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sábado, outubro 13, 2018

A Origem das Espécies: Os Clãs Pessoa, Sampaio e Dourado


Simão, Silane, Selane, Pai Simão, Silene, Simas e Simone

Os primeiros habitantes de Breves (PA), a principal cidade da Ilha de Marajó, foram os índios Bocas, uma etnia praticamente extinta em pouco mais de 200 anos. 

Em 1738, o capitão geral do Pará, João de Abreu Castelo Branco, concedeu aos irmãos portugueses Manuel Breves Fernandes e Ângelo Fernandes Breves uma sesmaria, localizada nas proximidades do Rio Parauhaú. 

Com a instalação de um engenho e a expulsão dos nativos, o lugar passou a ser chamado de “Engenho dos Breves”, em homenagem aos seus fundadores. 

Em 1851, foi criado o município de Breves, que, atualmente, é constituído pela cidade de Breves e pelos distritos de Antônio Lemos, Curumu e São Miguel dos Macacos.

Filha caçula do português Simão Teixeira Sampaio com a paraense Philomena Sabino Sampaio, minha avó paterna, Paulina Teixeira Sampaio, nasceu em Breves, em 1897. 

Completava o pequeno clã familiar, seus dois irmãos Mateus e Cezário. 

Meu bisavô era originário de uma pequena aldeia da Galiza, em Portugal. Herdeiro da cultura celta (“a boca do ambicioso só se fecha com a tampa da sepultura”), o galego havia vindo tentar a vida no além-mar sob o patrocínio do governo português, que até então acreditava que a quartelada do marechal Deodoro no dia 15 de novembro de 1889 não passava disso: de uma simples quartelada.

Para os portugueses, a Província do Maranhão e Grão-Pará (equivalente à Região Norte do país), subordinada diretamente ao reino português, tinha ficado de fora do território da nova República do Brasil recém-implantada. 

Mais realistas do que o rei, os fidalgos portugueses, donos de imensos lotes de terra na Amazônia, estavam se desfazendo de tudo, a preço de banana, vendendo a perder de vista para os brasileiros. 

Não foi à toa que várias famílias tradicionais de comerciantes manauaras se transformaram, da noite pro dia, em poderosos latifundiários da região. 

O meu bisavô havia recebido uma escritura oficial dada pelo governo português que o nomeava dono de vários alqueires de terra na comunidade Rio Branco, entre o Lago Grande e a Cachoeira do Aruã, no alto do Rio Arapiuns, no município de Santarém (PA).

Meus bisavôs acreditavam que iriam ficar ricos com a exploração das drogas do sertão no coração da floresta amazônica, mas acabaram descobrindo que, na realidade, tinham recebido um presente de grego. 

A terra era inóspita e selvagem. No máximo, com muito esforço, conseguiram estabelecer uma horta de subsistência e uma pequena criação de animais domésticos (porcos, bodes e galinhas). O suficiente para sobreviver. 

O português Simão Teixeira Sampaio não aguentou as intempéries tropicais e faleceu quando vovó Paulina ainda era criança. 

Minha bisavó Philomena se casou pela segunda vez com um primo, o comerciante Francisco Gomes Dourado, com quem teve cinco filhos: Corina, Leonila (aka “Leuca”), Francisca, Temístocles (aka “Tio Velho”) e Thereza (aka “Floriza”).

Meu tio-avô Cezário casou com Georgina e teve quatro filhos: Macário, Manuel, Marciano e Raimundo. 

Macário casou com Zolina e teve sete filhos: Ronaldo, Rosinaldo, Rosenildo, Rosenilda, Rosemilda, Renato e Rosinei. 

Manoel casou com Zeneida e teve uma filha: Rita de Paula. 

Marciano casou com Maria e também teve uma filha: Geany Sampaio. 

Raimundo faleceu quando ainda era rapazola.

Meu tio-avô Matheus Teixeira Sampaio casou com Virgília Medeiros Sampaio e teve 13 filhos: Atarcílio, Almiro, Antônia, Francisca (aka “Chiquinha”), Raimunda, Miguel, Maria José (aka “Zeca”), Maria das Dores (aka “Dorinha”), Maria Clotilde (aka “Coló”), Lenira Rosa, Raimunda Nonata (aka “Dondô”), Maria do Socorro e Manuel Daniel.

Almiro casou com Francisca Assis (aka “Chicuta”) e teve cinco filhos: José Océlio, Oséias, Ieda Maria, João Olivar e Iracema. 

Miguel casou com Francisca Pires (aka “Chicó”) e teve sete filhos: Jairo, Manuel Jair, Jacirema, Jacilene Maria, Jailson, Cleuton e Jandira. 



Maria José casou com Manuel Braz e teve dois filhos: Gleuson e Surama. 

Francisca teve seis filhos: Alberto, Abelardo José, Anamor, Altemar, Manuel Altair e Alcimar. 

Maria das Dores teve uma filha: Siomara. 

Maria Clotilde teve cinco filhos: Wallace Rogério, Wandria Patrícia, Amaury, Ângelo e Alessandra. 

Lenira Rosa casou com Cosme Fernandes de Moura e teve quatro filhos: Almir, Aldenis, Ana Lígia e Alba Leda. 

Raimunda Nonata casou com Manoel Marinho e teve dez filhos: Mara Virgília, Márcio Roberto, Mazzio Ronald, Márlia Valéria, Márlio Ranieri, Márlon Rudson, Manoel Marinho Filho, Matheus Sampaio Neto, Márlison Rudney e Marne Rodrigo. 

Manoel Daniel casou com Maria e teve quatro filhos: Danilo, Douglas, Dirceu e Daniel. 

Maria do Socorro Sampaio casou com Alberson Sousa (aka “Anízio”) e teve cinco filhos: Alderbruno (aka “Bruno”), Ádria Soyara, Alderson, Aldercley e Adna Synara.

Dos meus tios-avôs do segundo casamento de minha bisavó, Corina casou com Fidelis e teve quatro filhos: José Guilherme, Maria da Luz, Osvaldina (aka “Bebé”) e Terezinha (aka “Tetê”). 

José Guilherme casou com Dinair e teve seis filhos: Gilberto, Dinarte, Dilma, Eremar, Jovane e Dinamar. 

Maria da Luz casou com Ermínio e teve três filhos: Adry, Aldinan e Aldenora. 

Osvaldina casou com Noquinha e teve nove filhos: Pedro Antônio, Helena Maria, Valdina, Luiz Antônio, Valdir, Valdenilson, Valdenira, Vania, Vladimir e Vlamir. 

Terezinha casou com Jarito e teve nove filhos: Filomena, Jair, Pedro Paulo, Jorge, Jairo, Tânia, Jerry, Telma e Jane.

Leonila casou com Prudêncio Fonseca e teve cinco filhos: Reinaldo, Rosinaldo, Maria de Fátima, Marcina e Rubens José. 

Reinaldo casou com Maria Belém Costa e teve duas filhas: Izabelly e Luciana. 

Rosinaldo casou com Elcy Oliveira e teve quatro filhos: Marta Silvia, Gilda Elizabeth, Rosinaldo Júnior e Jefferson. 

Maria de Fátima teve uma filha: Ana Cláudia. 

Rubens José casou com Rosemary Barros e teve três filhos: Rubens Júnior, Ricardo Bruno e Rafaela.

Teresa casou com Vicente Alves e teve nove filhos: Maria do Carmo (aka “Mimi”), Claudina (aka “Didica”), Raimundo Dourado (aka “Diquito”), Dulcila, Zezuíla (aka “Zizi”), Raimundo Cassiano (aka “Didico”), Francisca, Pedro e Maria de Nazaré (aka “Mariinha”).

Claudina casou com Salustiano Fonseca e teve onze filhos: Maria Ivanilda, Ivacilda, Ivailton, Nilza, Gorete, Ivando, Ivan, Erotildes, Ivaldo, Ivanilce e Ivanderlucia.

Raimundo Dourado casou com Quitéria Guimarães e teve quatro filhos: Maria Glorita, Paulo Raimundo, Tereza Nelma e Maria de Nazaré. 

Dulcila casou com Oséias e teve dois filhos: Denise e Oséias Júnior. 

Raimundo Cassiano casou com Oleda Said e teve sete filhos: Dilberto, Salim, Dilma, Aparecida, Dinamor, Dilete e Dilson. 

Francisca casou com Estevão e teve dois filhos: Neuma e Estevão Júnior. 

Maria do Carmo (aka “Mimi”) teve um filho: Raimundo Solano. 

Raimundo Solano casou com a Conceição e teve três filhos: Núbia, Junior Solano e Marcelo.

Francisca viajou para Portugal onde casou com Inocêncio e teve quatro filhos: Zizito, Madalena, Helena e Inocência (aka “Filó”).

O Temístocles ficou solteiro a vida inteira, o que lhe originou o apelido de “Tio Velho”.

No dia 16 de julho de 1916, minha avó Paulina, então com 21 anos, se casou com um jovem cearense de 26 anos chamado Raymundo Monteiro Pessoa, na capela de Mucajá, no Lago Grande, em cerimônia oficiada pelo Frei Sandoval Electo.

Nascido em Aurora (CE), terra natal do artista plástico Aldemir Martins, meu avô Ray era oriundo de uma pequena família de agricultores da Chapada do Araripe, no sertão do Cariri, que migraram para o Pará em busca de um futuro melhor.

Raymundo e Paulina tiveram quatro filhos: João, Maria, José e Simão Monteiro Pessoa (nascido em 9 de julho de 1923). 

Acostumado a prear bodes na caatinga nordestina, meu avô Ray não resistiu às malárias da região amazônica. Um cearense da cepa vencido pelo mosquito anofelino. 

Morreu na flor da idade, com pouco mais de 35 anos. Meu pai tinha apenas dois anos.

Em função da morte prematura do marido, Paulina abandonou a região do Lago Grande e conduziu o seu pequeno clã para Alter do Chão, nas proximidades de Santarém, permanecendo lá durante alguns anos. 

Quando papai tinha 15 anos, nossa avó mudou de pouso mais uma vez para tentar a vida em Belterra, aonde acabou falecendo no ano de 1940. 

A grande perda fez com que os laços entre os quatro irmãos se fortificassem ainda mais, a despeito de cada um deles ter de iniciar a construção de sua própria lenda pessoal.

Pai Simão, o caçula, então com 17 anos, optou em ir para Fordlândia, uma cidade-industrial projetada e habitada por americanos (o que lhe possibilitou dominar os rudimentos da língua inglesa) e que tinha como principal base econômica o cultivo de seringais. 

Nesta cidade, ele trabalhou em uma filial das célebres Lojas Pernambucanas e depois na “Companhia”, nome genérico que os nativos davam para a Ford Motor Company, a empresa americana dona do empreendimento. 

Algum tempo depois, ele foi convidado pelo comerciante Zé Moraes para trabalhar em seu comércio varejista a partir das 16 h, término de seu expediente na Companhia.

Nesse meio tempo, tia Maria se apaixonou por um príncipe misterioso chamado Jovino Dantas Batista, que a desposou e a levou para morar no reino encantado de Boa Vista (RR). 

Eles tiveram cinco filhos: Raquel, Rossicler, Rosinete, José Alberto (aka “Cazuza”) e Socorro.


Raquel casou com Lourenço Braga e teve três filhos: Lourencinho, Juliana e Bruno. 

Rossicler casou com Rodrigo Marques e teve três filhos: Rildo, Rossinara e Rodriguinho. 

Rosinete casou com Valdeir Azevedo e teve seis filhos: Socorrinha, Conceição, Roseana, Luciana, André e Junior. 

Cazuza casou com a Lia e teve uma filha: Lilian. 

Socorro casou com o Almir (aka “Possante”) e teve três filhas: Patrícia, Inara e Lisandra.

Tio João se transformou em comerciante e foi procurar essências de pau rosa no fim do mundo – qualquer calha de rio desconhecido que desaguasse no caudaloso Rio Tapajós. 

Ele se casou com Disteva e teve sete filhos: Francisco, Raimundinho, João, José, Maria da Luz (aka “Nena”), Maria de Jesus e Deusa.

Francisco casou com Pedrina e teve seis filhos: Sônia, Silvana, Sandra, Rita de Cássia, Silene e João Pessoa Neto. 

Raimundinho casou com Francisca e teve cinco filhos: Francinelma, Rosinelson, Rosenilson, Rosinaldo e Francilene. 

Nena teve uma filha: Michelle. 

Maria de Jesus casou com o Zequinha e teve cinco filhos: Jacira, Jandira, Nelma, Jefferson e José Augusto.

Deusa teve uma filha: Raimunda Nonata. 

Homem de sete instrumentos, tio José foi capataz de fazenda, prático de embarcação, gerente de serraria, motorista de caminhão, dono de garimpo e um incansável perseguidor das icamiabas que incendiavam sua imaginação e seus sonhos. Dos quatro irmãos, era o mais fisicamente parecido com o Pai Simão.

Ele se casou com Felismina e teve seis filhos: Ruth, Ronaldo, Rubens, Maria José, Graça e Graciete.


Ruth casou com Miguel e teve dois filhos: Mário e Márcia. 

Ronaldo casou com Ivanete e teve um filho: Renildo. 

Rubens casou com Lucilene e teve três filhos: Cíntia, Sílvia e Rubem Junior. 

Maria José casou com Luiz Sá e teve quatro filhos: Luciene, Luciane, Luciana e Luiz Junior.

Graça teve um filho: José Pessoa Neto. 

Primo do Pai Simão, Joaquim Cardoso casou com Iracema Espírito Santo e os dois se transformaram em padrinhos do Simas. Eles tiveram cinco filhos: Dagoberto, Doralice, Deise, Darcy e Joaquim (aka “Quincas”). 

Irmã da tia Iracema, tia Iracy teve três filhos: Valdemir, Valdir e Nei. 

Também irmã da tia Iracema, tia Sinfrônia Carioca da Costa teve seis filhos: Carlos, Cláudio, Clóvis, Creuza, Cleber e Cléia. 

Irmão da três, tio Francisco teve uma única filha, Rossineide Espírito Santo.

Tudo índio, tudo parente!

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