Marcelo Madureira
Deu no jornal que a luta em que o Anderson Silva perdeu para
o Chris Weldman foi marmelada.
Os americanos resolveram investigar a coisa depois que
descobriram uma aposta de um milhão de dólares em Weldman, um ponto totalmente
fora da curva, afinal a vitória do lutador americano estava pagando 17 para um.
O problema é que a coisa se deu nos Estados Unidos e lá
estas coisas são investigadas mesmo.
Em 1919, o famoso gangster Arnold Rothstein “comprou” o time
do Chicago White Sox para perder na final da World Series.
World Series é como eles
chamam o campeonato nacional de beisebol.
Desde então, mordidos de cobra, passaram a prestar mais
atenção neste relacionamento esquisito entre esporte e aposta.
Se for verdade a tramóia vai ser um rude golpe no MMA, coisa
que já virou mania nacional.
Me refiro a ambos: tramóia e MMA.
No meu tempo de menino tinha o Tele Catch Montilla, que
passava na TV Globo.
Os atletas tinham nomes criativos como Verdugo, Mongol,
Tigre Paraguaio e o maior de todos, o Ted Boy Marino.
O juiz das contendas era o popular Crispin, um senhor
magrinho e careca, mas que insistia em manter uma de franja na testa, tudo o
que restou de uma vasta cabeleira.
Nos momentos decisivos das lutas, Crispin afastava a franja
que atrapalhava a sua visão com um elegante golpe de mão.
Mas existe uma diferença essencial entre o Tele Catch de
outrora e o MMA de hoje em dia.
No Tele Catch era tudo de mentirinha, mas mesmo assim, o
narrador, Tércio de Lima, não cansava de insistir para a garotada “para não
tentar fazer isso em casa”.
Nenhuma crítica a quem gosta, mas não consigo gostar desse
negócio de porradaria.
E olha que sou faixa preta de judô, o qual pratico com
prazer até hoje.
Não entendo como um bando de homens se junta para ver dois
caras se espancando e ter algum prazer nisso.
Os lutadores eu até entendo: eles ganham para isso.
Prazer! Essa é palavra chave!
Qualquer psicanalista de porta de inconsciente percebe que
no fundo (e com trocadilho, fazendo favor) aquela rapaziada vai lá para vibrar
(gozar e eventualmente sofrer) com os seus paradigmas de machos musculosos
untados de óleos.
Aquelas mocinhas gostosas que desfilam por ali, carregando
aqueles cartazes de tempo e coisa e tal, são o disfarce que não disfarça, pelo
contrário, é o atestado definitivo de que freqüentar estádio de MMA é o mesmo
que ser habitué de saunas suspeitas.
Enfim, coisa de veado.
E nada contra os veados assumidos, boiolas de raiz (bota
aqui mais trocadilho, fazendo o favor).
As bichas assumem que assistem só para ver os “bofes” se pegando.
Eu acho que está mais do que na hora dos fãs do Anderson
Silva tomarem coragem e “sair do octógono”.
Tenho dito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário