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segunda-feira, julho 11, 2011

Aula 14 do Curso Intensivo de Rock: B. B. King


Nascido no dia 16 de setembro de 1925, entre Indianola e Itta Bena, Riley B. King é filho dos meeiros Albert e Nora Ella King.

Seus pais se separaram quando ele tinha quatro anos e sua mãe morreu quando ele fez nove anos, deixando-o com a avó, Elnora Farr, em Kilmichael.

Riley teve uma infância difícil – aos 9 anos, o futuro bluesman vivia sozinho e colhia algodão, trabalho que lhe rendia 35 centavos de dólar por dia.

Ele também viveu por pouco tempo com o pai, em Lexington, Mississipi, mas o novo enteado era muito diferente dos demais filhos de seu pai.

“Descobri que tinha três irmãs e um irmão e, volto a repetir, ainda me sentia sozinho”, relembrou durante uma entrevista.

Riley começou por tocar violão, a troco de algumas moedas, na esquina da Igreja com a Second Street.

Aos 19 anos, o jovem rapaz casou-se com Martha Denton e foi promovido de colhedor de algodão para motorista de trator.

Mas ele tinha outros objetivos.

Carregando seu violão Stella para Indianola e outras cidades próximas nos fins de semana, ele tocava nas esquinas das ruas para aumentar o pequeno orçamento doméstico.

Embora tivesse aprendido música gospel, Riley King rapidamente descobriu que o ritmo do blues de T-Bone Walker ou Ivory Joe Hunter faziam mais sucesso.

No ano de 1947, ele partia para Memphis, no Tennessee, apenas com sua guitarra e U$ 2,50 dólares no bolso.

Memphis era a Meca de todos os músicos importantes do Sul, porque sustentava uma vasta e competitiva comunidade musical em que todos os estilos musicais negros eram contemplados.

Nomes como Django Reinhardt, Blind Lemon Jefferson, Lonnie Johnson, Charlie Christian e T-Bone Walker tornaram-se ídolos de Riley King.

“Num sábado à noite ouvi uma guitarra elétrica que não estava tocando spirituals. Era T-Bone interpretando Stormy Monday e foi o som mais belo que alguma vez ouvi na minha vida”, diz ele. “Foi o que realmente me levou a querer tocar blues.”

A rádio WDIA queria se tornar a primeira estação negra do país e precisava de talentos.

King foi contratado, principalmente porque foi bastante rápido para compor um jingle para Pep- Ti-Kon, um novo tônico que patrocinava a estação.

Ele precisava de um nome artístico para a rádio.


Foi quando assumiu o apelido de “Beale Blues Boy”, inspirado na música “Beale Street Blues”.

O “Beale Street Blues Boy” (mais tarde abreviado para “Blues Boy” ou “B.B.”) cantava ao vivo no ar, fazia gravações e promovia suas músicas em clubes espalhados pela cidade.

No inverno de 1949, B. B. King se apresentou num salão de dança em Twist, no Arkansas.

Com o intuito de aquecer o salão, acendeu-se um barril cheio de querosene no centro do salão, prática muito comum na época.

Durante a apresentação, dois homens começaram a brigar e entornaram o barril que imediatamente espalhou chamas por todo o lado.

No meio da confusão, já fora do estabelecimento, B. B. King percebeu que tinha deixado a sua guitarra de 30 dólares no salão em chamas.

Ele voltou a entrar no incêndio para reaver a sua Gibson acústica, escapando por um triz.

Duas pessoas morreram no incêndio.

No dia seguinte, B. B. King soube que os dois homens tinham começado a briga por causa de uma mulher chamada Lucille.

A partir dali, ele passou a designar as suas guitarras por esse nome, para “se lembrar de nunca mais fazer uma estupidez daquelas”.

O disc-jóquei da WDIA, Rufus Thomas, que ficou famoso por “Walkin’ The Dog”, era o mestre-de-cerimônias de um show de talentos semanal no Palace Theater, onde King ganhou um prêmio por manter o primeiro lugar durante várias semanas.

Foi Rufus Thomas que o incentivou a gravar suas próprias músicas.

Em 1952, uma música de B. B. King, “Three O’Clock Blues”, ficou em primeiro lugar nas paradas da R&B.

A letra explorava uma desilusão amorosa do autor: “São três horas da manhã, baby / E eu nem posso fechar os meus olhos / Eu não consigo achar a minha mulher / Eu não consigo ficar numa boa”.

Com o sucesso de várias músicas subsequentes, B. B. King começou a fazer turnês nacionais sem parar, atingindo uma média de 275 concertos por ano.

Só em 1956, o bluesman e a sua banda fizeram 342 concertos, quase um por dia!

Dos pequenos cafés, teatros de “gueto”, salões de dança, clubes de jazz e de R&B, grandes hotéis e recintos para concertos sinfônicos aos mais prestigiados recintos nacionais e internacionais, B. B. King rapidamente se tornou o mais conceituado músico de blues da América.


Mas se a carreira de King decolou nos anos 50, ela perdeu o ritmo na década de 60, com o surgimento de Elvis Presley e o rock-and-roll.

Naquela época, o blues era considerado antiquado até mesmo para o público negro de King.

Alguns acontecimentos no final dos anos 60 ajudaram a mudar isso.

Por insistência dos Rolling Stones, B. B. King fez sua estréia em concertos de rock, tais como os Fillmores West e East e assinou contrato com o poderoso empresário Sid Seidenberg.

No palco do Fillmore East, em 1968, King foi aplaudido delirantemente antes mesmo de começar a tocar.

O sucesso de “The Thrill Is Gone” no Top 20, em 1969, garantiu-lhe um lugar no The Tonight Show – tornando-o o primeiro astro do blues a realizar a façanha.

A vida familiar de King sofreu com suas constantes viagens.

Casado e divorciado duas vezes, King teve 15 filhos, com 15 mulheres diferentes, todos sustentados por ele.

Ele já tem sete netos na faculdade.

“Não fui o melhor pai, mas ninguém poderia amá-los tanto quanto eu, ninguém teria trabalhado por eles mais do que eu”, diz King, sem esconder a tristeza.

A família que mais o vê é sua banda de oito membros, alguns dos quais estão com ele há mais de uma década, como o trompetista James Bolden que toca com King há 17 anos.

Embora B.B. King tenha vivido por duas décadas em Las Vegas, ele raramente é visto visitando Memphis, onde faz parte da própria imagem da cidade.

Seu nome e imagem aparecem em todos os lugares: na estação de rádio WDIA, na Sun Studios, onde gravou pela primeira vez, no Centro de Folclore do Sul e na Calçada da Fama em Beale Street.

O principal relicário de King é seu bar noturno na Beale Street, B.B. King’s Blues Club, aberto em 1991 que revive o espaço vital do blues.

Há violões autografados nas paredes, juntamente com fotos de King com Eric Clapton, Steve Ray Vaughan, Keith Richards e muitos outros.

Em fevereiro de 1992, ele levou a banda completa para Riverview Junior High, em Memphis, e deu um show de graça em homenagem ao dia nacional da história dos negros.

“Foi a maior emoção de minha vida”, disse a professora Jessie Rhoden. “Ele é a própria história da música negra”.

Recentemente, King reduziu seu calendário de shows, mas não pretende parar de viajar tão cedo. Sua explicação é puramente econômica: “Sou um tocador de blues e vivo disso”.

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