Espaço destinado a fazer uma breve retrospectiva sobre a geração mimeográfo e seus poetas mais representativos, além de toques bem-humorados sobre música, quadrinhos, cinema, literatura, poesia e bobagens generalizadas
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sexta-feira, maio 13, 2011
Aula 86 do Curso Intensivo de Rock: Os Renegados do Britpop
O quarteto londrino Bush sempre preferiu o grunge ao britpop.
Em 1992, Gavin Rossdale e Nigel Pulsford se conheceram em um pub britânico.
Ambos guitarristas, os dois resolveram montar uma banda e convidaram Dave Parsons (baixista, na época tocando com o grupo glam punk Transvision Vamp) e Robin Goodridge (baterista, ex-The Beautiful South) para fazer parte do grupo.
Em pouco mais de dois anos, o quarteto se transformou de um obscuro nome do cenário alternativo de Londres em uma das maiores sensações “exportadas” pela Inglaterra na década passada.
O Bush bateu recordes e recordes de vendagens, primeiro nos Estados Unidos e depois no resto do planeta.
Isso por conta do som que levavam, que nadava contra a corrente do nhém-nhém-nhém do britpop, que começava a inundar a Inglaterra.
Eles iam beber na mesma fonte em que bandas como Nirvana e Soundgarden se esbaldaram: o punk rock dos anos 70, acrescido de melodias pop, mas pesadas.
Por isso, o grupo sempre foi mais chegado ao grunge americano praticado em Seattle do que em conjuntos como Oasis e The Verve, digamos.
A partir do videoclipe “Everything Zen”, enorme sucesso na MTV, o disco de estréia do quarteto – “Sixteen Stone”, produzido por Clive Langer e Alan Winstanley (ex-Madness) – estourou, levando o single “Glycerine” ao primeiro posto da parada americana.
Com seu segundo álbum, “Razorblade Suitcase” (1996), a banda partiu para um som ainda mais pesado e violento, sob os auspícios do especialista no assunto Steve Albini na produção.
Já em seu terceiro trabalho, “Deconstructed” (1997), o Bush apostou em uma linha mais influenciada para a eletrônica, cooptando gente como Goldie e Tricky para produtores.
E no seu último disco, “The Science Of Things”, repetiu o sucesso dos discos anteriores, com uma sonoridade mais puxada para o básico, cortesia da dupla Langer e Winstanley, novamente convidada para a produção.
Garvin já namorou Courtney Love, Björk e Gwen Stefani, do No Doubt (eleita pela revista People uma das 50 pessoas mais bonitas dos Estados Unidos), ou seja, o vocalista faz a cabeça das garotas, mas a crítica nem sempre foi tão doce para com sua banda.
A revista Rolling Stone carimbou o Bush com o epíteto de “O Bon Jovi do grunge”, o que equivale dizer que é um grupo de rock pesado integrado por meninos posudos.
Nascido no bairro de Kilburn, na região de Abbey Road, Gavin Rossdale é o letrista de quase todas as letras da banda.
Suas preocupações são caleidoscópicas e bem pouco consistentes.
Canta algo sobre a poluição e seus efeitos no “cerebelum” dos pescadores e de suas famílias, fala sobre questões ambientais e governamentais de maneira esparsa e pouco precisa.
Seu registro vocal lembra muito o de Kurt Cobain, mas a sanha de guitar band, o ímpeto que o grupo ganhou no pouco tempo que esteve com Albini, arrefeceu um bocado.
Em alguns momentos, lembram de novo o som dos Pixies.
Gavin Rossdale é um compositor que não sabe se sofre profissionalmente ou se aprende.
Consta que Courtney Love o chamava de “doçura”. Devia ser por outros motivos.
É um inglês típico, Rossdale. Tem um pastor húngaro chamado Winston e consta que, quando estava gravando “Razorblade”, o produtor Steve Albini teve que lhe pedir para cantar com mais garra algumas expressões como “selfish son”, às quais não estaria dando a ênfase adequada.
“Isso é íntimo, Gavin!”, disse-lhe Albini. “Pense na emoção que lhe causa”.
Esse ainda parece ser o problema do cantor, em seu novo trabalho.
Ele sabe que algo o aflige, sabe até escrever a respeito disso, mas não sabe como transmitir isso à legião de fãs que o venera mais pelos belos olhos mortiços.
Talvez um flerte com a espiroqueta P.J. Harvey pudesse colocar esse menino no caminho certo.
Ou no errado, o que seria melhor ainda.
“Melhor banda do mundo da atualidade” foi o título que o grupo galês Manic Street Preachers ganhou há alguns anos da revista inglesa Q, com direito a troféu, pose na capa e apoio rasgado de 3-D, integrante do Massive Attack: “Se não formos nós, que sejam os Manics”.
Tanta fanfarra inspirou a multinacional Sony a lançar finalmente um álbum da banda no Brasil. Demorou.
“This Is My Truth Tell Me Yours” é o quinto disco do Manic Street Preachers e está longe de representar a mesma banda que diziam reviver o punk e o glam rock em 1991 – ou seja, antes de isso virar moda.
A diferença chama-se Richey Edwards.
Em 1991, Richey Edwards chocou um crítico conceituado do semário New Music Express, que ousou duvidar da autenticidade da banda.
Diante do incrédulo crítico, o guitarrista escreveu à faca, no braço, a expressão “4 Real” (“de verdade”), jorrando sangue no chão e na roupa do jornalista.
Em 1992, ele terminou um show da banda, em Londres, na segunda música, para quebrar a guitarradas a câmera fotográfica de um turista japonês.
Punk? Ele foi o último vestígio de Sid Vicious na cultura pop.
Em fevereiro de 1995, pegou seu carro e tomou uma das rodovias inglesas em direção a lugar nenhum.
O carro foi encontrado abandonado na estrada.
De vez em quando, alguém jura que o viu em algum local distante do mundo, trabalhando em bares, lavando pratos, atravessando a rua.
Vêem mais Richey Edwards do que Elvis Presley, hoje em dia.
Richey Edwards virou um dos grandes mistérios do rock. Mas sua banda não sumiu do mapa.
Com o que restou das composições do guitarrista, o trio remanescente gravou “Everything Must Go”, há dois anos. O disco foi considerado uma obra-prima.
Desta vez, não há sobras do guitarrista.
O baixista Nicky Wire assumiu a responsabilidade de escrever as letras, enquanto o vocalista e guitarrista James Dean Bradfield dividiu as melodias com o baterista Sean Moore.
É uma grande mudança.
A diferença entre as duas fases já começa pela capa.
Na foto, o grupo aparece com roupas comuns.
Não usa o rímel ou os trajes de cores berrantes que lhe dava uma aparência de banda de Los Angeles do fim dos anos 80.
Também não posa mais sem camisetas, entre outros motivos, porque seus integrantes estão gordos. Os três membros remanescentes chegaram aos 30 anos.
E dá para notar.
Se, por um lado, não há nada remotamente punk no visual ou músicas de “This Is My Truth Tell Me Yours”, as letras do grupo nunca estiveram tão engajadas.
O álbum é um manifesto nacionalista.
Pouco divulgada diante das escaramuças da Irlanda do Norte e do notório orgulho escocês, a causa do País de Gales encontra no novo Manic Street Preachers uma voz expressiva.
O álbum faz uma série de referências a líderes, poetas, cenários e problemas locais, ao mesmo tempo em que ataca a justiça e a primazia dos ingleses sobre os demais povos do Reino Unido. Ponto positivo da nova fase.
Não é apenas na temática que o grupo amadureceu, embora a palavra mais adequada para descrever “This Is My Truth Tell Me Yours” seja mesmo envelhecimento.
O grupo assume influências de rock progressivo e faz referências a eventos históricos da época de seus pais.
Até para falar de depressão, tema favorito da banda e responsável pelo sumiço de Richey Edwards, Nicky Wire usa uma expressão relacionada a Churchill.
O principal exemplo de como a banda mudou em termos musicais se encontra no novo single, “If You Tolerate This Your Children Will Be Next”.
Apesar de trazer a frase “Se eu posso atirar em coelhos, também posso atirar em fascistas”, que em outro contexto passaria por punk – na verdade, trata da guerra civil espanhola dos anos 30 –, a melodia evoca o estilo hippie-progressivo do grupo Yes.
Como se o vocal agudo de Jon Anderson precisasse de perpetuação.
Há mais rock progressivo na guitarra de James Dean Bradley, que revive David Gilmour, do Pink Floyd, em “Ready For Drowning”.
Até uma cítara aparece em “Tsunami” que, de resto, parece Queen.
E se “I’m Not Working” não for uma gravação inédita do Genesis, o mundo está perdido.
Como perdida está a geração de críticos que precedeu a atual, que odiava as referências agora elogiadas.
Do punk para o progressivo, eis a linha evolutiva às avessas da música britânica, em versão revivalista dos anos 90.
Os Manics não estão sozinhos nessa tendência.
Dá para citar o cultuado Radiohead, o moderninho Unkle, o ácido Mogwai e parte da cena drum’n’bass como expoentes do novo progressivo.
Ame-o ou deixe-o, ele está de volta. Apenas sem os solos intermináveis de bateria e guitarra.
No entanto, quando James Dean Bradfield se aproxima de melodias do pop atual, em baladas com arranjos de violoncelos e influência tanto de Burt Bacharach quanto de Kurt Cobain, a assombração progressiva cede lugar à lembrança do que costumava ser o Manic Street Preachers, ainda que desplugado.
Mas são poucas as faixas: “My Little Empire”, “S.Y.M.M.” e “Born A Girl”.
Nesta última, Nicky Wire remete a “Lola”, dos Kinks, mudando a perspectiva do narrador para o protagonista da canção – “Preferia ter nascido uma menina em vez dessa confusão de homem”, diz a letra.
Melhor banda do mundo da atualidade?
O rótulo diz mais sobre o estado combalido do rock britânico, agora que o ciclo marquetado do britpop chegou ao fim, do que sobre a qualidade da banda.
Em seu nacionalismo pop, Manic Street Preachers até garante bom passatempo. Mas Richey Edwards ainda faz muita falta.
O diabo é que a cada seis meses, a Inglaterra elege uma banda nova para adular.
Culpa de Simon Williams, veterano jornalista do semanário inglês New Music Express, que tem como passatempo inventar rótulos musicais.
Ele já inventou mais tendências do que todo o esforço concentrado da mídia americana, que só conseguiu, na década passada, lançar os rótulos “grunge” e “hardcore” para consumo mundial.
A última de Williams foi a “New Grave”, referência aos movimentos New Rave / New Wave, mas com a palavra que significa “túmulo”.
Placebo, Mansun, Marion, Monaco e até Radiohead foram embalados nesse rótulo que, como os projetos anteriores de Williams (Nu-Metal, Neo Folk, New Wave Of New Wave, Romo – uma atualização dos New Romantics, na metade dos anos 90 –, New Glam e outros), acabou não pegando.
Mas Placebo pegou.
Alheia ao interesse mundial pelo techno, a mídia inglesa garante que a próxima grande onda é o rock cheio de ruídos, androginia e referências à cena glam dos anos 70, que tinha David Bowie, T-Rex, Roxy Music (com Brian Eno) e Gary Glitter como principais expoentes. Enfim, déjà vu.
Placebo remete diretamente a 1979, quando Bowie balbuciou os últimos versos da ressaca glam, inspirando o rock gótico e deixando o glamour do rótulo com gosto de batom borrado nos lábios de seus principais cantores.
O álbum homônimo de estréia só foi repercutir após um ano, depois que Brian Molko, o vocalista de maquiagem, colar de pérolas e roupas femininas, transformou em sucesso uma música de temática homossexual e virou o novo darling de uma cena que sempre acolheu bem a ambigüidade sexual – veja-se Mick Jagger ainda nos anos 60.
Ele diz que é mais sexy que Jesus Cristo. Até as meninas inglesas o consideram sex symbol.
Ao rasgar-se em elogios, o bem-casado David Bowie, que em 1972 confessou ser gay ao semanário Melody Maker, já adiantou que tem a preferência, acompanhado, em coro, pelos integrantes do grupo Suede.
Esses juram ter inspirado Placebo.
O hype salvou a carreira da banda, porque o CD “Placebo” é difícil de definir e musicalmente chato.
Depois de um par de músicas de trabalho equivocadas, sua gravadora resolveu apostar na polêmica “Nancy Boy” (uma gíria para sacanear boiolas, algo como “florzinha”).
A música é um barulho fantástico.
Começa com estática de guitarras e sofre a sedução de Molko, com vocal de beco escuro, sugerindo uma série de relações sexuais bizarras.
“Nancy Boy” celebra as alegrias da vida de um travesti cocainômano.
Desde “Walk In The Wild Side”, de Lou Reed, a barra pesada não tinha hino tão assumido.
Nem o ex-vocalista dos Smiths, Morrissey, chegou a tanto. Foi um sucesso.
Molko lucrou com a fama de pervertido. Placebo pegou carona.
As letras agressivas não escondem o fato de a banda ser limitada.
Lembra Bauhaus, Joy Division e a fase punk de Siouxsie and the Banshees, que, por coincidência, gravou uma música chamada “Placebo Effect”, em 1979.
O álbum “Join Hands”, de onde saiu a música, nunca é colocado em destaque na carreira de Siouxsie.
Ruídos, falta de refrões pegajosos, ritmos estranhos e experimentalismo sombrio marcam aquela fase.
É exatamente como soa “Placebo”, um disco bastardo do punk de olhos e lábios pintados, influenciado pelo glam rock.
A banda pode acreditar que é britânica. Mas Molko nasceu nos EUA, foi criado em Luxemburgo e essa confusão faz parte de sua identidade.
O baixista é inglês e o baterista nasceu na Suécia. Nasceram, estão passando um tempo na Inglaterra e vão morrer.
É esta a tônica do álbum, especialmente no primeiro single, “Bruise Pristine”. Coisas de zeitgeist, o tal espírito dos tempos.
Algumas gerações nasceram para farrear, outras, para sentir-se sem esperanças.
A última pessoa a manter uma carreira afirmando ser miserável, no pop inglês, foi Robert Smith, dono do grupo The Cure. Ele, agora, é milionário e coleciona Mercedes.
Placebo tornou-se, por ironia, o que a mídia britânica apostou que o Manic Street Preachers viraria: porta-voz de um revival glam após o britpop.
Glam, claro, era o estilo musical da década de 70, associado à bissexualidade, roupas escandalosas, heroína, cabelos coloridos, olhos com sombras pintadas e guitarras de rock pesado – nostalgia de David Bowie, Lou Reed, Iggy Pop e Marc Bolan.
Há alguns anos, a cena setentista virou o filme “Velvet Goldmine”, que teve participação de Brian Molko.
Agora, Placebo fez um novo álbum, “Without You I’m Nothing”, em que tenta provar ser mais consistente que o hype. A banda realmente parece uma armação.
Tem formação globalizada – um americano, um sueco e um inglês – e pansexual, com um homo, um bi e um heterossexual.
Mas embora tenha conseguido impacto na imprensa britânica, só vendeu 2 mil cópias em sua estréia nos Estados Unidos.
Desde esse vexame, no entanto, Marilyn Manson juntou bissexualismo, visual de drag queen e ateísmo num grande pacote que a América comprou com gosto.
As chances do Placebo, portanto, melhoraram.
A atitude da estréia permanece inalterada.
O corte chanel do cabelo de Brian Molko até se desenvolveu numa cabeleira longa feminina.
Mas o novo álbum não soa setentão.
Sua abordagem pervertida do glam lembra mais a época em que os punks resolveram misturar lápis de olhos e roupa negra.
Remete à ressaca do movimento, tão bem representada pelo filme “Christiane F., drogada e violentada” – participação de David Bowie –, uma descida ao mundo das drogas e prostituição pré-adolescente. Deprê, deprê.
O glam sombrio do Placebo aproxima-se do rock gótico, mas não faz uso das cruzes invertidas de Marilyn Manson e outros revivalistas de sucesso.
Em vez disso, alude ao punk mal tocado da primeira fase de Siouxsie and the Banshees, à depressão maquiada do grupo The Cure, à confusão sexual dos Smiths, à doença do Duritti Column e à tragédia do Joy Division.
Todos tristes de morrer – pelo menos dois integrantes dos grupos citados morreram de verdade.
A preferência por guitarras estridentes e microfonadas também alia Placebo à escola barulhenta de Velvet Underground, Sonic Youth, Nirvana e da primeira fase do Hole. São influências queridinhas da crítica.
A única dissidência nessa lista de unanimidades é justamente a voz aguda de Brian Molko. O cantor poderia substituir Geddy Lee no grupo Rush sem problemas.
Mais de um crítico americano resumiu a banda como uma versão de Sonic Youth liderado por Geddy Lee.
O que alimenta essa simplificação é o começo do novo CD.
Ele é aberto com a barulhenta “Pure Morning”, que tem como mérito apenas a batida, que é “puro” John Bonham (Led Zeppelin).
Com letra risível, a música foi composta originalmente após o álbum, para servir como lado B do primeiro single.
Por interferência de um executivo da gravadora, que adorou a faixa, ela virou o próprio primeiro single. E abre o disco de forma perigosa.
Segue-se “Brick Shithouse”, cópia descarada de “36 Degrees” do álbum de estréia.
Mas antes que o ouvinte considere ter jogado dinheiro fora na compra do CD, surgem as faixas sem distorção, microfonia ou desafinação.
Músicas delicadas como não se ouvia desde os tempos em que Johnny Marr e Morrissey se olhavam nos olhos, desde os dias em que os Smiths conviviam com Felt, New Order e Durutti Column como referências do melhor “rock europeu” – época em que “Rock Europeu” era título de uma canção do grupo paulistano Fellini.
A faixa “Ask For Answers” vale o álbum. É o tipo de música que o cantor do grupo Suede, outro que teve fase por demais hypada, daria suas partes privadas para ter composto.
Passado o susto com o vocal de Geddy Lee, a estranheza do Placebo começa a fazer sentido.
“Without You I’m Nothing” pode não ser comercial como um CD do Oasis, mas mostra claramente que a nostalgia dos anos 60, estabelecida pelo britpop, não vai renovar-se tão cedo.
Saem os (já nem tão) garotos que amavam os Beatles e os Rolling Stones para dar lugar a moleques com saudades de Smiths, Sonic Youth e Siouxsie Sioux.
Ao menos, esta é uma das várias linhas revivalistas que se têm destacado entre os estilhaços deixados pela implosão do rock feito no Reino Unido.
E é por isso que os fãs de música eletrônica enchem a boca para dizer que não há nada de novo sendo feito no rock britânico desse início de milênio.
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