Meu caro leitor, se você não passou os seus últimos 40 anos
enjaulado em uma estação de pesquisas na Antártida para observar o acasalamento
dos pinguins imperiais, então, já deve ter ouvido falar que brasileiro gosta muito
de bunda. Não é nenhuma novidade, claro, e não sei qual é o motivo de tanta
surpresa. Afinal, quem é que não gosta de bunda? Não vá me dizer que tem um
tipo de homem, lá do Manchúria ou das ilhas da Polinésia, que não gosta tanto
assim?...
A bunda é a suprema manifestação da sexualidade. Na sua
forma perfeitamente arredondada e na sua projeção sútil e arrebitada estão
guardados os melhores sonhos masculinos. O prazer de possuir aquele pedaço de
carne, em toda a sua plenitude, é o ponto mais alto do desejo masculino. Não
apenas de possuir. De ver, admirar, observar, tocar, cheirar, morder e beijar.
Por que tanto assim?, me indaga a garota, ela mesma com
caprichosos e suculentos glúteos. Ora, por que?... A pergunta não é boa e a
resposta não pode ser melhor. Porque sim. Mas, por mais que tivesse explicações
inteligentes, a garota não mudaria o seu comportamento. Sim, ela sabe que os
homens enlouquecem com bundas em geral e, particularmente, com a dela, já que a
tem bela e bem dotada.
Por isso, todos os dias, sem exceção, a garota se veste
pensando em valorizar seu mais valioso pertence. A calça jeans dá formato
arrebitado e consistente. Boa para situações diurnas, incluindo o trabalho. A
saia curta revela formas e inspira a imaginação. Boa para as baladas. O
shortinho promete surpresas e gestos ousados. Bom para os passeios no parque e
na praça.
E assim a garota vai tecendo sua própria política do bumbum,
como safadamente denomina e me revela. Não, ela não está se oferecendo. Ela não
precisa expor suas qualidades para ganhar adeptos. Mas ela quer, sim, enlouquecer
os homens, atiçar a imaginação dos incautos que observam aquele pedaço de
pecado requebrar quando passa.
“Ela mexe com as cadeiras pra cá, ela mexe com as cadeiras
pra lá. Ela mexe com o juízo do homem que vai trabalhar”, cantou Dorival
Caymmi, explicando, com maestria essa questão.
Eu canto o trecho da música e a garota encerra o assunto,
como se já tivesse revelado mais segredos do que deveria. E se afasta, mantendo
longamente, em meu campo de visão, aquele pequeno, harmonioso e delicioso
pedaço de puro tesão. Deus do céu, mas existe coisa mais linda do que aquilo?
Não acredito...
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