Gilberto Dimensterin
Já sabíamos há muito tempo como figurantes ganham um
dinheirinho para participar em comícios ou carregar bandeiras de candidatos.
A “bolsa passeata” flagrada esta semana é novidade:
sindicatos pagaram em torno de R$ 70,00 para “manifestantes”.
A bolsa passeata é simbólica.
As centrais sindicais, mantidas com dinheiro público, são
poder.
Muitos sindicatos só existem porque o trabalhador é obrigado
a pagar.
E se prestam a manter ou tentar derrubar governos,
alinhando-se a candidatos e partidos.
Não se vinculam a projetos nacionais, mas são reféns de
causas corporativas que, muitas vezes, significam mais gastos públicos ou
empreguismo.
São muito mais eficientes pelos corredores de Brasília.
O que as ruas vêm dizendo é que esses esquemas estão velhos.
Não representam um país que busca soluções inovadoras e
urgentes para a educação, saúde e transporte público.
Estão muitas vezes ligados ao arcaico.
Não fossem os fechamentos de rodovias ou ruas, o dia de
protesto na quinta feira teria passado despercebido.
O que falou mais alto foi a imagem dos manifestantes
recebendo a “bolsa passeata”.
Gilberto Dimenstein
ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma
incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve
o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela
Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.
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