Por Aldir Blanc
Zé Bode, não por coincidência morador da... Penha!, resolveu
dar aula de educação sexual pros netos. Foi uma falação louca, entremeada de
termos técnicos como “boquete”’ e “gualibão”. As crianças adoraram. A primeira
aula teria sido um êxito retumbante se um dos meninos não tivesse criado caso:
– E a Roberta Close?
Zé Bode armou a retranca:
– Que qui tem?
– Dizem que era homem, fez uma operação e virou mulher.
Zé Bode continuou de líbero:
– E daí?
O menino aplicou uma sucessão de dribles de fazer inveja ao
Bebeto:
– Bom, é mulher agora, mas antes não era. Não é mais homem,
mas antes também não era...
Zé Bode se encrespou:
– Era homem, tinha tarugo.
– Mas não usava!
Já vi situações assim no hospital. Diante de um impasse, o
jeito é apelar pro cientificismo. Zé Bode não vendeu barato:
– A genitrolha não é de somenos dada a circunstância, ainda
que hipotética, de descabelamento do palhaço. Outrossim, não se apresentava,
logo abaixo do Bombril, a perseguida. Muito pelo contrário, delineava-se ali,
ainda que modesto, o cipó de aroeira.
A classe aplaudiu tamanha erudição, mas o menino tinha uma
derradeira dúvida:
– Ela transa por onde?
Zé Bode cauteloso:
– Aparada a genitrolha, constituiu-se genibrenha. É por ali.
– E antes?
– Antes o quê, porra?
– Antes, ora essa. Como é que ele, ou ela, fazia a coisa?
Com um suspiro de resignação, Zé Bode revelou o segredo:
– Através das partes caganetais.
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