Espaço destinado a fazer uma breve retrospectiva sobre a geração mimeográfo e seus poetas mais representativos, além de toques bem-humorados sobre música, quadrinhos, cinema, literatura, poesia e bobagens generalizadas
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quinta-feira, maio 26, 2011
A arte milenar da paquera
Entre os esportes favoritos de um verdadeiro macho está aquilo que os vulgos chamam correr atrás de um rabo-de-saia ou, simplesmente, correr atrás de um rabo: a paquera.
É verdade que, atualmente, em razão da falta de machos no mercado, a paquera não é mais uma exclusividade masculina: tem muito sapatão abrindo uma concorrência desleal.
Mas devemos nos ater às raízes do esporte, aos primórdios, ao início da paquera tradicional, aquela do tempo em que quem comia era o homem.
O homem não é um animal desgarrado da cadeia natural biológica.
É muito raro em biologia ver, em outras espécies animais, fêmeas terem vários machos.
É freqüente, contudo, que os machos tenham várias fêmeas.
A produção do gameta na mulher é mensal, ou seja, a fêmea ovula apenas uma vez por mês.
O homem produz espermatozóides o tempo todo.
A mulher pára de ovular quando entra na menopausa.
O homem só pára de produzir esperma se lhe amputarem o saco.
É como se a natureza tivesse preparado dois tipos de indivíduos, um deles com uma metralhadora giratória pronta para entrar em ação a qualquer momento.
Isso sugere uma certa promiscuidade sexual inata, quer dizer, o macho está sempre apto a reproduzir, bastando pra isso ter uma xereca dando sopa.
E o que não falta é xereca dando sopa.
Outro aspecto importante é que o macho aceita com muita facilidade uma relação em que só haja atração física, desejo sexual e muito prazer, obrigado, enquanto a mulher tem mais dificuldade em aceitar esse tipo de relação.
Para a mulher trair o seu parceiro, ela precisa de um motivo.
O macho precisa apenas de um local.
A mulher trabalha no plano do romance, o macho trabalha no plano do sexo.
A preocupação da mulher é se dar inteira para um príncipe encantado, a preocupação do macho é não gozar muito depressa.
A mulher quer segurança, compreensão e carinho, o macho quer apenas que depois ela vire a bundinha.
Algumas vezes, a mulher não atinge o orgasmo.
O verdadeiro macho sempre goza.
A única força que move o ser humano é a sua fantasia de conquistar a mulher impossível (ou a vizinha impossível, a bicha impossível, o sapatão impossível, o doberman impossível, o estivador impossível, etc., cada um com suas preferências e fixações sexuais).
E a mulher impossível, para um verdadeiro macho, vai ser sempre aquela que ele ainda não comeu.
É por isso que as mulheres se dividem em duas categorias básicas: uma minoria que você já comeu e uma maioria que você ainda vai comer.
Por uma questão de metodologia, nós nem vamos ficar perdendo tempo com a questão das minorias, que isso é danado pra dar galho.
A cantada é a chave da sedução e sua eficácia depende, acima de tudo, de um agudo senso de oportunidade.
Seu arsenal de approach deve ser o mais variado possível.
Não existe mulher difícil, isto é frescura: o que existe é mulher mal cantada.
Os gênios criativos da arte da paquera e da ciência da sedução trabalham com obsessão.
Não perambulam sob macieiras esperando que a fruta caia no chão ou que um raio os fulmine.
“Quando a xana não vem até mim, ando meio caminho ao seu encontro”, disse Don Juan de Tenorio.
O italiano Giovanni Jacopo Casanova comia uma mulher casada por dia, mesmo quando estava doente ou esgotado.
Você pode (e deve) fazer o mesmo.
Basta ter decorado na ponta da língua uma meia dúzia de frases feitas e não ter vergonha de usá-las.
Você vai pegar muitos “foras”, acredite, mas também vai comer muitas xerecas.
Sem contar os lortos.
Dados os esclarecimentos iniciais, mãos à obra que cachorro molenga só come com os olhos.
Em salões de automóveis
Mesmo que seu meio de locomoção preferencial seja o busão, não perca a chance de visitar esses locais cheios de máquinas superpoderosas dispostas a fazer um test drive gratuito.
Dê preferência para os stands de carros brasileiros.
Afinal de contas, as demonstradoras tupiniquins só estão ali fazendo um bico para ajudar no pagamento da faculdade particular.
Não custa nada prestigiar o produto nacional.
Já as demonstradoras dos stands de carros importados trazem o cifrão do dólar impresso na menina dos olhos e só dão atenção para velhos carecas.
Fuja delas.
O negócio é se fingir de expert em conversas automotivas (peça dicas de seu mecânico ou de um lanterneiro, se for o caso).
Você pode se aproximar de um stand e, sem tirar os olhos do burrão da demonstradora, abrir o coração:
“Uau! Esse é o novo EcoSport da Ford?! É verdade que ele é mais resistente, suporta maior peso, tem lubrificação permanente, a carroceria é mais lisa e cheia de curvas, o interior é mais confortável e macio, tem duplo air bag, o escapamento é mais silencioso, não vaza óleo, tem tração na frente e atrás, não faz barulho se a marcha entra raspando e aceita engate na traseira?”
Se a demonstradora rir meio encabulada, você fez uma cesta de três pontos.
Se ela ficar séria que só cachorro andando de canoa, se dirija ao stand seguinte.
Em bares e restaurantes
A abordagem tradicional é feita por meio de torpedos bem-humorados.
Em um guardanapo de papel, você escreve seu nome, telefone e algum poema erótico como “Eu olhei pra você e lembrei que o meu Kojak está precisando de uma peruca nova. Seria muito eu pedir pra apresentar ele à sua xoxota?” ou “Sou médico e você me parece sofrer de incontinência urinária. Você não quer que eu tranque sua urina num sofá que tenho lá em casa?”.
Peça pro garçom entregar o bilhete e fique atento para avaliar o resultado.
Se ela sorrir, está na caçapa.
Se ficar puta, você pergunta o preço.
Em barzinhos da moda
Como o próprio nome dar a entender, tratam-se de estabelecimentos destinado à biritagem infanto-juvenil, com a maior quantidade de louras por metro quadrado do universo.
É o local preferido pela galera do NCN (Ninguém Come Ninguém).
Nesses locais, não raro, podemos ver um mauricinho encarando um chope com pizza de chocolate acompanhado de uma lourinha tomando Red Bull com água tônica.
A música quase sempre é na base de fichas e se você não sabe que merda é Rouge, KLB, Los Hermanos e Sandy & Junior, é melhor nem passar por perto.
O chato de cantar mulheres louras – inclusive as que usam óculos – é que nelas a ficha demora a cair.
Por exemplo, você executa seu melhor sorriso de cafajeste e diz “Ôi, gata... Qual é seu telefone?”
Ela imediatamente vai dizer: “Nokia. E o seu?”
Com aquele jeito de cachorro que quer um osso, você comenta: “Que curvas, hein!”
Ela vai sorrir e arrematar: “Nem me fale... Eu bati o carro sete vezes pra chegar até aqui”
Como quem não quer nada, você diz: “Eu não tiro o olho de você!”
Ela vai retrucar: “Ainda bem, né? Senão eu fico cega!”
Quando uma das amigas dela atravessar sua alça de mira, você faz uso de seu hipnotizante olhar 43 e manda ver: “Nossa! Eu não sabia que boneca andava!”
A lourinha amiga da lourinha vai parar, te olhar com cara de idiota e dizer: “Sério? Nossa, cara, você está mesmo por fora, hein?... Já tem até Barbie que anda de bicicleta!”
Também não adianta bancar o romântico e dizer “Meu coração disparou quando eu te vi!” porque a lourinha pode gritar “Socorro! Alguém ajude! O moço aqui está tendo um ataque cardíaco!”
Nem bancar o descolado e propor “Quer beber alguma coisa?” porque ela vai cair matando: “Ai, garçom, que bom que você apareceu!”
Se, apesar de tudo, você conseguir rebocar uma loura pro abatedouro, parabéns!
Na cama, onde inteligência não conta, elas são um fodão!
Nos restaurantes por quilo
O restaurante por quilo é o paraíso perdido das bancárias, comerciárias e funcionárias públicas famintas, que não podem perder muito tempo no horário do almoço.
Em linhas gerais, o restaurante oferece uma grande variedade de pratos quentes, acompanhados de grelhados, além de saladas, molhos e outros acompanhamentos à sua escolha, e tudo isso a um preço acessível.
Mas não é uma experiência sensorial das mais agradáveis.
Se você não tiver ânsias de vômito ao ver alguém colocar no mesmo prato lasanha com pastel de queijo, picanha mal passada, risoto com gorgonzola e nozes, empadão de bacalhau, feijoada completa, pirarucu desfiado e filé ao molho de shitake, se prepare para a guerra.
O negócio é entrar na fila, se encaixar na primeira bundinha disponível e distribuir seu repertório de frases espirituosas: “Nossa, mas não tem nada de bom pra comer hoje... A não ser que você esteja no cardápio, broto!”, “E aí, gata, você gosta de verdura no cozido?”, “Não gostou dos pratos? Vamos lá em casa que eu te dou uma comida legal!”, “Tá vendo essa lingüiça? Pois a minha dá duas dessas!”, “Comida horrível, né? Quer tal ir lá em casa pra ver se eu cozinho melhor?...”.
Se a dona da bundinha não jogar o prato de salada russa na sua cara, você ganhou o dia.
Em sorveterias e lanchonetes
A não ser que você goste de patricinhas (adolescentes ainda cheirando a leite materno, mas com toda pinta de que já estão fodendo), evite sorveterias e lanchonetes.
O principal problema para uma abordagem nesse local é que, se você tiver passado a noite anterior enchendo a moringa, um sorvete de taperebá não desce nem com porrada.
Pior: nesses locais não vendem birita nem pra dar pro santo.
Se ainda assim você quiser tentar, vá em frente.
Mas nada de chegar falando “Pega no meu canudo e me chama de Toddinho!”, que as meninas podem sair correndo.
Vá com calma.
É melhor tentar algo assim: “Gatinha, em vez de príncipe encantado é melhor você ficar com o lobo mau: ele te enxerga melhor, te ouve melhor e depois ainda te come”.
Ou então: “Vou te roubar pra mim, gatinha, porque roubar pra comer não é pecado”.
De qualquer forma, se você conseguiu vencer a náusea e a guria já está no papo (basta pagar um sundae de baunilha e prometer um tênis L. A. Gear cor-de-rosa ou um jeans da Cicatriz), lembre-se de perguntar o peso da moça.
Afinal de contas, um machão experiente como você não vai querer se meter em encrencas por ter feito mal a uma patricinha de menor, não é mesmo?
Patricinha de menor é qualquer uma que pese menos de trinta quilos.
Em boates e discotecas
Parta do princípio de que mulher que freqüenta estes ambientes está querendo foder.
Quem conseguiria se divertir com um som de 130 decibéis no ouvido, canhões de laser que só faltam cegar, possibilidade real de intoxicação por fumaça de gelo seco, salada musical que vai de Elymar Santos ao Pet Shop Boys, chope morno feito de espuma, servido em copos descartáveis escrotérrimos e custando uma grana preta?
Ninguém.
Logo, se aquele povo todo está ali é porque está a fim de se foder.
O lance é partir pro discurso direto, a cantada explícita, a convocação sem subterfúgios.
“Bonito vestido. Posso falar contigo fora dele?”, “Me fode se eu estiver errado, mas você não quer me dar um beijo?”, “Posso fazer cosquinhas na sua barriguinha pelo lado de dentro?”, “Dizem que o amor é uma coisa maravilhosa. Vamos fazer um pouco e descobrir?...”.
Não esqueça que uma eventual recusa pode se dever ao fato de a moça estar naqueles dias.
Neste caso você pode explicar que, quando estão pintando a porta da casa, a gente entra por trás, ou que não tem problema nenhum: sempre que você frequenta rodízios de churrascaria prefere mesmo as carnes malpassadas.
Em praias e piscinas
A grande vantagem de abordar mulheres nesses locais é que, de uma maneira ou de outra, elas já estão molhadinhas.
Ponha um arco-íris na sua moringa e fique lelé da cuca num dia de sol: a tática é primária.
Aproxime-se da lebre como quem não quer nada, naturalmente, querendo tudo.
Coloque um cigarro apagado no canto da boca, peça o bronzeador dela emprestado, lambuze bem as mãos, faça aquela sua cara de safado sim, mas com todo respeito, e então peça, delicadamente, pra ela pegar seu isqueiro no bolso da sunga e acender seu cigarro.
É claro que ela vai meter a mão no seu bolso, é evidente que o seu bolso não tem fundo e é óbvio que ela vai acabar pegando mesmo é no cheio-de-varizes.
Se ela der um gritinho de espanto e começar a rir, está na caçapa.
Se tiver uma crise nervosa e começar a chorar, também.
Em festinhas de embalo
Certifique-se, primeiro, de que a mulher a ser abordada não tem nenhum parentesco com o dono da casa.
Peça para ser apresentado por algum conhecido.
Com os dedos rolando as pedrinhas do uísque no copo, procure arrebentar a boca do balão logo de cara, engatando uma frase dúbia, que permita mil leituras enviesadas.
Que tal: “Ó, dama por quem me aflijo, lhe suplico que consintais que introduza o por onde mijo naquilo por onde vós mijais”.
Se ela ficar horrorizada com a cafajestice, capriche no sorriso de canto de boca, coce acintosamente os colhões, coloque as sobrancelhas na posição é agora ou nunca e vá logo atalhando: “Não me leve a mal, mas você não gostaria que eu pintasse de branco a parede do seu útero?”, “Você tem colher? Porque eu estou dando a maior sopa!”, “Está vendo aquele cara ali? Pois é, ele está perguntando se você não quer trepar comigo...”, “Sexo selvagem mata. Então, que tal a gente morrer feliz?...”.
Se ela ficar ligeiramente lívida e lhe der um tapa na cara, está no papo: quem desdenha, quer comprar.
Se ela lhe der um bico no meio da canela e sair resmungando, não se avexe.
Pode ser que ela esteja apenas querendo amolecer seu pau, insinuando que ainda é cedo, a festa mal está começando.
Em lan houses e cybercafés
As lan houses são estabelecimentos comerciais onde os usuários pagam para usar computadores conectados à Internet para jogos on-line.
Já o cybercafé é um local que funciona também como bar ou lanchonete e oferece aos seus clientes acesso à Internet, mediante o pagamento de uma taxa, usualmente cobrada por hora.
Nos dois casos, você vai entrar numa seara formada majoritariamente por nerds e geeks, quase todos usando potentes headphones nos ouvidos.
Há ainda a tribo dos cosplayers, pessoas fanáticas por animes e videogames que se vestem como os personagens que cultuam e se reúnem para realizar concursos temáticos.
Existem teorias que dizem que nerd e geek são a mesma coisa, a única diferença é que os geeks conseguem namoradas.
Prefiro um exemplo mais ilustrativo: digamos que o Bill Gates seja um nerd.
Nesse caso, o Steve Jobs seria um bom exemplo de geek. Entendeu?
Bom, mas isso não vem ao caso.
O caso é que suas chances de pegar uma fêmea nesse ambiente inóspito são próximas de zero.
A não ser que você também seja um nerd. Ou um geek.
Mas vamos supor que você avistou uma cosplayer da Kaname Chidori, do anime Full Metal Panic.
Com jeito de quem não quer nada, você se aproxima e bate de trivela: “Posso colocar meu pen-drive na sua porta USB? Pode ser na frontal ou na traseira, tanto faz...”.
Se o sargento Sousure Sagara, que sempre protege a garota, não te cobrir de porrada, você passou de fase e vai comer a Chidori.
Se não, não.
Em cinemas e teatros
Você deve fazer a abordagem sentando sempre atrás da futura vítima.
Incline o corpo pra frente e, com a cabeça quase colada no ouvido dela, comece a comentar a cena que estão assistindo.
Evite sempre usar um palavreado florido que, além de ser completamente out, ainda parece coisa de viado.
Os tempos atuais impõem agilidade verbal.
Você pode comentar que o filme (ou a peça, o ator, a platéia, a iluminação, o ar-condicionado, etc) é a pior merda que você já viu nos últimos dez anos e ir direto ao assunto: se ela topa foder.
Se ela se virar para saber de onde partiu o convite, não tem jeito, já está no papo.
Se ao virar ela aproveitar para lhe dar um tabefe, melhor ainda. As mulheres violentas são sempre um fodão.
Se ela permanecer impassível por alguns minutos que vão parecer horas e se levantar, silenciosamente, trocando de lugar, isso é uma senha para você ir atrás e sentar ao lado dela com o pau pra fora.
Mas dê um tempo.
Banque o durão.
Galo velho não corre atrás de galinha.
Em praças públicas
A abordagem preferencial é perto de igrejas que possuem alta concentração de pombos.
É um romantismo mixuruca, mas que sempre funciona.
Você se aproxima da vagabunda em questão e, sem que ela perceba, joga bastante milho ou pipoca próximo dos seus pés.
Quando aquela revoada de pombos se aproximar pra disputar os grãos, com certeza a paquerada vai se sentir a própria Sophia Loren cruzando a milanesa praça do Duomo e falar alguma abobrinha espirituosa, tipo “Puta que pariu, mas eu nunca vi um espetáculo alado tão fascinante!”.
Você aproveita a deixa e entra de sola: “É porque você ainda não prestou atenção que eu estou guardando essa pomba aqui só pra você. Deixa eu colocar um pouco a bichinha na sua gaiola?”.
É batatolina.
Em festivais de música
É a praia ideal pra se pegar mulheres casadas.
Normalmente os maridos ficam em casa assistindo futebol pela TV, se embriagando com os vizinhos ou ouvindo reggae no último volume.
E, com a desculpa de fazer backing vocal na música de um amigo, as vadias vão sozinhas, pra provar que o maridão tem confiança, é muito legal, tem uma supercabeça-feita, não liga pra ciúmes, os dois têm um relacionamento adulto, pra frente, superfranco mesmo.
Pois é aí que a porca torce o rabo. A porca não, a vaca.
A abordagem característica é a do tipo maior carente: “Você tem alguma coisa em casa pra me dar, alguma coisa que o seu marido não esteja mais usando?”.
Quase sempre pinta uma bucetinha.
E se for seu dia de sorte, até um brioco.
No calçadão
É a abordagem mais manjada e tradicional.
Em pé, com aquela cara cafajeste de bandoleiro mexicano de filmes classe B, tomando uma vodka ice no gargalo e coçando os colhões, você fica vendo as meninas passarem, dizendo gracejos sobre os atributos físicos delas e fazendo mesuras chaplinianas.
Falas típicas: “Moça, se a senhora já perdeu a virgindade, posso ficar com a caixinha que veio com ela?”, “Seu pai é pirata? Porque você é um tesouro!”, “Seu pai é dono de padaria? Porque você é um sonho!”, “Estava olhando a sua etiqueta. Como eu imaginava, você foi feita no Céu...”, “Bonito sapato. Quer trepar comigo?”, “Essa sua roupa ficaria ótima toda amassada no chão do meu quarto”, “A palavra do dia é pernas. Que tal a gente ir pra minha casa e espalhar a palavra?”, “Eu morro de saudades do meu ursinho de pelúcia. Quer dormir comigo?”, “Bond. James Bond.”, “Você é a nora que minha mãe pediu a Deus”, “Com uma padaria dessas eu só vivia molhando o biscoito”, “Se isso cru já é bom, imagine o cozido”, “Com um quintal desses eu nem pensava em reforma agrária”, “Esse teu orgulho besta é como picolé e vai acabar num pau”, “Pra você eu dou casa, comida, roupa lavada e dois dias na semana pra me fazer de corno”, “Que tal a gente ir pra minha casa e fazer as coisas que eu já falei pra todo mundo que a gente faz”, “Mulher, cachaça e bolacha em todo canto se acha” e assim por diante.
É uma tática meio suicida porque muitas vagabundas emprenham pelo ouvido e acabam denunciando o sujeito na Delegacia da Mulher.
E no Brasil, como se sabe, o aborto ainda não está legalizado.
No shopping center
O único gênero de abordagem coletiva.
Por que diabos mulher só vive desfilando em praça de alimentação de shopping center metida em bandos de cinco ou seis, ninguém até hoje conseguiu descobrir.
Deve ser algo relacionado ao instinto tribal.
O negócio é fazer como os bucaneiros ingleses encarando um galeão espanhol cheio da prata de Potosi: cada um escolhe a sua vítima, vai direto na jugular e seja o que Deus quiser.
O que de pior pode ocorrer é você ter de pagar todos os ingressos do cinema ou duas rodadas de pizzas e acabar engatado com a mais feinha.
Mas repare bem: ela não tem uma cinturinha de tanajura semelhante à da Rita Cadillac?
E umas pernas sinuosas como as da Rose di Primo?
E aquela bundinha arrebitada não lembra bastante a da Matilde Mastrangi?
Na verdade, essa é a chamada lei universal de compensação da natureza ou, ainda, o Paradoxo das Raimundas (feias de cara, boas de bunda).
Agora, quer saber de uma coisa?
Quem fode cara é murro, bicho, e a cavalo dado não se olha os dentes.
Em academias de aeróbica
Apesar de ser o lugar com maior concentração de aviões por metro quadrado, o ideal é ficar azarando próximo da lanchonete de produtos naturais, ali na entrada, mas sem dar muita bandeira de que é um possível freqüentador da academia.
Porque, cá pra nós, vestir aquelas sungas coloridas que entram no rego e ficar se requebrando ao som do Depeche Mode, só mesmo se o cara for frango.
O negócio é olhar com cara de tarado praqueles corpões, peitões e bundões que estão desfilando na sua frente e despejar seu arsenal de frases feitas: “Hoje é seu aniversário? Não? Puxa, porque você está de parabéns!”, “Você está esperando ônibus? Não? Puxa, porque você está no ponto!”, “Seu nome é mentira? Não? Puxa, porque você é muito linda pra ser verdade!”, “Que lugar bonito, eu queria tirar uma foto. Você bate uma pra mim?”, “Você já fez aula de canto? Não? Então vamos ali no canto que eu te dou uma aula”, “Aposto 10 reais como eu tiro suas roupas em menos de 30 segundos”, “Gata, você com todas essas curvas e eu aqui sem freio nenhum”, “Você sabe fazer vitamina? Então bate uma pra mim com mamão!”.
Se em cada 500 cantadas, você conquistar uma mina, já está no lucro.
Não é todo dia que se come uma gatinha de academia.
Em manifestações de protesto
Você está participando de uma manifestação de protesto contra qualquer merda: aumento do custo de vida, falta de vagas nas escolas públicas, aumento da violência, denúncias de corrupção no governo, essas coisas.
Lembre-se de que as mulheres mais gostosas vão na frente segurando as faixas e azucrinando a libido das forças de repressão.
Você já escolheu a cara-pintada que vai traçar.
Claro, pode ser aquela que está segurando o megafone com pinta de Jane Fonda.
Ou aquela outra ali, que está distribuindo panfletos com jeito de Carole King.
Aliás, pode ser qualquer uma.
Mulher que suja a cara de tinta e depois vai pras ruas puxar palavras de ordem, discutir questões de encaminhamento e participar de passeatas, é porque está querendo foder alguém.
Mas preste atenção: o segredo está em posar de intelectual progressista da Nova Esquerda, seja lá que diabo isso ainda signifique nos dias de hoje.
Por exemplo, se a manifestação for contra algum decreto-lei elaborado pelo senador Espiridão Amin, você pode começar com um “E pensar que é dos carecas que elas gostam mais”.
Se ela fingir que entendeu e rir é porque está na caçapa.
Se não, não.
Em cursinhos e faculdades
Como o ensino brasileiro chegou no fundo do poço, neguim não vai ficar perdendo tempo estudando feito um filho da puta numa boa faculdade pra depois ir engrossar a fila dos desempregados ou ser caixa de banco, né mesmo?
É muito melhor aproveitar a situação e tirar uma casquinha, que ninguém é de ferro.
Se você for o professor, a tática é reprovar o maior número possível de alunas e deixá-las em recuperação.
Fica claro que, em face das circunstâncias, a maioria vai querer dar pra passar.
Ou melhor, só passa quem dá.
No caso de você ser aluno, convide para estudar na sua casa as alunas que vão ficar em recuperação.
Já que elas vão mesmo se foder, não custa nada tentar comer antes.
Em estádios de futebol
Nem pelo caralho!
Macho quando vai pra estádio de futebol ou é só pra fugir das aporrinhações da rádio-patroa ou é só pra ficar biritando com os amigos de costas pro campo, jogando sacos de urina no pessoal da geral, reclamando da lerdeza do garçom e contando piadinhas de sacanagem.
De vez em quando ele pergunta se falta muito pra terminar aquela porra, porque quer sair dez minutos antes do apito final e se livrar, simultaneamente, do puta engarrafamento e do assédio dos flanelinhas.
Macho que se preza não vai perder seu tempo azarando meia dúzia de vagabundas bêbadas com a camisa doze de algum clube de merda, dezenas de mocréias ordinárias sacudindo bandeiras mais escrotas ainda, centenas de jabiracas pulando carnaval na geral com uns sujeitos de péssimos antecedentes e milhares de bruacas estúpidas que ficam perguntando, de cinco em cinco minutos, de que lado é que joga aquele sujeito de preto.
Brincadeira tem hora.
Nos bailes de forró
O nome forró deriva de forrobodó, “baile ordinário, sem etiqueta”, também conhecido por arrasta-pé, bate-chinela ou fobó, que sempre foi movido por vários tipos de música nordestina (baião, coco, rojão, quadrilha, xaxado, xote) e animado pela famosa “pé de bode”, a popular sanfona de oito baixos.
No início, esses bailes eram animados por sanfoneiros de respeito (Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca, Abdias, Pedro Raimundo, Zé Calixto, Zé Gonzaga e Zenilton, entre outros), mas, atualmente, o que impera é uma contrafação diluída (com tecladaria substituindo a sanfona), apelidada de “ó xente music”, onde reinam grupos como Mastruz com Leite, Limão com Mel, Calcinha Preta, Aviões do Forró, Rabo de Vaca e solistas como Frank Aguiar, vulgo Cãozinho dos Teclados.
A conclusão é simples: como eles já foderam com a música original, você só pode ir nesses bailes se for pra foder alguém.
O negócio é chegar junto das dançarinas mais arretadas – que quase sempre dançam sozinhas – e jogar uma boa groselha no ouvido:
“Se eu fosse bombeiro, já teria apagado esse fogo no teu rabo, merepeira!”, “Você já viu um homem rico ficar duro em pouco segundos? Então pega aqui...”, “Você gosta de flores? Gosta? Então que tal a gente ir fazer sexo no meu jardim!”, “Eu preciso ir ao banheiro mijar. Você segura o braúlio pra mim?”, “Vamos brincar de pega-pega? Eu te pego, você me pega, a gente se pega e no final fica tudo certo!”, “E aí, gata, vamos tomar algo juntos? Que tal um banho de espuma?...”, “Pena de urubu, pena de galinha, se quiser me dar o cuzinho, basta dar uma risadinha”, “Que tal fazermos um bom negócio? Você me dá seu orgulho e eu te dou um jegue”, “E aí, gata, vamos fazer uma transa mágica? Primeiro, a gente transa e depois você desaparece!”.
O que de pior pode acontecer é você ter de rebocar meia dúzia de mocréias embriagadas para o matadouro.
Mas e daí?...
Como dizem os mano do funk, “urubu na guerra é frango, mermão!”
Em bailes funk
Se não quiser dar uma de péla-saco (otário) e tomar bola (levar um cacete), certifique-se de que a lia (menina) a ser abordada não é alemã (inimiga).
O choque de monstro (paquera) é bem simples.
Quando começar o pancadão (música agitada), você se faz de sangue-bom (amigo) e puxa a mula (vai na frente do trenzinho, dançando).
Depois que levar uma sinistra (dedada) e não quicar serim (brigar sozinho com o inimigo, sem ajuda dos outros), chame a lia (vagabunda) para tomar uma besteira (cerveja) e pergunte se ela gosta de dançar funk proibidão (foder).
Caso ela sorria realce (marotamente), está no papo.
Aí é só levar na escama (conversa) e torcer pra não pintar sujeira (o irmão da lia lhe dar dois tiros no quengo e desovar seu corpo no rio da Guarda).
Além do susto (risco de vida) que se corre, paquerar em baile funk (puteiro) parece coisa de maluco (viado).
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