Simão, Silane, Selane, Pai Simão, Silene, Simas e Simone
Em 1738, o capitão geral do Pará, João de Abreu Castelo Branco, concedeu
aos irmãos portugueses Manuel Breves Fernandes e Ângelo Fernandes Breves uma
sesmaria, localizada nas proximidades do Rio Parauhaú.
Com a instalação de um
engenho e a expulsão dos nativos, o lugar passou a ser chamado de “Engenho dos
Breves”, em homenagem aos seus fundadores.
Em 1851, foi criado o município de
Breves, que, atualmente, é constituído pela cidade de Breves e pelos distritos
de Antônio Lemos, Curumu e São Miguel dos Macacos.
Filha
caçula do português Simão Teixeira Sampaio com a paraense Philomena Sabino Sampaio, minha
avó paterna, Paulina Teixeira Sampaio, nasceu em Breves, em 1897.
Completava o
pequeno clã familiar, seus dois irmãos Mateus e Cezário.
Meu bisavô era originário de uma pequena aldeia da Galiza, em Portugal. Herdeiro da cultura celta (“a
boca do ambicioso só se fecha com a tampa da sepultura”), o galego havia vindo tentar a vida no além-mar sob o patrocínio do governo português, que
até então acreditava que a quartelada do marechal Deodoro no dia 15 de novembro de 1889 não passava disso: de
uma simples quartelada.
Para
os portugueses, a Província do Maranhão e Grão-Pará (equivalente à Região Norte
do país), subordinada diretamente ao reino português, tinha ficado de fora do
território da nova República do Brasil recém-implantada.
Mais realistas do que
o rei, os fidalgos portugueses, donos de imensos lotes de terra na Amazônia,
estavam se desfazendo de tudo, a preço de banana, vendendo a perder de vista
para os brasileiros.
Não foi à toa que várias famílias tradicionais de
comerciantes manauaras se transformaram, da noite pro dia, em poderosos
latifundiários da região.
O meu bisavô havia recebido uma escritura oficial
dada pelo governo português que o nomeava dono de vários alqueires de terra
na comunidade Rio Branco, entre o Lago Grande e a Cachoeira do Aruã, no alto do
Rio Arapiuns, no município de Santarém (PA).
Meus bisavôs acreditavam que iriam ficar ricos com a exploração das drogas do sertão no coração da floresta amazônica, mas acabaram descobrindo que, na realidade, tinham recebido um presente de grego.
A
terra era inóspita e selvagem. No máximo, com muito esforço, conseguiram
estabelecer uma horta de subsistência e uma pequena criação de animais
domésticos (porcos, bodes e galinhas). O suficiente para sobreviver.
O
português Simão Teixeira Sampaio não aguentou as intempéries tropicais e
faleceu quando vovó Paulina ainda era criança.
Minha bisavó Philomena se casou pela
segunda vez com um primo, o comerciante Francisco Gomes Dourado, com quem teve
cinco filhos: Corina, Leonila (aka “Leuca”), Francisca, Temístocles (aka “Tio
Velho”) e Thereza (aka “Floriza”).
Meu
tio-avô Cezário casou com Georgina e teve quatro filhos: Macário, Manuel,
Marciano e Raimundo.
Macário casou com Zolina e teve sete filhos: Ronaldo,
Rosinaldo, Rosenildo, Rosenilda, Rosemilda, Renato e Rosinei.
Manoel casou com
Zeneida e teve uma filha: Rita de Paula.
Marciano casou com Maria e também teve
uma filha: Geany Sampaio.
Raimundo faleceu quando ainda era rapazola.
Meu
tio-avô Matheus Teixeira Sampaio casou com Virgília Medeiros Sampaio e teve 13
filhos: Atarcílio, Almiro, Antônia,
Francisca (aka “Chiquinha”), Raimunda, Miguel, Maria José (aka “Zeca”), Maria
das Dores (aka “Dorinha”), Maria Clotilde (aka “Coló”), Lenira Rosa, Raimunda
Nonata (aka “Dondô”), Maria do Socorro e Manuel Daniel.
Almiro
casou com Francisca Assis (aka “Chicuta”) e teve cinco filhos: José Océlio, Oséias,
Ieda Maria, João Olivar e Iracema.
Miguel casou com Francisca Pires (aka “Chicó”)
e teve sete filhos: Jairo, Manuel Jair, Jacirema, Jacilene Maria, Jailson,
Cleuton e Jandira.
Maria José casou com Manuel Braz e teve dois filhos: Gleuson
e Surama.
Francisca teve seis filhos: Alberto, Abelardo José, Anamor, Altemar,
Manuel Altair e Alcimar.
Maria das Dores teve uma filha: Siomara.
Maria
Clotilde teve cinco filhos: Wallace Rogério, Wandria Patrícia, Amaury, Ângelo e
Alessandra.
Lenira Rosa casou com Cosme Fernandes de Moura e teve quatro
filhos: Almir, Aldenis, Ana Lígia e Alba Leda.
Raimunda Nonata casou com Manoel
Marinho e teve dez filhos: Mara Virgília, Márcio Roberto, Mazzio Ronald, Márlia
Valéria, Márlio Ranieri, Márlon Rudson, Manoel Marinho Filho, Matheus Sampaio
Neto, Márlison Rudney e Marne Rodrigo.
Manoel Daniel casou com Maria e teve
quatro filhos: Danilo, Douglas, Dirceu e Daniel.
Maria do Socorro Sampaio casou
com Alberson Sousa (aka “Anízio”) e teve cinco filhos: Alderbruno (aka “Bruno”),
Ádria Soyara, Alderson, Aldercley e Adna Synara.
Dos
meus tios-avôs do segundo casamento de minha bisavó, Corina casou com Fidelis e
teve quatro filhos: José Guilherme, Maria da Luz, Osvaldina (aka “Bebé”) e
Terezinha (aka “Tetê”).
José Guilherme casou com Dinair e teve seis filhos:
Gilberto, Dinarte, Dilma, Eremar, Jovane e Dinamar.
Maria da Luz casou com
Ermínio e teve três filhos: Adry, Aldinan e Aldenora.
Osvaldina casou com
Noquinha e teve nove filhos: Pedro Antônio, Helena Maria, Valdina, Luiz
Antônio, Valdir, Valdenilson, Valdenira, Vania, Vladimir e Vlamir.
Terezinha
casou com Jarito e teve nove filhos: Filomena, Jair, Pedro Paulo, Jorge, Jairo,
Tânia, Jerry, Telma e Jane.
Leonila
casou com Prudêncio Fonseca e teve cinco filhos: Reinaldo, Rosinaldo, Maria de
Fátima, Marcina e Rubens José.
Reinaldo casou com Maria Belém Costa e teve duas
filhas: Izabelly e Luciana.
Rosinaldo casou com Elcy Oliveira e teve quatro
filhos: Marta Silvia, Gilda Elizabeth, Rosinaldo Júnior e Jefferson.
Maria de
Fátima teve uma filha: Ana Cláudia.
Rubens José casou com Rosemary Barros e
teve três filhos: Rubens Júnior, Ricardo Bruno e Rafaela.
Teresa
casou com Vicente Alves e teve nove filhos: Maria do Carmo (aka “Mimi”),
Claudina (aka “Didica”), Raimundo Dourado (aka “Diquito”), Dulcila, Zezuíla
(aka “Zizi”), Raimundo Cassiano (aka “Didico”), Francisca, Pedro e Maria de
Nazaré (aka “Mariinha”).
Claudina casou com Salustiano
Fonseca e teve onze filhos: Maria Ivanilda, Ivacilda, Ivailton, Nilza, Gorete,
Ivando, Ivan, Erotildes, Ivaldo, Ivanilce e Ivanderlucia.
Raimundo
Dourado casou com Quitéria Guimarães e teve quatro filhos: Maria Glorita, Paulo
Raimundo, Tereza Nelma e Maria de Nazaré.
Dulcila casou com Oséias e teve dois
filhos: Denise e Oséias Júnior.
Raimundo Cassiano casou com Oleda Said e teve
sete filhos: Dilberto, Salim, Dilma, Aparecida, Dinamor, Dilete e Dilson.
Francisca casou com Estevão e teve dois filhos: Neuma e Estevão Júnior.
Maria
do Carmo (aka “Mimi”) teve um filho: Raimundo Solano.
Raimundo Solano casou com a Conceição e teve três filhos: Núbia, Junior Solano
e Marcelo.
Francisca
viajou para Portugal onde casou com Inocêncio e teve quatro filhos: Zizito,
Madalena, Helena e Inocência (aka “Filó”).
O Temístocles
ficou solteiro a vida inteira, o que lhe originou o apelido de “Tio Velho”.
No
dia 16 de julho de 1916, minha avó Paulina, então com 21 anos, se casou com um
jovem cearense de 26 anos chamado Raymundo Monteiro Pessoa, na capela de
Mucajá, no Lago Grande, em cerimônia oficiada pelo Frei Sandoval Electo.
Nascido
em Aurora (CE), terra natal do artista plástico Aldemir Martins, meu avô Ray
era oriundo de uma pequena família de agricultores da Chapada do Araripe, no
sertão do Cariri, que migraram para o Pará em busca de um futuro melhor.
Raymundo
e Paulina tiveram quatro filhos: João, Maria, José e Simão Monteiro Pessoa
(nascido em 9 de julho de 1923).
Acostumado a prear bodes na caatinga
nordestina, meu avô Ray não resistiu às malárias da região amazônica. Um
cearense da cepa vencido pelo mosquito anofelino.
Morreu na flor da idade, com
pouco mais de 35 anos. Meu pai tinha apenas dois anos.
Em
função da morte prematura do marido, Paulina abandonou a região do Lago Grande
e conduziu o seu pequeno clã para Alter do Chão, nas proximidades de Santarém,
permanecendo lá durante alguns anos.
Quando papai tinha 15 anos, nossa avó
mudou de pouso mais uma vez para tentar a vida em Belterra, aonde acabou
falecendo no ano de 1940.
A grande perda fez com que os laços entre os quatro
irmãos se fortificassem ainda mais, a despeito de cada um deles ter de iniciar
a construção de sua própria lenda pessoal.
Pai
Simão, o caçula, então com 17 anos, optou em ir para Fordlândia, uma
cidade-industrial projetada e habitada por americanos (o que lhe possibilitou
dominar os rudimentos da língua inglesa) e que tinha como principal base
econômica o cultivo de seringais.
Nesta cidade, ele trabalhou em uma filial das
célebres Lojas Pernambucanas e depois na “Companhia”, nome genérico que os
nativos davam para a Ford Motor Company, a empresa americana dona do empreendimento.
Algum tempo depois, ele foi convidado pelo comerciante Zé Moraes para trabalhar
em seu comércio varejista a partir das 16 h, término de seu expediente na
Companhia.
Nesse
meio tempo, tia Maria se apaixonou por um príncipe misterioso chamado Jovino Dantas
Batista, que a desposou e a levou para morar no reino encantado de Boa Vista
(RR).
Eles tiveram cinco filhos: Raquel, Rossicler, Rosinete, José Alberto (aka “Cazuza”) e
Socorro.
Raquel
casou com Lourenço Braga e teve três filhos: Lourencinho, Juliana e Bruno.
Rossicler casou com Rodrigo Marques e teve três filhos: Rildo, Rossinara e
Rodriguinho.
Rosinete casou com Valdeir Azevedo e teve seis filhos: Socorrinha,
Conceição, Roseana, Luciana, André e Junior.
Cazuza casou com a Lia e teve uma
filha: Lilian.
Socorro casou com o Almir (aka “Possante”) e teve três filhas:
Patrícia, Inara e Lisandra.
Tio
João se transformou em comerciante e foi procurar essências de pau rosa no fim
do mundo – qualquer calha de rio desconhecido que desaguasse no caudaloso Rio
Tapajós.
Ele se casou com Disteva e teve sete filhos: Francisco, Raimundinho,
João, José, Maria da Luz (aka “Nena”), Maria de Jesus e Deusa.
Francisco casou com Pedrina e teve seis filhos: Sônia, Silvana, Sandra, Rita de Cássia, Silene e João Pessoa Neto.
Raimundinho casou com Francisca e teve cinco filhos: Francinelma, Rosinelson, Rosenilson, Rosinaldo e Francilene.
Nena teve uma filha: Michelle.
Maria de Jesus casou com o Zequinha e teve cinco filhos: Jacira, Jandira, Nelma, Jefferson e José Augusto.
Deusa teve uma filha: Raimunda Nonata.
Francisco casou com Pedrina e teve seis filhos: Sônia, Silvana, Sandra, Rita de Cássia, Silene e João Pessoa Neto.
Raimundinho casou com Francisca e teve cinco filhos: Francinelma, Rosinelson, Rosenilson, Rosinaldo e Francilene.
Nena teve uma filha: Michelle.
Maria de Jesus casou com o Zequinha e teve cinco filhos: Jacira, Jandira, Nelma, Jefferson e José Augusto.
Deusa teve uma filha: Raimunda Nonata.
Homem
de sete instrumentos, tio José foi capataz de fazenda, prático de embarcação,
gerente de serraria, motorista de caminhão, dono de garimpo e um incansável
perseguidor das icamiabas que incendiavam sua imaginação e seus sonhos. Dos quatro irmãos, era o mais fisicamente parecido com o Pai Simão.
Ele se casou com
Felismina e teve seis filhos: Ruth, Ronaldo, Rubens, Maria José, Graça e
Graciete.
Ruth
casou com Miguel e teve dois filhos: Mário e Márcia.
Ronaldo casou com Ivanete
e teve um filho: Renildo.
Rubens casou com Lucilene e teve três filhos: Cíntia,
Sílvia e Rubem Junior.
Maria José casou com Luiz Sá e teve quatro filhos: Luciene, Luciane, Luciana e Luiz Junior.
Graça teve um filho: José Pessoa Neto.
Primo do Pai Simão, Joaquim Cardoso casou com
Iracema Espírito Santo e os dois se transformaram em padrinhos do Simas. Eles
tiveram cinco filhos: Dagoberto, Doralice, Deise, Darcy e Joaquim (aka
“Quincas”).
Irmã da tia Iracema, tia Iracy teve três filhos: Valdemir, Valdir e
Nei.
Também irmã da tia Iracema, tia Sinfrônia Carioca da Costa teve seis
filhos: Carlos, Cláudio, Clóvis, Creuza, Cleber e Cléia.
Irmão da três, tio
Francisco teve uma única filha, Rossineide Espírito Santo.
Tudo índio, tudo parente!
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