanhado pelo violonista Carlito, que apesar de ser deficiente visual (ou por isso mesmo) é outro fora de série da nossa cena musical.
Empolgados com aquele rapaz boa pinta, cuja musicalidade parecia uma feliz combinação de Chico Buarque, Milton Nascimento e Noel Rosa, um dos diretores da Enasa, empresa de navegação de transporte de cargas e passageiros da rota Manaus-Belém, contratou o músico para animar as noitadas de um catamarã dedicado exclusivamente ao transporte de turistas estrangeiros.
Na primeira noite em que se apresentou a bordo do catamarã, Kokó Rodrigues foi literalmente hipnotizado por uma potranca norte-americana, que não parava de olhar embevecida para o cantor.
Resultado: mesmo sem falar uma única palavra em inglês, Kokó Rodrigues acabou no quarto da gringa e deixou a Natureza seguir seu curso.
Fez barba, cabelo, bigode, cavanhaque e sobrancelha, of course.
No dia seguinte, ele já começava a dominar os rudimentos da língua inglesa por meio de uma frase que a gringa não parou de gritar a noite toda: “Oh, my God! Oh, my God! Oh, my God!”.
Kokó Rodrigues passou seis meses fazendo a rota Manaus-Belém a bordo do catamarã da Enasa e prestando assistência sexual às solitárias turistas estrangeiras.
Só não se transformou em um poliglota porque suas parceiras se limitavam a dizer sempre, invariavelmente, a mesma frase: “Oh, Dios mio!”, “Oh, mon Dieu!”, “Oh, mein Gott!”, “Oh, mijn God!”, “O mój Boże” e assim por diante...
De volta a Manaus, Kokó Rodrigues se apresentou em todos os palcos de bares onde valesse a pena: Opção, Consciente, Galvez, Refúgio, Madrigal, Paulo’s Bar, Porão da Bossa, TapereBar, Amore, Barraka’s Drinks, Messejana, Xorimã, Clube do Samba, Nostalgia, Orvalho da Noite, Casinha Branca e tutti quantti.
Num dos porres que tomamos juntos (e foram vários), eu fiz o sacana cantar 37 vezes seguidas o empolgante “Fado Tropical”, porque o Mário Adolfo havia cismado de aprender a letra.
Porre do jeito que estava, claro, Mário Adolfo não conseguia passar do “Quando me encontro no calor da luta / Ostento a aguda empunhadura à proa, / Mas meu peito se desabotoa”, de forma que até hoje, sempre que localiza eu e Mário Adolfo na platéia do seus shows, Kokó Rodrigues começa a suar frio.
Como o Mário Adolfo está no Rio de Janeiro, a serviço do Tribunal de Justiça, e só retorna pra taba na próxima segunda-feira, eu deverei ir ao show de amanhã em companhia do José Roberto Pinheiro (aka “Mestre Pinheiro”), o que significa que Kokó Rodrigues não vai precisar fingir que está com malária...
Aliás, as fotos que ilustram o post foram feitas por Mestre Pinheiro durante uma apresentação de Kokó na quadra dos Ciganos, durante o Pagode do Cria Samba, do Zé Mário, que rola todo sábado a partir das 20h.
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