A Tribo dos Maués foi fundada em julho de 1952, no bairro de
São Raimundo, por Francisco Martins da Silva, que depois de ensaiar nos bairros
de Santo Antônio, Vila da Prata e Francisca Mendes, atualmente possui sua
maloca no bairro da Compensa e costuma participar do festival com 150 brincantes.
Seu enredo principal era a lenda do guaraná, que hoje faz parte da Festa do Guaraná, em Maués.
De acordo com o folclore
amazônico, um casal de índios mawés desejava muito ter um filho. Certo dia, o
casal resolveu pedir um filho para Tupã (uma das principais divindades da
mitologia tupi-guarani). Tupã ouviu os pedidos daquele bondoso casal e resolveu
dar-lhes um menino. Ao crescer, o filho desejado do casal tornou-se um lindo
jovem bom e generoso.
Com inveja da bondade, paz e generosidade do jovem índio,
Jurupari (divindade do mau e das trevas) resolveu eliminá-lo. Transformou-se
numa cobra venenosa e picou o jovem índio, quando este estava nas matas,
levando-o à morte.
Então, Tupã enviou fortes trovões e relâmpagos para as
proximidades da aldeia. Triste e chorando muito, a mãe do índio morto acreditou
que eram sinais para que ela enterrasse os olhos dele em solo próximo à aldeia.
Dos olhos dele nasceram plantas que deram lindos e saborosos frutos, cujas
sementes pareciam com os olhos negros do jovem e bom índio morto. Surgiu assim
o guaraná.
A Tribo dos Maués continua na ativa até hoje.
A Tribo dos Manauaras foi fundada em novembro de 1957, no
bairro da Praça 14, pelo famoso Zé Ruindade, e tinha como enredo principal a
história de Ajuricaba.
A apresentação começava com o sargento Guilherme
Valente, do Forte de São José da Barra do Rio Negro, desposando a índia Marari,
filha de um chefe manau, para conseguir a paz entre brancos e índios.
Ajuricaba, outro chefe manau, não aceitou a situação e passou a liderar o
combate aos invasores. A diferença de 50 anos entre os dois fatos era apenas
mais uma “liberdade poética” de Zé Ruindade.
O certo é que Ajuricaba levantou o vale todo e
sagrou-se o herói amazonense, lutando até cair prisioneiro dos portugueses.
Buscando detratá-lo, os traficantes de escravos acusaram-no de estar a serviço
dos holandeses de Suriname. Preferindo a morte ao opróbio de uma condenação
pelos brancos, Ajuricaba suicidou-se na baía de Boioçu, depois de tentar a
insurreição dos que com ele desciam presos.
Criou-se então uma lenda indígena
segundo a qual, quando as águas da baía se encapelam, estariam exteriorizando o
desespero de Ajuricaba em seu afã de libertar a raça.
A Tribo dos Manauaras
deixou de existir nos anos 60.
A Tribo dos Guaranis foi fundada em janeiro de 1958, no
bairro de Petrópolis, por dona Jacira Nunes de Jesus, e tinha como enredo principal
uma mixórdia envolvendo os principais personagens de dois romances de José de
Alencar, “Iracema” e “O Guarani”.
Em linhas gerais, o índio guarani Peri, além
de proteger a sinhazinha Ceci dos terríveis aimorés, acabava lutando com o
fidalgo Martim pelo coração da índia tabajara Iracema, “a virgem dos lábios de
mel”, e no final da apresentação, Peri ficava com Iracema e Martim com Ceci.
Apesar do samba do crioulo doido do enredo, era a tribo que possuía o maior número de torcedores da cidade (principalmente entre a galera masculina!) porque as meninas de Petrópolis, tal como hoje, ostentavam uma beleza estonteante.
A
Tribo dos Guaranis deixou de existir nos anos 60.
A Tribo dos Iurupixunas foi fundada em março de 1960, no
bairro de Santa Luzia, por Waldemar Rabelo, e tinha como enredo principal a
história da índia guerreira Naiá, que se apaixona perdidamente pelo deus Lua.
Numa noite em que o luar estava muito bonito, a moça chegou à beira de um lago,
viu a lua refletida no meio das águas e acreditou que o deus havia descido do
céu para se banhar ali. Assim, a moça se atirou no lago em direção à imagem da
Lua.
Quando percebeu que aquilo fora uma ilusão, tentou voltar, porém não
conseguiu e morreu afogada. Comovido pela situação, o deus Lua resolveu
transformar a jovem em uma estrela diferente de todas as outras: uma estrela
das águas – Vitória-régia.
Por esse motivo, as flores perfumadas e brancas
dessa planta só abrem no período da noite.
A Tribo dos Iurupixunas deixou de
existir nos anos 70.
A Tribo dos Manaú foi fundada em janeiro de 1961, no bairro
da Praça 14, por Edmilson Alves Araújo da Costa, e tinha como enredo principal
a revolta dos índios comandada por Ajuricaba, mas limitando-se às escaramuças
entre os militares Belchior Mendes de Moraes e José Borges Valerio e os índios
rebelados ocorridas na Vila do Carvoeiro, em Barcelos, que ainda hoje é considerada a
primeira grande vitória militar do líder manaú e de seus irmãos Bebari e
Bejari.
Na sequência, uma nova tropa foi organizada sob o comando do capitão
João Paes do Amaral, para reforçar a enviada anteriormente.
Ajuricaba resistiu
por algum tempo, mas cercado com seus irmãos e mais de dois mil guerreiros, caiu
prisioneiro, lutando. Só que isso, Edmilson Costa não mostrava, claro...
A Tribo dos
Manaú deixou de existir nos anos 70.
A Tribo dos Andirás foi fundada em fevereiro de 1962, no
bairro da Praça 14, por Carlos Magno Duarte de Souza, e tinha como enredo
principal o ritual da tucandeira.
O índio sateré-mawé, para provar sua força,
coragem e resistência à dor, deve se deixar ferrar no mínimo 20 vezes,
colocando as mãos dentro da luva da tucandeira (saaripé). As tucandeiras são
formigas grandes com ferrão muito dolorido que, na véspera do ritual, são
capturadas vivas e conservadas num bambu.
Os meninos levantam cedo para terem
seus braços pintados com o preto do jenipapo feito por suas mães. Em seguida,
com um dente de paca, elas começam a riscar a pele dos meninos até sangrar. A
luva é feita de palha pelos padrinhos, que são os tios maternos.
No dia da
cerimônia, pela manhã, são colocadas em uma bacia com tintura de folha de
cajueiro, que tem efeito anestesiante. Ainda meio adormecidas, as tucandeiras
são postas na luva, com a cabeça para fora e o ferrão para dentro, na parte
interna do saaripé.
Não há um período certo para a realização do ritual: é
organizado conforme a vontade de quem deseja ser iniciado. O evento envolve
cantos e danças onde as mulheres, sobretudo as solteiras, que buscam maridos
fortes e corajosos, podem entrar na fila da dança junto com outros homens.
A
Tribo dos Andirás deixou de existir nos anos 80.
A Tribo das Amazonas foi fundada em março de 1962, no bairro
de São Francisco, por Raimundo Pereira da Silva, e tinha como enredo principal
a história das icamiabas, uma tribo de índias guerreiras que habitavam as
cabeceiras do rio Nhamundá.
Elas viviam completamente isoladas, só mantendo
contatos esporádicos com homens para guerrear ou para procriar. Em determinada
época do ano, as icamiabas celebravam suas vitórias sobre os homens e se
preparavam para essa festa com uma purificação simbólica.
Neste dia, elas
desciam da colina onde viviam e se dirigiam aos bandos para o lago sagrado
denominado “yaci uaruá” (espelho da lua).
Durante a noite, quando a lua refletia
sua luz no espelho da água, as índias nele mergulhavam para se lavar. Após este
ritual de purificação, clamavam pela mãe do muiraquitã, a fada da pedra verde
como a floresta nativa.
A fada misteriosa acabava aparecendo durante o sabá
noturno. Era ela que entregava a cada uma daquelas mulheres uma pedra da cor
verde, denominada “muiraquitã”, onde se encontravam esculpidos estranhos
símbolos e com a forma que a icamiaba pedisse.
A índia levava seu talismã que,
exposto à luz do amanhecer do sol (uarací), endurecia e guardava a forma
definitiva. Era o presente reservado ao índio que com ela acasalasse dali a
algum tempo.
A Tribo das Amazonas deixou de existir nos anos 60.
A Tribo dos Cuximiraibas foi fundada em abril de 1965, no
bairro da Cachoeirinha, por Severino Marques de Souza, e tinha como enredo
principal a lenda da mandioca.
De acordo com a lenda, uma índia tupi deu à luz
uma indiazinha e a chamou de Mani. A menina era linda e tinha a pele bem
branca. Vivia feliz brincando pela tribo.
Toda tribo amava muito Mani, pois ela
sempre transmitia muita felicidade por onde passava. Porém, um dia Mani ficou
doente e toda tribo ficou preocupada e triste. O pajé foi chamado e fez vários
rituais de cura e rezas para salvar a querida indiazinha, mas nada adiantou
e a menina morreu.
Os pais de Mani resolveram enterrar o corpo da menina dentro
da própria oca, pois esta era a tradição e o costume cultural do povo indígena
tupi. Os pais regaram o local, onde a menina tinha sido enterrada, com água e
muitas lágrimas.
Depois de alguns dias da morte de Mani, nasceu dentro da oca
uma planta cuja raiz era marrom por fora e bem branquinha por dentro (da cor de
Mani). Em homenagem a filha, a mãe deu o nome de Maniva à planta.
Os índios
passaram a usar a raiz da nova planta para fazer farinha e uma bebida (cauim).
Ela ganhou o nome de mandioca, ou seja, uma junção de Mani (nome da indiazinha
morta) e oca (habitação indígena).
A Tribo dos Cuximiraibas deixou de existir
nos anos 60.
Nenhum comentário:
Postar um comentário