Luciano
Hortencio
Visitando
a página Facebook do pesquisador e escritor Jairo Severiano,
deparo-me com essa excelente e inusitada foto.
Sobre
ela, Jairo Severiano escreve a deliciosa crônica de um modo
informal, simples e muito bom.
Não
sei se isso já foi publicado, porém trago aqui por ser uma crônica
histórica, leve e divertida:
Ary
Barroso, um inveterado flamenguista, foi tricolor antes de ser
rubro-negro. Isso, até abril de 1929, quando um desentendimento com
um diretor, determinou sua saída do clube, seguida do despertar de
uma súbita paixão pelo rival, o Flamengo. Paixão que,
intensificada por sua atividade de narrador e comentarista esportivo,
marcou-lhe a vida com uma sucessão de episódios pitorescos, como os
relatados a seguir:
No
final de 1944, em sua segunda temporada em Hollywood, em que compôs
canções para a 20th Century Fox, ele rejeitou uma proposta para
assumir a direção musical da Walt Disney Productions, surpreendendo
Mr. Disney com a seguinte justificativa (num inglês pavoroso...),
segundo seu filho Flávio Rubens: “It is because don't have
Flamengo here”.
Aliás,
dias antes da citada declaração, Ary já tinha dado mais uma
demonstração dessa paixão: narrando jogo Flamengo e Vasco, no qual
o Fla ganhou seu 1° tricampeonato carioca, ele largou o microfone da
Rádio Tupi e foi torcer na beira do campo no momento em que Valido
marcou o gol (1x0) da vitória! (Erik Cerqueira completou a
transmissão).
Mas,
nem sempre o Flamengo proporcionou-lhe tais alegrias...
Em
setembro de 1955, Ary Barroso fez uma curiosa aposta com o colega
Haroldo Barbosa (tricolor “doente”), que dava ao vencedor o
direito de raspar o bigode do vencido, conforme o resultado do Fla x
Flu a ser disputado no final da semana. Placar da partida: Flu 2 x 1.
Então,
na segunda-feira, Ary teve seu paradeiro desconhecido até o início
da noite, quando o “mistério” foi desvendado: o fujão estava
escondido no apartamento de Linda e Dircinha Baptista!
Minutos
depois, o esconderijo foi invadido por numerosa comitiva, comandada
por Haroldo, que clamava: “Raspa, raspa, raspa...”
Finalmente,
depois de desmoralizado o último apelo do perdedor (“minha mulher
não me aceitará sem o bigode!”), com a esposa, dona Ivone,
declarando ao telefone que “casara com o Ary Barroso e não com o
seu bigode!”, a aposta foi paga, sendo ato comprovado amplamente
com a publicação na Imprensa do retrato do Ary Barroso sem o bigode
que ele ostentava havia mais de um quarto de século.
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