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segunda-feira, setembro 15, 2014

Viagem à Punhetolândia!


O dia que uma namorada pediu a um gênio da lâmpada para saber o que seu respectivo pensava nos momentos de prática do 5 contra 1

Ricardo Coiro

Avenida Paulista, seis de setembro de dois mil e dois.

Ai meu dedão, caralho! – ela berrou, após chutar uma caixa de papelão que continha uma lâmpada mágica dentro.

Você tem direito a um desejo! E seja rápida, meu bem, porque hoje meu dia está bem cheio e não quero perder o próximo capítulo de Império.

Morgan Freeman?

Não, eu sou o Lázaro Ramos com maquiagem de velho. Claro que eu sou o Morgan Freeman, bitch! E, acredite se quiser, agora eu estou fazendo um “bico” de gênio da lâmpada. Cansaram de me escalar para fazer o papel de presidente dos Estados Unidos no cinema. Fazer o quê? É a vida! Mas vamos logo ao que interessa: já sabe o que vai pedir?

Marcinha apertou o lábio inferior com os dedos, pensou, pensou e pensou; e, diferente das sortudas anteriores – que haviam pedido bundas sem celulite, Yakults de dois litros e noites calientes com o Malvino Salvador –, ela fez um estranho e inédito pedido:

Quero saber o que o meu namorado imagina quando está batendo punheta!

O gênio Morgan então arregalou os olhos e chegou a pensar, seriamente, em negar aquele desejo que só poderia terminar em homicídio ou divórcio, porém, por não querer infringir as regras daquele negócio milenar, ele apenas fez o que a moça pediu.

Um milésimo depois, Marcinha se viu diante de uma longa fila de mulheres; linha que terminava em uma porta na qual estavam gravadas as seguintes palavras: “Punhetolândia do Maurício”.

Que porra é essa? – ela pensou, mas antes que tivesse a chance de chegar a qualquer conclusão, reconheceu a própria irmã no final da fila.

Porra, Cláudia, o que você está fazendo aqui?

Ué, eu estou apenas esperando o Maurício pensar em mim. E torcendo para que ele não me deseje com um plug anal, como da última vez em que estreei nos pensamentos dele.
E o que você está fazendo com essa camiseta molhada e sem sutiã, hein?

É assim que ele gosta de me imaginar, mana.

Você é uma vagabu... – Marcinha tentou dizer, mas, antes de concluir o insulto à irmã, uma voz robótica – como aquelas que costumamos ouvir em embarques de aeroporto –, disse:
Cláudia Nunes, por gentileza comparecer à sala de materialização da imaginação. Favor já entrar dançando aquele funk que você dançou no último churrasco. Vá até o chão!

Marcinha até pensou em impedir a irmã, porém, travou assim que reconheceu o rosto da melhor amiga (Renatinha) em meio às moças da fila.

Você também? Não acredito! E só de fio dental? Que porra é essa!?

E antes que a amiga começasse a se explicar, a voz robótica, mais uma vez, fez a convocação:

Renatinha Rodrigues, corra já para a sala de materialização da imaginação. O Maurício quer ver você beijando a irmã da Marcinha. Favor colocar aquele vestido curtinho que você usou no último réveillon.

Então Marcinha, incrédula, deixou a amiga partir, respirou fundo e resolveu descobrir, uma a uma, quem eram as outras putinhas da fila.

Quem é você?

Sou a Solange, recepcionista da academia dele.

E você, sua piranha?

Não está me reconhecendo? Sou a Julia Paes, atriz pornô tupiniquim.
E você, sua velhota?

Mãe do Paulinho.

Não acredito! – Marcinha pensou, ao descobrir que Maurício tinha uma tara pela mãe do melhor amigo. Mas continuou a investigação:

E você, quem é?

Sou a Amanda, a chefe dele.

E essa aí do seu lado, quem é?

É a Pri! Ele só nos chama juntas. Sabe como é, né? Os homens adoram pensar em ménages.

E assim Marcinha continuou, e a cada resposta que ouviu, mais chocada ficou. Até que:

Quem é você?

Sou a Isa, ex-namorada dele.

E o que você está fazendo aqui – Marcinha berrou, antes de meter um tapão na cara da moça, que logo foi chamada para um suruba com gêmeas suecas de mamilos rosados e pererecas depiladas com precisão cirúrgica.

Então Marcinha, completamente encharcada de ciúmes, teve uma ideia maluca e infeliz: resolveu entrar na fila e ficar lá, plantada, até que Maurício resolvesse a convocar para alguma fantasia.

Desde aquele dia (seis de setembro de dois mil e dois), Marcinha já viu Maurício convocar, para a sala de realização da imaginação, dançarinas de axé, uma porção de “gordelícias” e, até, uma senhora de três tetas; porém, até hoje, não foi chamada. Nem para assistir.
Pobre Marcinha. Estaria bem mais feliz se tivesse feito um pedido mais inteligente, como comer Nutella à vontade sem engordar. Ou nunca mais ter TPM. Ou, até, quem sabe, se tivesse pedido para parar com essa obsessão por aquilo que acontecesse em pensamentos, e em Vegas.

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