Ruy Goiaba
Na semana passada, meu alter ego passou uns dias lidando,
sem luvas nem máscara, com o mundo encantado da política brasileira.
Vinte anos atrás, eu fazia isso pra ganhar a vida, mas, em
vez de 20 anos a menos no meu corpinho cansado, só o que ganhei com a
experiência foi uma “bad trip” para esse eterno Dia da Marmota que parece ser o
cotidiano de Brasília.
Tudo é jeca, brega, nheco-nheco (gíria do tempo dos meus
pais que é perfeitamente adequada aqui).
Há sempre um conchavozinho aqui, uma fisiologiazinha ali,
uma demagogiazinha mais adiante, alguém usando indevidamente um avião da FAB e
– cereja do bolo – doses altamente tóxicas de Renan Calheiros. Chego a achar
que crack no café da manhã faria menos mal.
É óbvio: melhor haver Congresso do que não haver.
E, diferentemente do que dá a entender a capa daquela
revista semanal lá, não são ETs ocupando aqueles prédios do Niemeyer, cuja
arquitetura parece tão acolhedora a formas de vida extraterrestres – foi a
gente que colocou esses sujeitos em Brasília.
Democracia tem mesmo esse lado “bater com a canela na quina
da cama”: uma hora você aprende a não bater, talvez quando ficar evidente a
fratura exposta.
Mesmo reconhecendo isso, que assunto chato a política do
Bananão.
Quando você lida com o noticiário internacional (meu caso),
pelo menos o elenco de idiotas é mais variado – e, já que a tragédia não
acontece no seu país, ela pode se transformar em farsa (pensem no Berlusconi).
E não deixa de ser cômico – embora seja de fato trágico –
isso de a gente poder dar tchauzinho pro Obama a cada vez que responde a um
e-mail.
Imagino o quanto o cara se diverte com a vastíssima produção
mundial de pornografia caseira a que tem acesso – se bobear, as noites na Casa
Branca são ainda mais animadas do que na época do Kennedy.
E, se a Michelle estiver por perto, basta correr pras fotos
de gatinhos e de comida no Instagram.
Francamente, eu pensava que isso de achar FRESCURA
autorização judicial para ler correspondência alheia fosse só coisa de um cara
meio bronco como o Bush, mas vejo que gente “cool” e quase santa como o Obama
pensa igualzinho.
Fora esse hábito de volta e meia mandar uns drones na cabeça
da moçada – civil, não terrorista – lá do Oriente Médio.
Nosso amigo deve se olhar no espelho e dizer “já ganhei
Nobel da Paz mesmo, agora vou ALOPRAR”.
Enfim, crianças: privacidade é coisa do passado, a onda
agora é navegar pelado.
Com o Obama (e quem sabe até o Renan Calheiros) ali de
butuca, só no voyeurismo.
Ruy Goiaba recomenda
que os leitores desliguem seus celulares e demais aparelhos eletrônicos se não
quiserem um “ménage à trois” obrigatório com a CIA. E sabe que “soberania
nacional” é apenas uma expressão que rima com “tá nascendo cabelo na cabeça do
meu pai”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário