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quinta-feira, julho 11, 2013

Filma nóis, Obama!


Ruy Goiaba

Na semana passada, meu alter ego passou uns dias lidando, sem luvas nem máscara, com o mundo encantado da política brasileira.

Vinte anos atrás, eu fazia isso pra ganhar a vida, mas, em vez de 20 anos a menos no meu corpinho cansado, só o que ganhei com a experiência foi uma “bad trip” para esse eterno Dia da Marmota que parece ser o cotidiano de Brasília.

Tudo é jeca, brega, nheco-nheco (gíria do tempo dos meus pais que é perfeitamente adequada aqui).

Há sempre um conchavozinho aqui, uma fisiologiazinha ali, uma demagogiazinha mais adiante, alguém usando indevidamente um avião da FAB e – cereja do bolo – doses altamente tóxicas de Renan Calheiros. Chego a achar que crack no café da manhã faria menos mal.

É óbvio: melhor haver Congresso do que não haver.

E, diferentemente do que dá a entender a capa daquela revista semanal lá, não são ETs ocupando aqueles prédios do Niemeyer, cuja arquitetura parece tão acolhedora a formas de vida extraterrestres – foi a gente que colocou esses sujeitos em Brasília.

Democracia tem mesmo esse lado “bater com a canela na quina da cama”: uma hora você aprende a não bater, talvez quando ficar evidente a fratura exposta.

Mesmo reconhecendo isso, que assunto chato a política do Bananão.

Quando você lida com o noticiário internacional (meu caso), pelo menos o elenco de idiotas é mais variado – e, já que a tragédia não acontece no seu país, ela pode se transformar em farsa (pensem no Berlusconi).

E não deixa de ser cômico – embora seja de fato trágico – isso de a gente poder dar tchauzinho pro Obama a cada vez que responde a um e-mail.

Imagino o quanto o cara se diverte com a vastíssima produção mundial de pornografia caseira a que tem acesso – se bobear, as noites na Casa Branca são ainda mais animadas do que na época do Kennedy.

E, se a Michelle estiver por perto, basta correr pras fotos de gatinhos e de comida no Instagram.

Francamente, eu pensava que isso de achar FRESCURA autorização judicial para ler correspondência alheia fosse só coisa de um cara meio bronco como o Bush, mas vejo que gente “cool” e quase santa como o Obama pensa igualzinho.

Fora esse hábito de volta e meia mandar uns drones na cabeça da moçada – civil, não terrorista – lá do Oriente Médio.

Nosso amigo deve se olhar no espelho e dizer “já ganhei Nobel da Paz mesmo, agora vou ALOPRAR”.

Enfim, crianças: privacidade é coisa do passado, a onda agora é navegar pelado.

Com o Obama (e quem sabe até o Renan Calheiros) ali de butuca, só no voyeurismo.


Ruy Goiaba recomenda que os leitores desliguem seus celulares e demais aparelhos eletrônicos se não quiserem um “ménage à trois” obrigatório com a CIA. E sabe que “soberania nacional” é apenas uma expressão que rima com “tá nascendo cabelo na cabeça do meu pai”.

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