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quinta-feira, julho 11, 2013

Ecstasy conquista uma nova roupagem e um novo público


Uma droga conhecida como Molly conquistou uma nova geração de profissionais conscienciosos que jamais viraram a noite dançando e costumam fazer escolhas cuidadosas quanto a sua comida, seu café e suas roupas.

Mas a Molly não é exatamente nova.

Conhecida por causar sentimentos de euforia e por reduzir a ansiedade, ela era conhecida como ecstasy, ou MDMA, nos anos 1980, quando foi rapidamente adotada por operadores de Wall Street e outros frequentadores da vida noturna de Nova York.

Mas, com o crescimento da demanda, cresceu também o uso de adulterantes em cada pílula – cafeína, anfetamina, efedrina, cetamina, LSD, talco e aspirina.

Quando chegou o novo milênio, a reputação da droga já estava abalada.

Depois, em algum momento da década passada, ela retornou às casas noturnas sob o nome “Molly” e foi apresentada como uma versão cristalina e em pó do MDMA: pura e segura.

Uma mulher de 26 anos chamada Elliott, que trabalha com cinema, levou Molly alguns meses atrás ao apartamento de um amigo, de onde eles saíram para jantar no Souen – um popular restaurante macrobiótico, natural e orgânico do East Village – e em seguida foram dançar.

“As drogas sempre me apavoraram um pouco”, diz. “Mas estava curiosa quanto a Molly, que as pessoas dizem ser uma droga pura e divertida.”

“Eu provavelmente estou sendo ingênua, mas senti que não estava colocando tantos produtos químicos no meu corpo”, garantiu.

Robert Glatter, médico no pronto-socorro do hospital Lenox Hill, em Nova York, discorda.

O Dr. Glatter costumava passar meses sem ouvir sobre o uso de Molly, mas agora recebe cerca de quatro pacientes ao mês exibindo os efeitos colaterais usuais da droga: o ranger dos dentes, a desidratação, a ansiedade, a insônia, a febre e a perda de apetite.

Sintomas colaterais mais perigosos incluem hipertermia, convulsões incontroláveis, alta pressão sanguínea e depressão causada pela queda súbita dos níveis de serotonina nos dias posteriores ao uso da droga, um efeito apelidado de “terça-feira suicida”.

“No passado, os pacientes eram os jovens das raves, mas agora recebemos cada vez mais pessoas na casa dos 30 e dos 40 anos que decidiram experimentar a droga”, disse o Dr. Glatter.

Muita gente atribui o ressurgimento do ecstasy ao retorno da electronic dance music, que infiltrou o som de cantoras pop como Rihanna, Kesha e Kate Perry.

No Ultra Music Festival, em Miami, no ano passado, Madonna foi criticada por perguntar ao público: “Quantas pessoas por aqui conhecem a Molly?”

Ela disse mais tarde que estava falando de uma amiga, não da droga.

Nos últimos meses, os rappers também adotaram a droga, com referências a Molly em suas letras.


Rick Ross recentemente teve seu contrato publicitário com a Reebok cancelado depois de um rap no qual falava que havia misturado a droga à bebida de uma mulher sem que ela soubesse.

As pessoas que gostam de Molly, cujo preço varia de US$ 20 a US$ 50 por dose, dizem que ela é uma droga socialmente mais aceitável que a cocaína, por não causar vício físico.

Cat Marnell, 30, antiga diretora de beleza da xoJane.com, que recentemente vendeu à editora Simon & Schuster um livro que fala de seu vício em drogas, supostamente por US$ 500 mil, disse que “a Molly está na moda”.

Em referência à maconha e à cocaína, ela diz que “a cocaína é meio suja e antiquada. Já a maconha tem cheiro forte e, por ser barata, tem jeito adolescente”.

Mas Marnell rejeita a imagem reformada do MDMA, dizendo que a Molly “continua a ser uma droga pesada”.

O MDMA, o metilenodioximetanfetamina, foi patenteado pelo laboratório farmacêutico Merck em 1914 e não atraiu muita atenção antes dos anos 1970, quando psicoterapeutas começaram a tratar pacientes com ele para convencê-los a falar mais de seus problemas.

A droga chegou às casas noturnas de Nova York no final dos anos 80 e no começo dos 90 havia se tornado a droga preferida das raves.

Para alguns, a Molly continua a ser uma substância mais respeitável que outras drogas.

“Creio que as pessoas hoje sejam mais conscientes de onde a cocaína vem e do que ela causa naqueles países”, diz Sarah Nicole Prickett, 27, que escreve para os sites Vice e New Inquiry.

Ela define a cocaína como “uma droga sangrenta” e caracteriza a Molly como “pura, divertida e de agradável sensação”.

Prickett, que se mudou de Toronto para Nova York no ano passado, diz que compreende por que a droga ganhou popularidade na cidade.


“Minha impressão de Nova York era a de que todo mundo usava drogas no trabalho e todo mundo usava anfetaminas”, diz. “Já a Molly causa uma sensação de espontaneidade, o que é um sentimento incomum em Nova York”.

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