Por Xico Sá
Duas coisas que nós do mundo macho deveríamos aprender de
uma vez por todas: festa sem gay não decola, não emplaca, não orna. A outra
verdade: toda grande mulher tem um gay como principal e inseparável amigo. São
duas sentenças bíblicas. Deveriam constar de lei federal, nas Tábuas de Moisés,
em todos os testamentos.
Você já viu uma festa sem gay animada? Também não. A pista
não pega fogo, a dança não orna, as mulheres não têm com quem fuxicar sobre o
modelito de perua de vermelho... Seja forró ou drum’n bass. Seja em Nova York
ou em Colônia do Piauí, terra de um dos raros bons políticos do Brasil, o
travesti Kátia, vereadora há dois mandatos, adorada na região por homem,
mulher, menino, cachorro, gato, papagaio, macaco e os velhinhos “aviciados”.
E se a festa tiver, por exemplo, um Jackson Araújo, ave!,
palavra, basta. São tudo nos conformes: do ossobuco ao repertório – com direito
a Diana (“Ó meu amado/ por que brigamos?...”) e tudo o mais que exige a
decência e a fome de viver. Pra completar, o desgraçado ainda ajeita o caimento
da roupa de uma aqui, corta a franja da outra acolá, comenta uma “chapinha”,
receita um Lancôme mais na frente... Um espetáculo. Luxo, riqueza e conforto
num ambiente cinco estrelas.
A mesma lição da festa perfeita vale para a amizade das
nossas gazelas. Mulher sem um amigo gay nos arredores não tem graça. Com um gay
como melhor amigo, ela fica mais inteligente, mais bem-humorada, mais faceira,
acerta a roupa que veste, pinta o cabelo pra sair da rotina, o diabo a quatro.
Você ainda pode ficar em casa vendo aquele Bangu x Madureira na maior
tranquilidade desse mundo, pois ela certamente terá ido ao cinema com a biba de
estimação. Ora, e você ainda fica livre da obrigação de ver cinema paquistanês
ou coisa que o valha – ela terá visto todos com o amigo-cabeça. Uma beleza, uma
mão na roda essa bela união.
Sem esquecer, claro, que você, cabra-macho, também terá um
grande amigo, normalmente brilhante, para quebrar um pouco a rotina da
testosterona à milanesa do boteco e a ignorância animal de tantas peladas. Pra
diverti-lo, você ainda pode até dizer, toda vez que encontra-lo, essa lorota:
Rapaz, amigo gay para mim é homem, eu só como o fiofó, o zé-de-boga, o roskoff,
o fogareiro...
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