Pirulito e o poeta Celestino Neto
Mantendo uma tradição de homenagear os principais moradores
da Cachoeirinha, a Banda da Caxuxa está nos preparativos finais para sua grande
batalha de confetes, na terça-feira gorda, dia 13 de fevereiro, levando para o
palco mais dois legítimos representantes da nossa cultura popular: Pirulito e
Zé Preto, ex-brincantes do bumbá Corre Campo.
Funcionário público estadual aposentado, Raimundo da Silva
Nascimento, o Pirulito, nasceu em Parintins, em 24 de fevereiro de 1939, e veio
para Manaus ainda criança. Torcedor fanático do Nacional, de Manaus, onde foi
chefe da torcida organizada “Leão da Vila”, e do Flamengo, do Rio de Janeiro, suas
outras paixões sempre foram o dominó, que pratica diariamente, e a brincadeira
de boi-bumbá.
Brincante do bumbá Caprichoso, da Praça 14, Pirulito
aprendeu as manhas da “Mãe Catirina” tendo como professor o lendário Pedro Mala
Velha, o mais famoso “Pai Francisco” do folclore amazonense. As lições foram
tão bem assimiladas, que Pirulito passou mais de 30 anos como “Mãe Catirina” do
bumbá Corre Campo, da Cachoeirinha, onde passou a residir. Pirulito teve dois
filhos, Miriam Nascimento e o poeta e livreiro Celestino Neto, o “Lé”, que lhe
deu os netos Pedro Tupã, Luís Otávio e Alice Beatriz.
No dia 6 de abril de 1930, em um seringal do rio Juruá, em Carauari,
nascia José Ribamar do Nascimento, o mestre Zé Preto, considerado o mais
longevo amo de boi do folclore amazonense, tendo emprestado sua voz de barítono
para os bumbás Corre Campo, Caprichoso, Amazonas e Gitano, entre outros.
Filho de nordestinos – mãe maranhense e pai cearense –, Zé
Preto veio para a capital amazonense ainda pequeno, quando tinha apenas dois
anos. Em Manaus, nasceu Clóvis Nascimento, seu irmão caçula, que, como ele,
também foi amo do bumbá Corre Campo por mais de três décadas.
“Quando eu tinha seis anos, ganhei um garrote de presente da
babalorixá que morava em frente à minha casa, dona Isabel, que o pessoal
chamava de Mundica. Ela só fez uma exigência: batizá-lo. O nome era Beija Flor
e eu fui escolhido para ser o amo”, recorda Zé Preto. “Setenta anos depois, em
2006, uma mãe de santo do Maranhão deu à dona Emília (presidente da Federação
Umbandista do Amazonas) um boi de estimação pra ela botar no Amazonas.
Novamente, ele já tinha nome certo: Estrela do Oriente. E eu fui escolhido para
ser seu amo.”
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