Espaço destinado a fazer uma breve retrospectiva sobre a geração mimeográfo e seus poetas mais representativos, além de toques bem-humorados sobre música, quadrinhos, cinema, literatura, poesia e bobagens generalizadas
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domingo, maio 15, 2011
Aula 80 do Curso Intensivo de Rock: A Trindade do Mal
Em 1990, em Estocolmo, na Suécia, surgiu a banda Marduk, que pregava um ódio homicida a Cristo e ao cristianismo e desejava ser a banda mais “maldita” para a humanidade, de preferência entoando a música mais blasfema possível.
O quarteto era formado por Legion (vocais), Morgan Steinmeyer (guitarra), B. War (baixo) e Fredrik Andersson (bateria) e todos os integrantes traziam os rostos pintados com máscaras brancas que lembravam zumbis.
No ano seguinte, o Marduk lança a fita-demo “Fuck Me Jesus”, que recebe elogios rasgados no mundo underground do black/death metal.
A banda também grava material para um EP chamado “Here’s No Peace”, mas escolhe não lançar o mesmo, pois assina com a gravadora sueca No Fashion Rec, e pretende lançar algo mais destrutivo.
No ano seguinte, o Marduk toca em várias cidades da Suécia e em dezembro lança o seu primeiro álbum chamado “Dark Endless” pela No Fashion, mas logo são detonados pela gravadora.
Em 1993, a banda assina um contrato com a gravadora francesa Osmose Productions e grava um novo álbum intitulado “Those Of The Unlight”.
Então, em 1994, eles tocaram pela primeira vez no exterior, durante um festival de black metal na Noruega.
Na primeira excursão européia, no mesmo ano, o Marduk toca junto com a banda Immortal na turnê chamada “Sons Of Northern Darkness”.
No final do ano, lançam o terceiro álbum “Opus Nocturne”.
Em fevereiro de 1995 iniciam a segunda turnê européia, chamada “The Winter War”, juntamente com a banda Enslaved.
A fita-demo “Fuck Me Jesus” é lançada como um mini CD, mas por causa do título e da arte da capa, o álbum foi boicotado em sete países.
Em junho, o Marduk toca em um giga-show na Cidade do México juntamente com outras bandas já consagradas, entre as quais a Dimmu Borgir.
Em fevereiro de 1996, o Marduk entra em um estúdio para gravar o novo álbum chamado “Heaven Shall Burn...When We Are Gathered”, que chega às estantes das lojas e logo é esgotado, devido a histeria crescente pela banda.
Embalada pelo sucesso, a banda encara uma nova turnê européia, ao lado de Gehenna e Mysticum, e lança o EP “Glorification”, com uma música remixada do último disco e covers das bandas Bathory, Piledriver e Destruction.
Em 1997, os zumbis endemoniados atacam a Europa novamente com uma pequena turnê chamada “Legion” e lançam seu primeiro álbum ao vivo, “Live In Germania”, gravado em quatro localidades diferentes da Alemanha durante a turnê de divulgação do álbum “Heaven Shall Burn”.
O Marduk causa grande surpresa para os críticos, mostrando que conseguem reproduzir nos palcos a fúria que até então só era concebida em estúdio.
Em março de 1998, eles lançam “Nightwing”, um disco conceitual dividido em dois capítulos.
O primeiro capítulo, intitulado “Dictionnarie Infernal”, traz as faixas “Preludium”, “Bloodtide (XXX)”, “Of Hells Fire”, “Slay The Nazarene” e “Nightwing” mostrando muita brutalidade e peso.
No capítulo dois, intitulado “The Warlord Of Wallachia”, as faixas “Dreams Of Blood And Iron”, “Dracole Wayda”, “Kaziklu Bey/The Lord Impaler”, “Deme Quaden Thyrane”, “Anno Domini 1476” são um exercício sadomasoquista de pancadaria sônica.
Em 2000, o Marduk lança o álbum “Panzer Division Marduk”, que consegue ser – acredite se quiser – ainda mais pesado e brutal do que o disco anterior.
Mas se você acha que o Marduk é o grupo mais sacrílego do planeta, então precisa conhecer o Deicide.
O Deicide deu um jeito de se destacar por levar ao extremo a mania de ser o emissário do diabo aqui na terra.
Fazem um death metal no fim da linha.
A banda tem como característica uma sonoridade de extremo peso, bateria ultra-rápida, guitarras e baixo alucinantes, vocal gutural e letras satânicas.
Confessos satanistas de carteirinha, as primeiras fotos publicitárias dos músicos os flagravam banhados em sangue de porcos.
Suas letras de adoração satânica conseguiram irritar terroristas, que lançaram uma bomba incendiária no local em que a banda se apresentou no fim de 92, na Suécia – terra dos também satânicos Entombed e Unleashed.
O vocalista Glen Benton ainda foi ameaçado de morte por um grupo inglês chamado Milícia Animal, após se vangloriar de torturar animais domésticos em uma entrevista ao semanário inglês NME.
Formado em 1987, em Tampa, na Flórida, com Glen Benton no baixo e vocais, Eric Hoffman e Brian Hoffman nas guitarras e Steve Asheim na bateria, eles conseguiram a proeza de vender 150 mil cópias do álbum de estréia (“Deicide”) sem receberem uma linha da mídia.
Na época, Eric comentou: “Nós sabíamos que ele venderia bem. Nós ouvimos bandas como Slayer, Sodom e Bathory por tanto tempo que, quando fomos fazer um disco, procuramos combinar tudo o que existia de mais brutal no death metal. Se o álbum não vendesse tanto, então algo estaria errado com o Demônio”.
O Deicide canta e prega o extermínio da humanidade.
Perto deles, Ozzy Osbourne seria um piedoso coroinha de São Francisco de Assis distribuindo sopa para os pobres.
Escatologia cabeluda e tatuada, como no cinema gore, cujos protagonistas morrem de verdade.
Uma piada que só maluquinhos como o vocalista Glen Benton podem levar a sério.
Ao que consta, o grupo operava por um pacto de morte: quando o líder Glen Benton completasse 33 anos (a idade de Cristo), todos se suicidariam em palco.
Bom, hoje Glen já não admite cometer este ato radical e tresloucado, o que prova sua falsa devoção ao poderoso Lúcifer.
Em 1992 foi lançado o segundo álbum, chamado “Legion”, considerado pelos críticos de música um dos álbuns mais satânicos da história.
Três anos depois, era lançado “Once Upon The Cross”, repleto de imagens fortes, a começar pela capa e mantendo as características anteriores.
Em 1997, a banda lançou o excelente “Serpents of the Light”, que assim como os álbuns anteriores foi produzido por Scott Burns, mostrando a preocupação da banda em manter sua sonoridade característica.
Em 1998, mais de dez anos após a formação da banda, finalmente é lançado um primeiro registro oficial ao vivo, “When Satan Lives”.
Após um longo período sem gravações inéditas, finalmente, em 2000, sai “Insinerathehymn” e, em 2001, “In Torment In Hell”.
Death metal, entretanto, já não é a última palavra em agressividade e brutalidade sonora.
O Napalm Death, da mesma gravadora do Morbid Angel (“Earache”, ou “dor-de-ouvido”) não perde tempo com papo de guaxumão casca grossa travestido com capa de vampiro.
Pelo contrário. Flertando com rock industrial, punk e noise, o Napalm Death aponta uma saída criativa para a carnificina metal do novo milênio.
A banda inventou inclusive um rótulo maquiavélico para definir sua música: grindcore.
Claro que grind é o equivalente britânico de thrash e que core vem de hardcore.
Napalm Death atualmente é uma das pedreiras mais pesadas da Europa e a linha de frente do headbanging ultrasatânico politicamente correto.
O grupo foi formado em Ipswich, na Inglaterra, em 1982, como uma banda de heavy metal tradicional.
Depois foram incorporando elementos do thrash, do hardcore e do rock industrial, para produzir uma salada sonora indecifrável, cristalizada no primeiro álbum, “Scum”, de 1987.
As constantes mudanças na formação da banda resultaram num álbum com dois lados completamente diferentes.
O lado A, traz o guitarrista Justin Broadrick e o vocalista e baixista Nick Bullen, enquanto o lado B traz o novo vocalista Lee Dorrian, o guitarrista Bill Steer e o baixista Jim Whitely – somente o baterista Mick Harris participa de ambos os lados.
Apesar de ter sido solenemente ignorado pela grande mídia, o álbum obteve uma grande receptividade no underground britânico graças à execução massiva de uma única faixa na BBC Radio One: “You Suffer”, que havia caído nas graças do DJ John Peel.
No mesmo ano, o baixista Shane Embury substituiu Whitely.
No ano seguinte, eles lançaram o diabólico “From Enslavement To Obliteration”, com 54 faixas, muitas delas com apenas alguns segundos de música.
Foi quando aconteceu uma nova debandada dos integrantes.
O vocalista Lee Dorrian saltou fora para formar o Cathedral e o guitarrista Bill Steer seguiu seu exemplo para consolidar o Carcass.
Com a adição do vocalista Mark “Barney” Greenway (ex-Benediction) e dos guitarristas Jesse Pintado (ex-Terrorizer) e Mitch Harris (ex-Righteous Pigs), o Napalm Death ressurgiu das cinzas em 1990 com o irado álbum “Harmony Corruption”, com um som menos pesado e mais melódico.
Aparentemente insatisfeito com o resultado, o grupo lançou no mesmo ano o EP “Mass Appeal Madness”, retornando totalmente ao estilo grindcore.
Único sujeito a participar de todas as formações da banda, o baterista Mick Harris abandonou o grupo em 1992, para se dedicar a um projeto de ambient dub chamado Scorn.
Ele foi substituído pelo baterista Danny Herrera, que já participou das gravações do aclamado álbum “Utopia Banished”.
O disco contribuiu para abrir a cabeça de muita gente na base da machadada.
Tratava-se de um bate-estacas sônico com influências estranhas, como o ruído industrial dos Swans (claro que a mil milhas por hora), o noise de My Bloody Valentine e o engajamento cabeça-feita de Jello Biafra (ex-Dead Kennedys).
Trazia microfonia no lugar dos solos e atacava alguns dos novos monstros que estavam surgindo no planeta: nacionalismo, fascismo e racismo.
Em 1994, com o álbum “Fear, Emptiness, Despair”, o Napalm Death começou a ser elogiado pela crítica e o disco acabou chegando ao Top Ten da Billboard.
Eles também elevaram o número de fãs ao infinito depois de terem participado da trilha sonora do filme “Mortal Kombat”.
Depois de lançarem o EP “Greed Killing” e o álbum “Diatribes”, começaram os problemas internos.
O vocalista Greenway foi demitido da banda em 1996, sendo substituído por Phil Vane (ex-Extreme Noise Terror).
Depois do fracasso comercial do EP “Coalesce”, Phil Vane foi demitido e Mark Greenway chamado novamente para participar do álbum “Inside The Torn Apart”, de 1997.
No ano seguinte, o Napalm Death lançou seu primeiro álbum ao vivo, “Bootlegged In Japan”, e um novo álbum de estúdio, “Words From The Exit Wound”, que marcou sua despedida da gravadora Earache.
Depois de um EP somente de covers (“Leaders Not Followers”) lançado em 2000, eles voltaram às raízes do grindcore para cometer “Enemy Of The Music Business”, lançado no início de 2001.
Trata-se de uma nova aula de barulho demencial com letras cada vez mais iradas, pegando pesado no nervo ciático das gravadoras multinacionais.
O Napalm Death é o bicho da goiaba verde do metal extremo.
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