Por Nathalí Macedo
Deve ser difícil, no mínimo, ser a Anitta. Todos opinam
sobre seu cabelo — dread é “apropriação cultural”, bleh! –, sobre seu discurso,
sobre sua bunda. Talvez ela nem se incomode tanto, porque está ocupada
produzindo clipes sensacionais.
O último, da música “Vai Malandra”, foi, por si, a resposta
afiada que a cantora costuma direcionar aos haters: trancinhas no cabelo, com
apropriação cultural e tudo, uma bunda brasileiríssima sem correção nas
celulites e um Brasil muito brasileiro escancarado numa superprodução pro mundo
inteiro.
Anitta, que prometia, com os rumos estéticos de sua
carreira, uma abordagem artística cada vez menos brasileira, surpreendeu, de
novo. Só a linguagem do clipe é meio gringa (e faz mal?): o resto é Brasil, nu
e cru.
Lulu Santos, que aparentemente não entende nem de Brasil nem
de música, criticou nas redes o clipe, a cantora e a bunda. Pfff.
Aqui cabe um parêntese: nem a bossa nova, careta por
tradição, comungaria da chatice da persona Lulu Santos, que compete com a
chatice de suas músicas. Talvez fosse mais facilmente aceito no rock, que se
tornou um velho careta e conservador, mas até pra isso lhe falta musicalidade.
Não, Lulu, não é só uma bunda: O funk de Anitta tem gerado
discussões sociais contemporâneas e importantíssimas, e não é de hoje. Assim
caminha a humanidade, graças a gente como você, a passo de formiga e sem
vontade.
Aliás, não foram só a bunda e as tranças que incomodaram: a
esquerda progressista (risos) não brinca em serviço quando o assunto é cagação
de regra.
Reclamaram — e muito — do olhar masculino do produtor do
clipe, acusado de assédio, como se isso tirasse o mérito empoderador do clipe e
da música.
Spoiler: se o olhar fosse verdadeiramente masculino, as tais
celulites teriam sido apagadas na edição.
Não foram, porque a última palavra é dela, e eu não sei
vocês, mas eu tenho um orgasmo mental só de imaginar uma mulher impondo as
próprias celulites diante de um produtor assediador metido a importante.
Vai, malandra. Os cães ladram e a caravana passa.
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