Na madrugada de sexta para sábado último, Luma Gomes, filha
caçula do poeta amazonense João Bosco Gomes e acadêmica de Direito, foi fazer
um lanche no Mc Donald, em Realengo (RJ), no carro de seu pai, na companhia de
dois amigos, com um deles, Patrick, dirigindo o veículo.
Na volta pra casa, um motociclista roletou o sinal vermelho,
Patrick se assustou, perdeu a direção, a roda travou, o carro capotou e foi de
encontro a uma árvore.
A Luma não resistiu ao impacto, vindo a falecer horas
depois, após passar por uma cirurgia no Hospital Público Alberto Suache.
Há dois meses, Luma tinha vindo a Manaus nos presentear, a
mim e ao Marius Bell, com os livros autografados pelo artista plástico Benício,
enviados pelo João Bosco Gomes.
A redação do CANDIRU e o mocó estão de luto.
Jornalista, poeta e escritor, João Bosco Gomes foi meu
contemporâneo no Grupo Escolar Getúlio Vargas e depois meu colega de classe na
Escola Técnica Federal do Amazonas.
Ele se mudou para o Rio de Janeiro em 1976, onde casou com a
Arléa e vive até hoje.
É dele esse texto abaixo, publicado um dia após a
Manifestação, no Rio de Janeiro, na Av. Presidente Vargas:
Cada vez que eu vejo, alguém falando que ao invés de
estarmos mudando o país, estamos acabando com ele, eu fico com pena com a falta
de informação que essa pessoa tem, com pena do pensamento pequeno e mesquinho,
que por ela, continuaria sem ao mesmo lutar contra esse governo, que só nos
pisa, que ontem, para mais de 1 milhão de pessoas, se mostrou ditatorial e
opressivo.
Crianças, jovens e idosos estavam no protesto, de UM MILHÃO,
300 eram vândalos, e colocaram a polícia, o BOPE, a FORÇA NACIONAL, e o
EXÉRCITO nas ruas!
Mas, adivinhem, pessoas que só assistem a Globo, não saem de
casa e queriam mais é que parássemos, e deixássemos as coisas continuarem do
mesmo jeito, a sua querida Globo e todos os outros canais, PARARAM de informar
quando todas essas forças de forma INJUSTA começou a oprimir, bater, cercar
pessoas inocentes, que estavam apenas lutando por um direito delas, sobrando apenas
o RÁDIO, para sabermos o que acontecia com as pessoas que estavam lá.
Então por favor, parem de falar merda, saiam de frente da
televisão, da sua zona de conforto, e vai lá ver o que acontece na rua, quando
vamos exigir, o que é nosso POR DIREITO!
Post Scriptum:
Minha caloura de Direito, descanse em Paz!
Caros amigos e familiares, obrigado pela força!
Estou ainda atordoado com a perda abrupta da minha caçula
Luma.
A minha vontade é só de chorar pelos cantos da casa que
agora está imensamente vazia.
Procuro não ouvir os miados da Anita e nem olhar para o
labrador Radar e tê-los como se perguntando por ela...
Ligo no facebook para me confortar com as mensagens, mas
logo desligo, pensando como fazermos para reinventar a vida sem a contagiante
presença carinhosa e determinada da Luma.
Deus há de mostrar uma luz para nós enxergarmos uma saída.
Tenho a Arléa, a Lia, a nossa família e dezenas de jovens e
familiares que distintamente ela me proporcionou conhecer e compartilhar da
vossa amizade.
Quero agradecer ao Padre Marcelo da Paróquia São Lourenço de
Bangu e também aos meus sobrinhos Charles & Tércia, as minhas irmãs Célia,
Dora e a minha sobrinha Tatiana, pelas orações e cânticos de conforto na Capela
“A”, do Jardim da Saudade, em Sulacap.
“Ele me invocará, e eu lhe responderei;
Estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o
glorificarei.
Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha
salvação.” (Salmo 91).
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