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quinta-feira, julho 28, 2011

Como carcar uma internauta num chat de pegação


Como você já pôde perceber, caro gafanhoto, vivemos numa era de império da técnica.

Nosso dia-a-dia é recheado de manuais e instruções de uso.

Até as coisas mais simples passaram a exigir tamanho grau de especialização, que somos capazes de morrer de fome se não soubermos apertar as teclas do microondas.

Sem querer, somos obrigados a entender de tudo: wireless, celular, palm-top, internet, pagers, e-books, iPod, servidores, orkut, twitter, facebook, skype, o diabo a quatro.

Para evitar que você se torne um “mané tecnológico”, daqueles que só entendem de coisas que podem ser ligadas numa tomada, nós resolvemos lhe dar uma mãozinha.

Afinal, se você já decorou todos os menus de ajuda do Windows, está mais do que na hora de decorar todas as opções que você tem para aprender a fazer sexo virtual.


Aliás, você já pensou como seria a vida sem fazer sexo?

Não consegue?

Não consegue o quê, pensar ou fazer sexo?

Nos dias – e nas noites e madrugadas – de hoje é possível fazer sexo e conhecer novas garotas, mesmo se você não consegue fazer nenhuma das duas coisas, graças à Internet.

Basta ter tesão, um computador à mão, modem, linha telefônica, conhecer alguns truques para acender a imaginação da parceira e conseguir se excitar com as babaquices que ela escreve na tela.

Se sua vida sexual real estiver tão desvalorizada quanto a moeda americana, se esforce ao menos para que a sua vida sexual virtual seja plena e satisfatória.

Com esta finalidade preparamos para você as seguintes dicas, que – se aplicadas corretamente – lhe proporcionarão horas de excitação, gozos alucinantes, e uma conta telefônica mais alucinante ainda, se você não conseguir conter seus impulsos.

Mas vamos com calma, gafanhoto.


Criada por nerds metidos a besta, a Internet já nasceu pretensiosa, entupida de palavras como “avatar”, “cyberspace” e “webmaster”.

Você sabe exatamente o quê é o quê?

Não?

Então aprenda.

Avatar: você se chama Wandercleyson, mas no Orkut seu nome é Wanderléa e no Facebook, Wanderlaine.

Blogosfera: um monte de gente que passa o dia inteiro escrevendo “meum umbigo é taum lindauuum huahuahuahua kkkkkkkk”.

Chat: vários homens com pseudônimos femininos escrevendo obscenidades uns pros outros.

Cracker: bolacha salgada que você come na frente do computador pra não ter de sair do chat.

Cyberspace: não sei quando vai estrear, mas o Keanu Reeves faz o papel principal.

Flog: blog meio viado, cheio de florzinhas e fotos artísticas de quinta categoria.

Hacker: sujeito que manipula satélite da Nasa só pra sacanear página de desafetos no Orkut e no Facebook, não necessariamente nesta ordem.

Internauta: pessoa solitária com sérias dificuldades para fazer amigos.

Orkut: rapaz turco que cultiva hábitos muito feios, tipo dizer pros outros: “stay beauuuuutiful!”

Spam: e-mail que a gente apaga sem ler, geralmente enviado por assessores de imprensa (eles pensam que a gente lê).

Second Life: lugar onde você pode soltar a Wanderléa que existe dentro de você

Viral: e-mail que vende viagra, aumenta o tamanho do seu pênis e ainda vem com um cheque do Bill Gates.

Virtual: único tipo de sexo que você fez nos últimos dois anos.

Web ring: Foi o que o MisterLoverman (José Posidônio, 60) deu à Wanderléa (Wandercleyson, 32) quando eles ficaram noivos no Second Life.


Agora que você já aprendeu as mumunhas básicas do mundo virtual, entre num chat de pegar vagabas e comece a teclar.

Antes de mais nada, capriche na ortografia.

Não existe nada mais broxante do que ler “vai, gostoza, me faiz gosar” ou “xupa minha mãjuba, meu tezão”.

Se você não encontrou nenhum erro nas frases anteriores, é sinal claro de que você não está preparado para a era digital e deve continuar na manual.

Compre alguns cadernos de caligrafia, meia dúzia de livros de gramática, se matricule num curso público de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e bom proveito.

Se estiver conversando com várias pessoas ao mesmo tempo concentre-se para não trocar as bolas (sobretudo se você for espada) e evitar assim situações ridículas e constrangedoras, como dizer: “ai, amor, como você mexe gostoso”, antes mesmo dela tirar a roupa.

Coordenação, disciplina e senso de organização são essenciais no caso do sexo grupal, realizado nas salas de bate-papo.

É imprescindível instituir um coordenador, de preferência um engenheiro de tráfego, para evitar penetrações triplas, quádruplas ou poligonais indesejadas.

Tente falar com pessoas da sua mesma língua e que dominem as mesmas gírias que você.

Explicar e/ou traduzir cada coisa que pretende fazer acaba de vez com o tesão.

Se você pedir para sua parceira portuguesa colocar a camisinha com a boca e ela se negar, dizendo que está fazendo muito calor ou que pode se engasgar, deixe pra lá e vá em frente, ou pra trás, de acordo com a sua preferência.

Ou, melhor ainda, mude de sala.


Como você não sabe quem está teclando do outro lado, se certifique primeiro de que a sua parceira gostosona seja realmente do sexo-alvo e não um viado qualquer se fazendo passar pela Beyoncé.

Se ela se diz mulher, pergunte sobre marcas de absorventes ou receitas para tirar manchas de sapatos.

Talvez a transa virtual não resulte das melhores, mas – na pior das hipóteses – você terá ganho um pouco de cultura geral, o que será útil se um dia você decidir trocar de sexo.

Pergunte (e cheque) alguns dados concretos da sua parceira (idade, cidade, estado civil, CIC, RG, título de eleitor, etc.).

Talvez isso diminua um pouco o tesão, mas assim você evitará surpresas desagradáveis, como, por exemplo, ficar se excitando com sua própria madrinha em viagem de turismo pelo Casaquistão.

Essas coroas são fogo, ainda mais quando estão solitariamente tristes num hotel de merda perdido no meio nas estepes asiáticas!


Não é muito romântico, mas abreviações ajudam a diminuir o tempo de espera e o tráfego na rede, p. ex. (esta não conta, quer dizer “por exemplo”):

acdtomfs: a cor de teus olhos me faz sonhar

sdpevmmfh: só de pensar em você, meu membro fica hasteado

oaqetveme: o aroma que exala tua vulva está me entorpecendo

mmepprsf: minha mangueira está pronta para receber sua florzinha

cemvnbecatl: coloca esse mastro viril na boca e chupa até tirar leite

eqtpnctdnsetfm: eu quero te pegar no colo, te deitar no solo e te fazer mulher

vtfucmiqtxvfecv: vou te fazer um cavalo marinho invertido que tua xereca vai ficar em carne viva

xmmcheevtqs: xiii! minha mulher chegou e eu vou ter que sair!

inmaa: isso nunca me aconteceu antes

aaaaaaaaaahhhhrrgggfffffffaaaaaaaaaaaaaa: gozei!

ip: ih, peidei!

Algumas regras da etiqueta do sexo ao vivo devem ser preservadas também no sexo virtual: não desligue logo depois de gozar (equivale a virar de costas e começar a roncar), nem saia correndo para tomar banho, a não ser que você tenha um laptop a prova d’água.

Nunca, mas nunca mesmo, pergunte “quanto te devo?”.

Infelizmente, a Internet ainda não é 100% segura para transações financeiras.

Seguindo atentamente estas dicas, você se converterá em um Don Juan virtualmente irresistível e desejado por pessoas de ambos os sexos dos quatro cantos do planeta.

E tudo isso sem gastar um puto (ou uma puta) em motéis fuleiros e nem ter de aturar mocréias com bafo de onça, bundas cheias de celulite e peitos na altura do joelho, fazendo o maior barraco por causa das merrecas que você deu como pagamento pelos serviços prestados.

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