O cantor e compositor Rui de Carvalho
Julho de 1980. Recém-casados, Mário Adolfo e Maria Teresa estavam passando a lua de mel no Rio de Janeiro, quando o cantor e compositor Rui de Carvalho apareceu no apartamento deles, na tarde de um sábado, e convidou os dois pombinhos para uma tour alcoólica pelos principais botequins da cidade. Abstêmia convicta, Maria Teresa recusou polidamente o convite. Mário Adolfo resolveu encarar.
Ele
e Rui de Carvalho começaram seu passeio pelo Bracarense e, depois que meteram o
pé na jaca, foram de Cervantes, Bofetada, Clipper, Bar Senegal, Bar Magnífico,
Bar do Luiz, Lamas, Diagonal, Bar Brasil, Tangará, Paladino, Paulistinha,
Braseiro, Petisco da Vila e o diabo a quatro.
Beberam
uma tonelada de “garotos”, aquele chopinho em copo pequeno, e detonaram
trocentos tipos de iscas diferentes (ovos coloridos, carne-seca desfiada,
lombinho, linguiça, nhoque, bolinho de bacalhau, ostras, fígado de galinha,
salaminho, queijos, picles, moela, torresmo, camarão a vapor, aipim, ovos de
codorna e por aí afora).
Quando
encerraram a esbórnia, já de madrugada, o fígado do jornalista estava pedindo
penico.
No
dia seguinte, Maria Teresa havia agendado previamente um passeio no bondinho do Pão de
Açúcar. Mesmo com uma ressaca da moléstia, Mário Adolfo resolveu acompanhar a
patroa.
Sua
barriga emitia ruídos estranhos, acompanhados de calafrios e cólicas cada vez
mais fortes. O biodigestor não estava dando conta das iscas devoradas na
véspera sob uma cachoeira de chope.
Para completar, era domingo. E domingo, como se sabe, o bondinho do Pão de Açúcar fica de gente que nem urubu em carniça de vaca atolada.
Para completar, era domingo. E domingo, como se sabe, o bondinho do Pão de Açúcar fica de gente que nem urubu em carniça de vaca atolada.
Imprensado
no meio de 64 passageiros, Mário Adolfo soltou um silencioso “bufa” dentro do
teleférico, no início do trajeto morro da Urca-Pão de Açúcar.
O cheiro de rato podre rapidamente empesteou o ambiente. Algumas pessoas começaram a passar mal. Outras tiveram ânsia de vomitar. Foram três minutos de desespero.
O cheiro de rato podre rapidamente empesteou o ambiente. Algumas pessoas começaram a passar mal. Outras tiveram ânsia de vomitar. Foram três minutos de desespero.
Assim
que a porta do bondinho abriu no ponto de chegada, uma senhora idosa, com
inflexões de raiva mal-contida, falou bem alto, pra todo mundo ouvir:
–
O nojento que fez uma desgraceira dessas deve rezar pra salvar a alma porque o
seu corpo já está podre em vida e não tem mais jeito...
Sério que só guri mijado no cueiro, o jornalista Mário Adolfo
limitou-se a concordar com a anciã balançando afirmativamente a cabeça. Um
artista!
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