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sexta-feira, julho 29, 2011

Como surgiu a Aurea Veritas Calix (“Cálice da Verdade Áurea”)


Nas guerras medievais, as chamadas grandes batalhas só aconteciam de vez em quando.

Eram mais comuns os cercos a cidades e fortificações, que ficavam na mira de catapultas.

Na famosa Guerra dos Cem Anos, entre a França e a Inglaterra, a cidade portuária de Calais enfrentou um dos primeiros grandes cercos da guerra e resistiu por quase um ano diante dos ingleses, até a população se render em 1347, abalada pela fome.

Em 1356, numa batalha em Poitiers, os ingleses tiveram outra importante vitória.

Caçados por um exército comandado pelo próprio rei francês João II (sucessor de Felipe VI), eles se protegeram numa área pantanosa.

Ao atacar, os cavaleiros franceses atolaram e foram dizimados por arqueiros.

O rei João II foi feito prisioneiro e só libertado após aceitar tratados que garantiam à Inglaterra o controle de territórios na França.


A virada na guerra viria após o cerco a Orleans, que durou sete meses, entre 1428 e 1429.

Os franceses, encurralados, já estavam prontos para se render quando Joana D’Arc, camponesa transformada em grande guerreira, convenceu o rei francês a mandar tropas para a região.

Os ingleses não resistiram e abandonaram o cerco.

O episódio serviu para colocar na história o nome de Joana D’Arc e unir ainda mais os franceses.

Temendo o fortalecimento de uma liderança popular, entretanto, os nobres franceses arquitetaram a entrega de Joana D'Arc para os britânicos.


No ano de 1430, Joana D'Arc foi morta na fogueira sob a acusação de bruxaria.

Mesmo com a entrega da heroína, os franceses conseguiram varrer a presença britânica na porção norte do país.

Em julho de 1453, tropas inglesas tentaram atacar uma fortificação francesa perto de Castillon.

Elas foram derrotadas ao serem recebidas pela recém-introduzida artilharia de campanha - canhões que podiam ser transportados.

Embates continuaram ocorrendo, mas essa batalha é considerada o marco histórico que encerrou a Guerra dos Cem Anos.

Alguns anos depois, durante uma reunião de rotina entre os cavaleiros templários da Antiga e Mística Ordem dos Abatedores de Lebres (AMOAL), Carlos Frederico, um conde flamengo (tinha que ser!) da região de Flandres, que havia instituído a célebre “Ordem do Tesão de Ouro” em honra de Joana D’Arc, questionou por que “o ato de chupar bocetas não estava previsto entre os protocolos da ordem”?

Supostamente, ele havia se iniciado na prática durante um período em que esteve preso num calabouço inglês junto com Joana D’Arc.

Ambos presos com as mãos acorrentadas para trás, valiam-se dos próprios lábios para trocarem carícias íntimas.


Carlos Frederico foi apoiado nesse questionamento pelo templário Filipo Stravaganza, o Belo, Duque de Brabante, e por Alberto Baduíno, o Feio, Príncipe-Bispo de Liége, na época senhores dos atuais territórios de Bruxelas e de Valônia e ambos vassalos do Imperador da Alemanha.

De acordo com os protocolos secretos da AMOAL, o cunnilingus é uma antiga arte de oratória utilizada para se comunicar apropriadamente com uma parte específica do corpo feminino.

Como os machos de verdade jamais entendem as mulheres, os maiores especialistas nesta arte, evidentemente, são os sapatões.

O termo cunnilingus tem sua origem no latim.

“Lingere” significa “lamber” e “cunnus” significa “enrugadinho”.

Enfim, praticar cunnilingus nada mais é do que o ato de estimular um cuzinho – ou, na falta deste, uma vagina – com a língua.

Sua história nos remete até os primórdios da humanidade.

Nossos ancestrais das cavernas podem ter observado e copiado a presepada dos animais selvagens que, atraídos pelo forte odor, têm o hábito de cheirar e lamber os genitais de seus congêneres.

Os cães domésticos fazem isso até hoje.

O termo felação (do latim “fellatio”) é o sexo oral feito no genital masculino, seja ele feito por homem ou por mulher.

No caso de homem chupando homem (argh!), se chama passivo o vagabundo que pratica a felação (o “chupador”) e ativo, o vagabundo que a recebe (o “chupado”).

O animal que faz as duas coisas ao mesmo tempo, de acordo com o movimento das marés do oceano, é chamado de “entendido”, “viadinho filho da puta” ou “bissexual dos quatro costados”.

No mundo civilizado, há registros de felação na Grécia e no Egito antigo, mas nada de cunnilingus.

A prática do sexo oral era historicamente vista como a submissão de uma pessoa ao controle de outra.


Com isso, nas sociedades antigas onde a figura masculina sempre foi vista como a única detentora das forças física e intelectual, considerava-se extremamente vergonhoso para um homem se submeter a praticar o cunnilingus com uma mulher.

Portanto, um jovem pederasta grego iria preferir muito mais se ajoelhar perante um Sócrates e engolir a flauta de Eros do educador da juventude do que descobrir os encantos vulvovaginais de uma ninfa filha de Afrodite.

Com o advento do cristianismo, o prazer sexual passou a ser visto como uma porta aberta à entrada do demônio.

Na Idade Média, o sexo oral era um tipo brando de sodomia e esta era considerada um dos mais graves pecados veniais.

O fato é que, no início, o ato do sexo oral na mulher era normalmente feito no cu, mas depois com o surgimento da expressão “beijo grego” a palavra cunnilingus tomou o significado atual.

Aquilo poderia ser considerado, quando muito, um aperitivo, uma “boutade”, um ingênuo desvio de conduta, mas nunca uma relação sexual plena e satisfatória.

Essa era a única razão para a prática do cunninlingus não fazer parte dos ritos oficiais da AMOAL.

Os nobres templários Carlos Frederico, Filipo Stravaganza e Alberto Baduíno (os três sofriam de impotência crônica, soube-se depois) não gostaram do que ouviram e decidiram implantar um núcleo dissidente dentro da AMOAL, em que chupar boceta seria o prato principal.


Nascia a Aurea Veritas Calix (“Cálice da Verdade Áurea”, também conhecida como “AVC”, que no Brasil foi batizada de “Associação dos Viciados em Cunnilingus”), uma entidade esotérica ligada ao lado negro da Força.

Apesar de não ser reconhecida oficialmente pela AMOAL, a AVC continua orbitando em sua área de influência, ao mesmo tempo em que mantém sua independência de propósitos e rituais específicos.

Em Manaus, somente na zona sul da cidade, existem pelo menos doze grandes mestres da AVC, reconhecidos mundialmente pelas suas congêneres ao redor do planeta: Simas Pessoa, Giovani Bandeira, João Ricardo Sena, Val Wilkens, Paulo Caramuru, Sici Pirangy, Celestino Neto, Marco Gomes, Luiz Lobão, Áureo Petita, Zé Guedes e Jones Cunha.

E a cada final de semana, eles arrebanham pelo menos novos cinco adeptos para a sua jihad particular.

A última conversão foi a do poeta Marcileudo Barros.

Desconfio, sem poder provar, que, atualmente, seis em cada dez mestres da AMOAL são adeptos dessa prática.

Eu não, que eu não sou chegado.

De acordo com os protocolos secretos da AVC, algumas regras devem ser observadas durante a prática do “beijo grego”.


Antes de tudo, é necessário ter uma boa língua e um pouco de grana para conseguir levar uma mulher pra cama para ser, literalmente, lambida dos pés a cabeça.

Além disso, é necessário que a mulher escolhida seja higiênica, porque executar cunnilingus numa vagaba que não tenha tomado um mísero banho há 24h pode causar morte por ingestão involuntária de bacalhau estragado.

A prática, em si, é bem simples.

A mulher que for receber o carinho, deve apenas fazer o mesmo de sempre: ficar de pernas abertas, olhando para o teto e pensando em que cor ele ficaria melhor.

Quem executa o ato deve lamber a xereca como se fosse um cachorrinho recém-nascido em busca de leite.

É proibido babar, morder, enfiar o dedo, roçar a barba, tirar a boca pra cuspir ou sentir nojinho, mesmo que o cheiro do capô de fusca lhe embrulhe o estômago.

Para ser um grande mestre da AVC, você também precisa resistir ao “beijo grego” por mais de 45 segundos, já que 99% dos homens não aguentam a provação por mais de 10 segundos e querem logo pular em cima da menina pra atochar o chouriço.

Foi para reduzir esse stress masculino que se inventou a posição 69.

Praticar o cunnilingus é como encontrar uma surpresa dentro de um Kinder ovo: às vezes, você fica feliz, às vezes, você fica decepcionado, mas o mais legal é saber que depois de tudo você vai poder comer o chocolate propriamente dito.


De acordo com 90% das mulheres heterossexuais, apenas um homem em cada 100 mil é capaz de fazê-las chegar ao orgasmo por meio do cunnilingus, o que prova que isto é muito mais uma fantasia masculina do que feminina.

Em compensação, 95% das mulheres homossexuais chegam ao orgasmo por meio do cunnilingus quando praticado por uma fêmea semelhante a elas.

Aparentemente, isso se deve ao fato de os homens heterossexuais não saberem muito bem latim, nem se esforçarem o suficiente para aprender o idioma.

Diferente do cunnilingus, a felação praticada por uma mulher em um homem faz parte dos sacramentos da AMOAL.

Existe, inclusive, um aforisma a respeito: “Deus deu um pinto aos homens porque assim eles teriam como fazer as mulheres calarem a boca”.

Deus é Deus por isso: porque é muito espirituoso!

Somente há poucas décadas, com as mulheres brigando pela igualdade de gêneros e o sexo oral aparecendo como uma forma segura de contracepção (e erroneamente até visto como forma de prevenção de DST/Aids), o cunnilingus passou a ser praticado no mundo ocidental sem culpas e com total consciência de seu objetivo.


Segundo os Cavaleiros Jedi da AVC, está provado pela ciência que pouquíssimas mulheres conseguem alcançar o orgasmo somente com a penetração, sem estímulo algum do clitóris.

Desta forma, o cunnlingus aparece como uma ótima opção.

Mas no Oriente sempre foi diferente.

O grande mestre Giovani “Gigio” Bandeira, um empedernido torcedor do Flamengo (tinha que ser!), realizou sua iniciação na arte do cunnilingus em Mangnai, cidade ao extremo leste tibetano, próxima ao lago Gasikule.

Seu mestre, Yui Hiar Wonh, praticava o ato por mais de quinze horas consecutivas, sem que a mulher alcançasse o primeiro orgasmo.

De lá para cá, foram seis especializações na Índia, um MBA no Japão e um PhD na Indonésia.

Segundo ele, só há um passo necessário para realizar um bom cunnilingus: entender o porquê de você o estar realizando.

Nunca se deve pensar que se trata de uma doação ou até de uma obrigação.

Admirar a textura da vagina e a apreciar seu sabor são fundamentais.

Mais importante do que a prática em si, é gostar do cunnilingus e também ter prazer com sua realização.


A prática segue os mesmos princípios que guiam as flechas do tão badalado e cada vez mais pop arqueiro zen.

O que diferencia a filosofia zen oriental da psicanálise ocidental é a abordagem do problema.

Na psicanálise, você entra em um quarto escuro procurando um gato preto sabendo que o gato não está lá.

Na filosofia zen, você entra em um quarto escuro procurando um gato preto sabendo que o gato não está lá... e encontra o gato.

Segundo Baso Matsu (709 a 788 d.C.), o zen é a “consciência cotidiana”, nada mais do que “dormir quando se tem sono e comer quando se tem fome”.

Agindo desta forma, compreendendo que o arqueiro, o arco e o alvo são um só e precisam uns dos outros para fazer sentido, a flecha sempre chegará ao alvo – não pela precisão do atleta, mas sim por seu satori, uma espécie de intuição animal.

Assim, o cunnilingus é a extensão da língua na vagina, o preenchimento de um espaço que quer ser preenchido aqui e agora.

Os detalhes como velocidade, respiração e posições serão sempre pormenores perto da compreensão que a língua deve se espiritualizar e se unir à mulher amada.

Mesmo sabendo se tratar de uma sensação especial, outro ponto importante é encará-lo com naturalidade.

Lembrando um ensinamento de mestre Wonh, “quem o experimenta, melhor fará se o ignorar, já que somente uma firme serenidade é capaz de fazer com que ele volte sempre”.

Aprendido isso, um cunnilingus não tem limites

Esta é a verdadeira paixão do Giovani, que consumiu horas de pesquisa, treinamento intensivo e uma dedicação quase obcecada pela matéria.

Como mestre desta arte, ele acredita que vocês, crianças acima de 18 anos, podem se beneficiar de algumas de suas reflexões sobre o assunto.

Curtam suas observações.


Giovani, Zé Guedes, João Ricardo e Simas, todos eméritos chupadores de boceta

Assim falou Zaratustra – Reflexões do mestre Gigio Bandeira sobre o famoso beijo grego

Em primeiro lugar, vamos acabar com o mito de que homossexuais são melhores na prática do sexo oral do que os heterossexuais.

Sou contra qualquer tipo de discriminação e acho que isso é apenas um marketing bem feito pelos concorrentes.

Tanto hetero quanto homossexuais podem alcançar o mesmo nível de sucesso – aquele papo de que quem tem o equipamento sabe operar melhor é pura balela.

Não acredite nos vídeos pornôs.

Aquela abordagem direta com uma puta língua de fora pode provocar, no máximo, dor e, no mínimo, desconforto, para quem está sendo beijada.

Aquilo é feito para o diretor do filme e não para satisfação da atriz.

Abordagens indiretas podem funcionar melhor em alguns casos.


Uma técnica indireta é abocanhar a área por completo, sugando o pastel de carne como um todo, e ao mesmo tempo fazendo um “u” invertido com a língua, estimulando o entorno do clitóris.

A vibração e intensidade variam muito, conforme o gosto da freguesa.

Imagine sintonizar uma estação em um rádio de válvula usando o dial.

É por aí.

Na medida em que o som vai ficando melhor, você está acertando.

Enquanto houver interferência, continue em movimento, buscando o ângulo correto.

Chupar boceta é arte, não é ciência.

Outra coisa: você pode, com prática, ser tão bom quanto um vibrador, mas para seu ego é bom que você saiba de antemão que nunca vai ser melhor que um vibrador Hitachi com pilhas novas.


Importante: nunca – em nenhuma hipótese – hesite.

Nos casos em que o odor não é o que você esperava, avance da mesma forma.

Mulheres são peritas em notar hesitações e ficam muito ofendidas com isso.

Pense nos valiosos soldados que desembarcaram na Normandia em 1944, sob fogo cerrado dos alemães e nunca recuaram.

Se você está desembarcando na Normandia, avance.

Depois, sem praticar em diversos tipos de campo, você jamais será um bom profissional.

A expressão “céu de brigadeiro”, para designar céu limpo e sem nuvens, surgiu porque brigadeiros só voam sem dificuldades.

Um pouco de turbulência faz de você um piloto melhor.

Uma pergunta que os amadores costumam fazer: antes ou depois da penetração.

Sempre antes.

A não ser que você goste do gosto de esperma...


É bom que fique bem claro que cunnilingus é uma arte para os apaixonados – assim como tocar harpa ou dançar twist.

Se você faz apenas para cumprir tabela, antecipando alguma reciprocidade, você nunca vai ser bom.

Sim, há inconvenientes, como aquilo que chamo de “o efeito Cláudia Ohana”: o pêlo pubiano que se enrosca nos dentes, desce pela boca e fica irritando a garganta.

Ignore-o.

Não fique rosnando como King Kong no topo do Empire State.


Já ouviu falar em ejaculação feminina?

Sim, aquilo existe mesmo e não é nada sujo.

Se acontecer e você for o responsável, você cumpriu seu dever.

Aja com indiferença, como se você provocasse esse efeito sempre.

É uma espécie de diploma de conclusão de curso, o momento em que o sushi man tem que comer o filé de baiacu depois de tirar o veneno.

No mais, boas chupadas no pastel de carne e seja bem vindo ao clube!

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