Naquela Copa em que o Ronaldo Fenômeno teve um fenomenal
faniquito, fizeram um casamento antes do jogo Brasil e Noruega e na final, no
Stade de France, quem fez a festa antes do Zidane foi Yves Saint-Laurent. Modelos
desfilaram no gramado com criações de YSL ao som do bolero de Ravel tocado em
tonéis, o que já devia ter nos alertado para alguma coisa.
E eu fiquei pensado naquela roda de pôquer que se reunia
semanalmente na mesma casa durante anos. Sempre a mesma roda e sempre a mesma
casa, e a mesma mesa. Até que o dono da casa mudou de mulher, e a nova mulher
sugeriu que os jogadores usassem descanso para os copos. Assim os copos
molhados não deixariam marcas na mesa.
– Não – disse o homem.
– Por que não, bem? – surpreendeu-se a mulher.
– Porque no momento em que eu distribuir descanso para os
copos, todos se levantam e vão embora e a roda acaba.
– Mas eu não sou contra o pôquer de vocês. Podem continuar
jogando, e bebendo. Só o que eu peço é que usem descansos sob os copos para
não...
– Não.
– Mas por que não?!
– Porque seria um primeiro passo. O seu descanso não é um
descanso. É um precedente.
– Mas...
– Não insista.
O homem sabia o que os descansos significavam. Depois dos
descansos viria o pedido para que usassem cinzeiros, em vez de largarem as cinzas
no chão. Logo seria levantada a questão dos restos de comida misturados com as
cartas e as fichas. E não demoraria e viria a sugestão para que cuidassem da
pontaria na hora do xixi...
O futebol, como o pôquer, precisa manter-se em vigilância
constante contra as incursões da frescura. (LFV)
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