Nos
anos 70, o empresário e milionário Felipe Abrahim era dono de um palacete no
cruzamento da Avenida Getúlio Vargas com a Rua 24 de Maio, onde promovia
nababescos bailes de carnaval. A elite baré disputava a tapas os limitados
convites para a fuzarca, naquela que era considerada a mais exclusivista,
badalada e moderninha (para os padrões da época) festa de Manaus.
A
razão de tamanha disputa? As festas de Felipinho reuniam o maior naipe de
mulheres bonitas da cidade, os jornalistas mais informados da cidade, os
milionários mais milionários da cidade e os caricatos mais caricatos da cidade.
Sem
contar que na boca-livre tinha de tudo, de lança-perfume argentino (os mais
chiques e caros) a uísque escocês 24 anos (uma raridade), de pó de pirlimpimpim
(pra voar que nem o Peter Pan) a cão dinamarquês, chicotes e algemas (para quem
era chegado a um sadô ou masô básico).
Numa
dessas festas, o eterno playboy Odivaldo Guerra, morto de louco, resolveu ir
pra casa mais cedo. Ele mal conseguiu colocar a chave na ignição do Maverick
cupê: desmaiou no banco do motorista.
Comandados
por Felipe Abrahim, os foliões aproveitaram aquele momento de fraqueza do
folião para se esbaldar. Despiram o playboy, vestiram ele com uma extravagante roupa de baiana,
fizeram uma maquiagem escandalosa (sombra, blush, batom vermelho-hemorragia), levantaram os vidros
do veículo, trancaram o carro por fora e jogaram a chave no quintal da
Beneficente Portuguesa.
A
“Carmem Miranda” acordou por volta do meio-dia encharcada de suor, e cercada
por uma multidão incalculável de transeuntes curiosos.
Quando
percebeu o que havia acontecido, o eterno playboy da Cachoeirinha queria briga. Choses.
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