Por Marcos de Vasconcellos
Maneco de Thormes Muller o que tem de elegante, tem de
desastrado. A biografia médica desse cavalheiro já está no terceiro tomo e,
esperamos, os amigos, que ele não se meta mais a jogar futebol, esporte que lhe
propiciou muitas glórias, fraturas e rupturas de órgãos de suma importância,
incluindo-se o coração.
A história seguinte passou-se durante uma rotineira ruptura
dos rins, adquirida durante um amistoso em Petrópolis. Levado ao hospital por
Luis Fernando Secco, foi-lhe declarado incontinenti estado de emergência: faca.
Maneco, que já não se assusta com as consequências do seu
estabanadamente, dessa vez viu na expressão do médico, o Dr. Sá Earp, maus
presságios e convocou outro amigo, o Dr. Donato D’Ângelo, velho conhecedor do
sobrevivente, para acompanhar a cirurgia.
Enquanto esperava o Donato, recebeu a visita de uma daquelas
freirinhas de porcelana, miudinha, asseadíssima, hospitalar.
– O senhor é católico? – perguntou a passarinha.
– Fui batizado.
Em matéria de fé em Deus, era tudo. A freirinha continuou.
– Um padre vem lhe ver.
Diante do quadro terrível, Luis Fernando Secco, agarrado na
mão do Maneco, assumiu cor de cristal e tentou neutralizar a ameaça com a
seguinte declaração:
– É assim mesmo, Maneco. Extrema-unção aqui é praxe.
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