Por Felix Valois
Vejo os adeptos de Dilma se regozijando com a desgraça
tsunâmica que se abateu sobre o governo Temer. Só não entendo por que. Afinal
de contas, Temer nada mais é, foi ou será do que um prolongamento da tragédia
que tomou conta do país a partir de 2002, quando tiveram início os desmandos de
Lula e companhia.
Dilma e Temer foram eleitos juntos e, por elementar questão
de coerência, juntos devem seguir o mesmo destino, já que este foi traçado a
partir de elementos comuns. Como diz o povo, “aonde a vaca vai, o boi vai
atrás”. O cerne, parece, está em que nunca se tentou compreender que o
impeachment da “presidenta” era um imperativo do momento histórico que então
vivíamos.
Acredito, porém, que ninguém, com o mínimo de bom senso,
achou que a substituição da titular por seu vice implicasse em mudança
qualitativa. Não podia ser isso e não era. Ocorre que Dilma tinha que sair, era
indispensável, e a solução imediata e única era a ascensão de seu comparsa e
companheiro de chapa. Com o que, em última análise, acabamos trocando seis por
meia dúzia.
Voltando à questão bovina acima aventada, e aqui colocada de
forma metafórica, como não podia deixar de ser, quero significar que Dilma,
Lula, Temer e quejandos são integrantes de uma só e idêntica manada. Sendo a
mesma a viçosa grama em que tão refesteladamente pastaram (e ainda pastam),
nada mais natural que todos os espécimes do coletivo sigam pelo mesmo caminho
em que os condutores se aventuram, na busca primeva pela segurança da
alimentação. É coisa instintiva, de raiz, nada tendo a ver, como poderiam
pensar maldosas criaturas, com manifestações de libido.
O que importa agora, penso cá comigo, é saber para onde
vamos nós outros, os que não pastamos nas mesmas paragens, nem ruminamos o bolo
alimentar da corrupção e da esbórnia. Parece evidente que o governo Temer
acabou. Está clinicamente morto e cuido ser até questão de piedade que se
desliguem os aparelhos que ainda o mantêm respirando. Seria crueldade prolongar
essa agonia, eis que não existe nenhuma possibilidade de o paciente se
recuperar. Nenhuma, mesmo.
Sem apoio popular, reprovado por maioria esmagadora da
população, o governo se vê diluir sua última tábua de salvação, consistente
numa base parlamentar, igualmente corrupta. Corrupta, mas não burra e que, por
isso mesmo, não vai mais se aventurar no apoio a uma equipe de governo que não
tem como resistir ao impacto do míssil que a atingiu. Afinal, não é preciso ser
capitão de longo curso para saber que os ratos são os primeiros a abandonar o
navio, tão logo tem início o naufrágio. E a água já tomou conta da nau,
atingindo-lhe os motores, chegando ao tombadilho e se alçando aos mastros.
Não me venham as cassandras de plantão clamar por soluções
de força. Mil vezes não. Colocando o assunto em termos bem práticos, parece-me
até relativamente fácil a legítima saída para o impasse institucional. Está em
curso, e pronto para julgamento, um processo no Tribunal Superior Eleitoral, em
que se discute a impugnação da chapa Dilma-Temer, por irregularidades
praticadas nas eleições de 2014. Até antes de ontem era quase certo que a
maioria daquela corte se inclinaria pela improcedência da ação, apesar de o
voto do relator já ter sido pronunciado e em sentido contrário.
Pois muito que bem. Com os fatos agora revelados, não é
crível que aquele tribunal vá perder a oportunidade de contribuir para a
solução do gravíssimo imbróglio em que nos meteram. Basta acolher o pedido
formulado no processo. Com isso, tal como aconteceu no Amazonas com o governo
Melo, estaria cassado o mandato de Temer e o país seria chamado a escolher o
sucessor. Não carece de esperar novo impeachment nem aguardar milagres.
Resta uma dúvida: convocadas novas eleições, quais as opções
que se abrirão para o desencantado eleitor brasileiro? Será que sairão de suas
tumbas as mesmas figuras carimbadas que, sem pudor e sem vergonha, há tanto
tempo nos engodam? Como se vê, a coisa agora veio para nas nossas mãos. O
mínimo de reflexão e consciência na hora do voto não fará mal a ninguém. Muito
menos ao país. É indispensável estar alerta. O mínimo de civismo se faz
necessário.
É o momento de demonstrar amor pela Pátria, protegendo-a
contra novas investidas demagógicas. É a hora certa para fazer as mudanças de
que necessitamos e que não podem mais esperar. Outro erro do eleitorado e o
país não terá forças para resistir. Deixaram o Brasil em frangalhos. Desonraram
a Nação e zombaram de seu povo. Chega.
Eu, pelo menos, estou cansado. Quero o novo. Quero ver meu
país ressurgir das cinzas, qual Fênix, e seguir seu destino, que não pode ser o
da subserviência e da estupidez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário