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segunda-feira, maio 16, 2011
Aula 79 do Curso Intensivo de Rock: Possessed e Paradise Lost
Formado em 1983, em São Francisco, na Califórnia, pelos adolescentes Mike Torrao (guitarra) e Mike Sus (batera), o Possessed era basicamente uma banda de garagem.
Seu primeiro vocalista, Barry Fisk, cometeu suicídio antes mesmo de a banda gravar uma fita-demo.
Eles então recrutaram o baixista e vocalista Jeff Becerra, que estava encabeçando uma banda de metal “farofa” chamada Blizzard (também envolvidos na banda estavam o futuro guitarrista Brian Montana e o futuro empresário Debbie Abono.).
Jeff e os dois Mikes junto com o segundo guitarrista Brian Montana começaram a aperfeiçoar o seu estilo de tocar metal, que acabou se tornando um dos precursores do moderno death metal: um som muito veloz, riffs selvagens, baterias extremamente rápidas, solos a mil milhas por hora e grunhidos ríspidos dos vocais que foram mais tarde aperfeiçoados por Chuck Schuldiner, do Death. (de fato, os vocais de Chuck em “Scream Bloody Gore” soam quase iguais aos vocais de Jeff Becerra em “Seven Churches”, um álbum que Schuldiner cita como crucial).
Em 1984, eles gravaram uma fita-demo com quatro músicas que chegou aos ouvidos de Brian Slagel, dono do selo Metal Blade Records.
Ele ficou impressionado o suficiente para pedir da banda uma faixa para o álbum “Metal Massacre N.º 6”, que seria lançado naquele ano.
A música “Swing Of The Axe” acabou sendo o destaque da coletânea e depois também foi incluída no álbum “The Best Of Metal Massacre”.
No ano seguinte, desapontado com a guinada da banda para o death metal, Brian Montana abandonou o grupo e foi substituído por Larry Lalonde.
Contratado pela Combat Records, o Possessed se trancou num estúdio para gravar o mais pesado, rápido e maléfico trabalho de metal que jamais tinha sido gravado num vinil – o cultuado álbum “Seven Churches”, que praticamente criou um padrão de sonoridade para o death metal.
Lançado em outubro, o disco estava alguns anos à frente do seu tempo, massacrando os tímpanos dos headbangers com riffs demolidores nas faixas “The Exorcist”, “Twisted Minds”, “Seven Churches” (onde aparece o primeiro crédito de Lalonde como compositor) e explodindo num bate-estaca primoroso nas faixas “Burning In Hell”, “Evil Warrior” e “Death Metal”.
O álbum, produzido pelo mestre Randy Burns, foi gravado no Prairie Sun Studios e se tornou o álbum de maior vendagem da Combat.
Nada mal, se considerarmos que o Possessed era formado por um grupo de adolescentes que ainda não haviam concluído o segundo grau.
Depois de tudo isso, a banda andou fazendo shows nos Estados Unidos e Europa até que, em outubro de 1986, no dia do Halloween, lançou seu segundo álbum, “Beyond The Gates”.
O disco teve uma produção pobre, realizada por Carl Canedy, que roubou das músicas um pouco da sua energia, mas assim mesmo ainda era notável o gênio musical de Torrao e Becerra explicitado em músicas como “The Heretic”, “Beyond The Gates” e “No Will To Live”.
Os dois compositores também tiveram uma mãozinha de Lalonde, que escreveu três faixas do álbum: “Phantasm”, “Seance” e “Tribulation” (uma das preferidas da galera antes do lançamento do álbum).
O disco foi especialmente bem aceito na Europa onde eles fizeram uma grande turnê no final de 1986.
No ano seguinte, depois de uma série de shows nos Estados Unidos, eles gravaram e lançaram o EP “The Eyes Of Horror”, com cinco faixas produzidas por Joe Satriani.
Musicalmente era a coisa mais avançada que o Possessed já tinha feito, mas a marca do satanismo nas letras era quase imperceptível.
A impressão resultante é de que eles estavam se aproximando mais do thrash metal e se afastando do death e black dos seus primeiros álbuns.
Após o lançamento de “The Eyes Of Horror”, Mike Sus, Lalonde e Becerra deixaram a banda, mas Mike Torrao, que assumiu os vocais, continuou lutando para o Possessed não acabar.
Primeiro ele recrutou Duan Connley e Colin Camichael, respectivamente guitarrista e baterista da banda Sanguinary, mas a nova formação não decolou.
Em 1991, depois de experimentar vários músicos, a formação do Possessed finalmente se estabilizou com Bob Yost (baixo), Walter Ryan (batera) e Mark Strausberg (guitarra).
Essa nova line-up gravou uma fita-demo com duas faixas, e logo depois Yost abandonou o grupo, mas o Possessed continuou com um novo baixista – Paul Perry.
Esta nova formação gravou uma versão mais pesada do hit “The Exorcist” e voltou a fazer shows na Bay Area de São Francisco, abrindo para o Machine Head, que nesta época tinha lançado seu primeiro álbum “Burn My Eyes”.
Depois desses shows, realizados em 1993, a banda infelizmente jogou a toalha e encerrou suas atividades.
Diz a lenda que Mike Sus se formou em psicologia e vem trabalhando como conselheiro na recuperação de viciados.
Larry Lalonde se juntou ao Blind Illusion e lançou o álbum “The Sane Asylum”, em 1988.
Mais tarde, se juntou com Les Claypool e formou o Primus.
O baixista e vocalista Jeff Becerra foi assaltado por dois junkies e levou um tiro, ficando paralítico.
Mike Torrao continuou trabalhando com música, desta vez com um projeto chamado Iconoklast.
Formado em Halifax, na Inglaterra, em 1988, o Paradise Lost era um quinteto composto por Nick Holmes (vocalista), Gregor Mackintosh e Aaron Aedy (guitarristas), Stephen Edmonson (baixista) e Matt Archer (baterista), que debutou no underground londrino, no ano seguinte, com duas fitas demo: “Drown In Darkness” e “Frozen Illusion”.
O sucesso das demos despertou a atenção da gravadora Peaceville Records, que, em fevereiro de 1990, lançou o primeiro álbum da banda, “Lost Paradise”.
Apesar da produção minimalista e da música baseada muito genericamente no death metal, o álbum teve uma boa repercussão no underground europeu, vendendo razoavelmente e sendo bastante elogiado em revistas especializadas.
Em março de 1991, o Paradise Lost lançou seu segundo álbum, intitulado “Gothic”.
Pelo uso de passagens orquestradas, guitarras com afinação grave, um tétrico vocal feminino pontuando as músicas e solos verdadeiramente cavernosos, a banda atingiu um som distinto e original, que acabaria sendo chamado de “goth metal” (“metal gótico”).
Em 1992, a banda deixou a Peaceville Records e assinou um contrato de três anos com a Music For Nations.
Com Simon Efemey escalado como novo produtor, entraram em estúdio para gravação do novo álbum, “Shades Of God”, lançado em junho de 1992.
O disco apresentava ótimos riffs de guitarras, intervenções acústicas matadoras e letras num nível jamais alcançado por suas gravações anteriores.
Lançado em junho de 1993, o quarto álbum, “Icon”, novamente com a produção de Simon Efemey, foi saudado como uma obra-prima do metal gótico e cimentou sua posição na cena metal extremo.
Este trabalho também resultou no sepultamento definitivo da formação death metal da banda.
No fim de 1994, o baterista Matt Archer saiu do grupo para a entrada de Lee Morris.
Sua saída foi justificada como perda do interesse pelo novo som da banda.
Apesar da mudança na formação original, o novo baterista não teve grande impacto na gravação do álbum seguinte, “Draconian Times”, pois a maior parte das músicas já havia sido escrita e gravada.
O nível de composições do grupo é que acabou atingindo um novo patamar de qualidade.
O álbum é cheio de melodias negras, ritmos pesados, bateria sólida, letras inspiradas e vocais impecáveis.
Desde a primeira música, “Enchantment”, o Paradise Lost cria um clima etéreo que provoca a imaginação do ouvinte, levando-o a singrar por mares nunca dantes navegados.
Para apoiar o lançamento deste álbum, o grupo embarcou numa turnê mundial, chegando à marca de um milhão de cópias vendidas, um feito nunca atingido antes por qualquer banda de “ghot metal”.
O álbum seguinte, “One Second” (1997), causou certo alvoroço entre os fãs mais radicais pela utilização de bateria eletrônica (com ritmos semelhantes ao techno) e menos guitarradas, mas o Paradise Lost se esmerou para que as belas melodias das novas músicas fossem capaz de atrair e manter os antigos fãs, além de conquistar vários novos adeptos.
Posteriormente, a banda lançou os álbuns “Host” (1999), “Believe In Nothing”, “Fader” e “Mouth” (ambos de 2001), consolidando seu nome no cenário.
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