Todo brasileiro é um técnico de futebol frustrado. Deus é
brasileiro. Logo, Deus é um técnico de futebol frustrado?... Errado. Como Deus
tudo pode, é provável que Ele seja o verdadeiro e eterno técnico da seleção, e
os mortais que assumem a função apenas suas fachadas.
Todos os técnicos da seleção brasileira seriam, na
realidade, prepostos de Deus, o que explica o seu ar arrogante e sua recusa em
aceitar nossos palpites. Só a certeza de terem uma delegação divina explica que
os técnicos da seleção ignorem, sistematicamente, os conselhos dos que entendem
de futebol mais do que eles – nós – e se julguem os donos da verdade. Nenhum
ainda confessou que recebe orientações diretamente de Deus, mas isso está
implícito na sua soberba.
Que Deus é o técnico vitalício do Brasil pode ser provado, e
não apenas pela quantidade de Copas que vencemos e pela nossa superioridade
incontestada no futebol em priscas eras. As próprias derrotas do Brasil são da responsabilidade
de Deus, para não dar muito na vista e manter a ficção da sua neutralidade. A derrota de 7 a 1 para a Alemanha foi o jeito que o Todo-Poderoso encontrou para nós voltarmos a encontrar a humildade perdida.
Além disso, Deus, nas alturas, está na posição que todos os técnicos
consideram a ideal para ver o jogo. Mas como é onipresente pode estar lá em
cima e falando com o seu auxiliar do lado do campo ao mesmo tempo, sem a
necessidade de walkie-talkie ou celular.
Se Deus precisa disfarçar, de vez em quando, que é o
verdadeiro técnico do Brasil, seus delegados na Terra nem sempre têm esse
cuidado. O ar de auto-satisfação do Dunga que tanto irrita seus colegas, o
resto da população, é na verdade uma falha no disfarce.
Está na cara do Dunga que ele se reúne periodicamente com
Deus para tratar da estratégia da seleção e que nós podemos estrilar à vontade,
porque ele só deve satisfações ao seu Chefe.
Agora dizem que a perspectiva de enfrentar o Chile deixa até
Deus preocupado. “Essa nem Eu arrisco um palpite”, costuma dizer o
Todo-Poderoso, encurvado sobre os seus esquemas. É esperar pra ver! (LFV)
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