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terça-feira, outubro 30, 2018

Primeira Lição das Pedras


O ex-encrenqueiro Renato Doido

            Novembro de 1974. Depois de uma matinê no Cine Ypiranga, a cachorrada (Arlindo Jorge, Sici Pirangy, Chico Porrada, Carlinhos, Renato Doido, Airton Caju, Gilson Cabocão, Paulo César Dó, etc) vai caminhando pelas ruas do bairro até o bar do seu Amadeu, no canto das ruas Parintins e Urucará. Lá, pedem uma garrafa de cachaça Tatuzinho, misturam com guaraná Andrade e começam a biritar.

Por volta das 19h, um casal passa de mãos dadas pela frente no bar, em direção à rua Tefé. O abusado Renato Doido pirou o cabeção. Ele vai para a porta do bar e abre o verbo:

– Gostosa! Bunduda! Peituda! É de uma máquina dessas que estou precisando pra trocar o óleo! Vai lá pra casa que eu te dou grana, comida e roupa lavada, pedaço de mau caminho!
Quinze minutos depois, um sujeito chega ao bar.

– Meus amigos, com licença, mas você sabem qual foi a pessoa daqui que ficou jogando piadinhas pra minha esposa quando a gente ia passando?...

– Foi aquele ali! – avisou Arlindo, apontando para o Renato Doido.

– Será que vocês me permitem dar umas porradinhas nele? – insistiu o sujeito.

– Fique à vontade, meu amigo! – devolveu Sici Pirangy.

O sujeito segurou o Renato Doido pelo colarinho, levou para fora do bar e lhe deu um samba de crioulo doido. O abusadinho apanhou mais do que boi ladrão. Terminada a sova, o sujeito agradeceu pelo fato de ninguém ter se metido e foi embora.

Coma fuselagem totalmente avariada, Renato Doido estava inconformado:

– Vocês não são meus amigos! O cara me enchendo de porrada e ninguém se meteu! Vocês não são meus amigos, porra! Vocês são uns traíras!

– Teus amigos, nós somos! – avisou Arlindo Jorge. – O que não está certo é você fazer graça com pessoas que nem conhece. Você gostaria que alguém fizesse o mesmo com a tua namorada?...

Pelo visto, Renato Doido aprendeu a lição, já que nunca mais repetiu a façanha.

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