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segunda-feira, julho 11, 2011

Aula 13 do Curso Intensivo de Rock: Muddy Waters


“O primeiro guitarrista pelo qual me interessei foi Muddy Waters. Ouvi um de seus discos quando era um garotinho e aquilo me arrepiou até a alma.”

A declaração foi dada por Jimi Hendrix, em entrevista para a revista Rolling Stone, no final dos anos 60.

Os estudiosos do assunto costumam afirmar que Muddy Waters foi, sem sombra de dúvidas, o mais influente de todos os mestres de blues.

Nascido McKinley Morganfield em pleno Delta do Mississippi, em 1915, ele passou seus 68 anos de vida dedicado de corpo e alma ao blues.

Seu estilo de cantar e de tocar guitarra foram imitados por incontáveis aristas que só pode se comparar ao de músicas que compôs ou gravou – uma delas, “Rollin’ Stone”, inspirou tanto o nome daquele famoso grupo britânico, como o daquela conceituada revista americana.

Mas uma nota musical de Muddy vale mais do que mil palavras sobre ele.

Um de seus melhores álbuns, “Folk Singer”, totalmente acústico, foi gravado em 64, na época em que o bluesman já estava idolatrado por grupos de rock’n’roll e rhythm’n’blues dos dois lados do Atlântico como gênio da guitarra elétrica.

Muddy teve álbuns mais famosos do que este, como “Muddy Waters Live At Newport” (60) e o psicodélico “Eletric Mud” (68), ambos discos eminentemente elétricos – como a maioria dos álbuns gravados por ele.

Mas “Folk Singer” é bem adequado para esta época em que todo mundo está ligado no “unplugged”.


Muddy sabia – e demonstrou muito bem no disco – que existe uma diferença entre tocar alto e ser eloqüente.

Bom, mas que história é essa de chamr um bluesman – e logo um dos mais importantes – de “cantor folk”?

Muito simples: Muddy foi descoberto para o público branco em 41, por uma dupla de pesquisadores de folclore americano: John e Alan Lomax (pai e filho).

E vários temas que ele interpretava eram adaptações de canções ou blues folclóricos.

O disco “Folk Singer” saiu no início de 64, quando a folk music – território de Bob Dylan, Joan Baez, Peter, Paul & Mary e quetais – era o “quente” para os jovens que não gostavam de pop rock (leia-se as maravilhas dos Beach Boys ou o rock-brega feito pelos Pat Boones da vida, pois a tal da “beatlemania” ainda estava para dobrar a esquina nos EUA).


No disco, Muddy ora toca e canta sozinho, ora faz dueto com um jovem muito talentoso, Buddy Guy (assim como Waters, outra notória influência de Jimi Hendrix).

Em algumas faixas temos a simplicidade e a eficiência do contrabaixista Willie Dixon (um mestre nas produções do selo Chess) e do baterista Clifton James.

Há que se falar ainda do co-produtor do álbum (junto a Dixon), o grande Ralph Bass, cujas glórias incluíram o trabalho com feras como Howlin’ Wolf e os jazzistas Charlie Parker e Dizzy Gilespie, além da descoberta de James Brown.

Das “canções folk”, constam a célebre “Good Morning, School Girl”, “My Captain”, “Cold Weather Blues” e outras que – mesmo para quem só conhece os hits como “Rollin’ And Tumblin’” e “Got My Mojo Workin’” – devem ser investigadas por aqueles que se interessam por blues sem toques “modernosos” (camas de teclados, caixa de bateria em primeiro plano e por aí afora).

Para o verdadeiro blues, um bom violão já é mais que suficiente, como prova “Feel Like Going Home”, o belo clímax do disco, onde Muddy se descabela sozinho no vocal e na slide guitar.

É ali que ele demonstra ser a melhor transição entre Robert Johnson e os bluesmen dos anos 60.

Enfim, como diz o texto que está na contracapa do álbum, “não importa se Muddy é folk ou blues, o importante é ouvi-lo”.

Nos anos setenta, abandona sua antiga gravadora (Chess Records), e lança alguns discos produzidos por Johnny Winter, além de registrar uma participação histórica no filme “The Last Waltz” do The Band.

No início da década seguinte, começa a sofrer alguns problemas de saúde, e acaba falecendo em Chicago, em abril de 1983, devido a um ataque cardíaco.

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