Com a implantação da Zona Franca de Manaus, a capital
amazonense rompeu cinco décadas de estagnação econômica. O aporte de capitais
atraídos pelos incentivos fiscais dinamizou os negócios e aumentou a oferta de
empregos. A população urbana registrou taxas de crescimento superiores à média
nacional. Os imóveis da área central atingiram níveis crescentes de
valorização, motivando a expansão da cidade para além do Bairro de Flores, nos
sentidos norte e oeste.
Em pouco tempo, Manaus converteu-se em importante centro
comercial de importação, alavancando o turismo doméstico e o segmento de
serviços. O setor comercial foi o primeiro a se fortalecer com o projeto Zona
Franca: nos primeiros anos, Manaus funcionou como um grande Shopping Center
para todos os brasileiros.
O Governo Federal, à época, não permitia importações e
restringia a saída de brasileiros para o exterior. A ZFM funcionou como uma
válvula de escape para as pessoas de melhor poder aquisitivo, que encontravam
em Manaus as novidades importadas do mundo inteiro.
Nessa época, as importações não tinham limites e obedeciam
apenas a cinco restrições, estabelecidas no Decreto-Lei 288/67 (que permanecem
até hoje): armas e munições, fumo, bebidas alcoólicas, automóveis de passeio e
artigos de perfumaria, cuja importação só poderia ser feita mediante o
pagamento de todos os impostos.
Do leite em pó holandês ao cristal da Bohemia, de perfume
francês a gravata italiana, de bata indiana a blue jeans norte-americanos, de
televisão japonesa a aparelho de som europeu, tudo era vendido livremente no
comércio da cidade, com permissão de serem levadas, como bagagem acompanhada de
passageiro saído de Manaus, seis unidades de cada produto importado de uso
pessoal, o que tornava a viagem um grande atrativo.
Entre 1967 e 1969 surgiram mais de três mil lojas de
produtos importados, oferecendo mais de 10 mil empregos aos amazonenses. A indústria
da construção civil também deu um salto gigantesco, seja por conta da
iniciativa privada (duplicação do Hotel Amazonas, construção do Tropical Hotel
e do Imperial Hotel) ou da iniciativa governamental (construção do Aeroporto
Internacional Eduardo Gomes e do Estádio Vivaldo Lima, implantação do Distrito
Industrial), começando a atrair milhares de moradores do interior.
A cidade começou a inchar. Dos 175 mil habitantes que tinha
em 1960, Manaus passou a ter uma população de 315 mil habitantes em 1970. Um
crescimento exponencial.
Há algumas explicações possíveis para o Festival Folclórico
do Amazonas ter iniciado seu declínio a partir desse ano.
Em uma situação de pleno emprego, os jovens tinham que
trabalhar durante o dia e estudar à noite, ficando impossibilitados de
participarem dos ensaios dos grupos folclóricos.
Além disso, a inflação renitente havia reduzido a ajuda
financeira aos grupos para pouco mais da metade, o que desestimulou vários
dirigentes.
O dinheiro disponibilizado pelo Governo do Estado ficou
assim distribuído: Bumbás e Tribos, NCr$ 500,00 (R$ 6.600,00, em valores de
hoje). Garrotes, NCr$ 400,00. Quadrilhas
adultas, NCr$ 350,00. Danças nordestinas, Danças regionais e Brigues: NCr$
300,00. Quadrilhas mirins, NCr$ 200,00.
O XIII Festival teria início no dia 22 de junho, se
estendendo até o dia 30. A Comissão Julgadora era formada pelo desembargador
João Corrêa (presidente), Moacyr Andrade, Garcitilzo de Lago e Silva, Dirson
Costa, Elizabeth Silva, Guanabara Araújo, João Barbosa e José de Castro e
Costa.
Naquele ano, apenas 48 grupos se inscreveram para a disputa:
Bumbás: Garantido, Tira Teima, Às de Espada, Tira Prosa,
Amazonas e Mina de Ouro.
Garrotes: Luz de Guerra, Malhado, Vencedor, Galante,
Veludinho, Pingo de Ouro, Dois de Ouro, Canarinho, Pena de Ouro e Sete
Estrelas.
Tribos: Andirás, Maués e Maués Mirim.
Danças Nordestinas: Cabras do Lampião, Bando do Severo
Julião e Filhos do Primo do Cangaceiro.
Brigue: Independência.
Quadrilhas adultas: Soçaite no Interior, Coronel Gama,
Granfinos no Arraial, Brotinhos de São Lázaro, Brotinhos de São Francisco,
Festa na Roça, Araruama na Roça, São João na Roça e Flor Selvagem.
Danças regionais: Caninha Verde, Cacetinho (Tarianos),
Arara, Pilão e Reisado.
Quadrilhas mirins: Gaveanos no Roçado, As Quatro Rosas,
Brotinhos de São Lázaro, Curupira na Roça, Cantiga de Roda Ciranda, Araruaminha
na Roça, Rurarê Mirim, Curumins da Colina, Brotinhos de Santo Antonio,
Caboclinhos do Amazonas e Santo Antonio na Roça.
O tempo de apresentação dos grupos também foi modificado.
Quadrilhas adultas, quadrilhas mirins, garrotes, brigues e outros teriam 20
minutos, bumbás, pássaros e danças regionais, 30 minutos, tribos, 50 minutos, e
peleja de amos, 10 minutos.
Entre as novidades daquele ano a Dança do Pilão e o Reisado,
que se apresentavam pela primeira vez no festival.
No dia 14 de junho, sábado, o vespertino Diário da Tarde
publicou uma matéria intitulada “Festão do Povo em notícias”:
Continuam
incessantemente os preparativos para o XIII Festival Folclórico do Amazonas,
realização tradicional do O Jornal e Diário da Tarde, com a colaboração do GEF,
Governo do Estado, Prefeitura e, agora também, do DEPRO. O grande tablado já
está em fase bem adiantada devendo ficar totalmente pronto nos primeiros dias
da próxima semana.
Por
outro lado, os 50 grupos folclóricos já estão ultimando seus ensaios. Mais de
quatro mil brincantes prometem abrilhantar o “Festão do Povo”, no Estádio
General Osório, no tricentenário de Manaus. Na segunda feira vindoura, a
Comissão Organizadora iniciará a visita a todos os bumbás, quadrilhas, tribos e
demais grupos típicos. Desta maneira, podemos dizer que já estamos às portas do
“Festão do Povo”.
A
direção das quadrilhas Araruama na Roça e Araruaminha na Roça está convidando
as autoridades e o povo em geral para participarem do grandioso ensaio daquelas
tradicionais quadrilhas do Amazonas, que será realizado hoje, às 21 horas, à
Avenida Traumã, 1429, no bairro da Praça 14. Ressaltamos que o ensaio da
quadrilha mirim será às 17 horas.
A
Dança Regional do Arara, integrada por alunos do Instituto de Educação do
Amazonas, participará do “Festão do Povo”. Já estão sendo feitos os
preparativos finais para a sua apresentação.
No
número 531 da Rua General Carneiro, vários brincantes que participam da
quadrilha Brotinhos de São Francisco estão ultimando os preparativos para o
ensaio geral que será realizado hoje às 20h15, sob a direção do sr. Mário
Ribeiro da Silva.
O
tradicional bumbá Mina de Ouro, que voltará novamente a apresentar-se no
“Festão do Povo” após alguns anos de ausência, está em francos preparativos.
Seu ensaio geral será no dia 21 deste mês.
Também
a quadrilha Brotinhos de São Lázaro prepara-se para seu ensaio geral que será
realizado no dia 15 às 20 horas. A quadrilha mirim, de mesmo nome, ensaiará no
dia 19, iniciando no mesmo horário. O local é no Centro Social de São Lázaro,
rua São Vicente nº 492, no bairro de São Lázaro.
A ordem de apresentação do XIII Festival, com 48 grupos
inscritos e pouco mais de 4 mil brincantes, ficou assim definida:
Dia 22 (domingo) – Desfile de abertura do “Festão do Povo”,
a partir das 16 horas, no Estádio General Osório, de acordo com a ordem
pré-estabelecida. Abertura do festival pelo prefeito Paulo Nery. Saudação do governador
Danilo Areosa. Apresentação da Comissão Julgadora.
Dia 23 (segunda). À tarde. Cantiga de Roda Ciranda, Garrote
Vencedor, Quadrilha Mirim Araruaminha na Roça e Garrote Canarinho. À noite.
Quadrilha São João na Roça, Dança Regional do Pilão, Dança Nordestina Bando do
Severo Julião e Bumbá Mina de Ouro.
Dia 24 (terça) – À tarde. Quadrilha Mirim Caboclinhos do
Amazonas, Dança Nordestina Filho do Primo do Cangaceiro, Brigue Independência e
Garrote Pena de Ouro. À noite. Quadrilha Coronel Gama, Dança Regional Caninha
Verde, Quadrilha Granfinos no Arraial, Garrote Luz de Guerra e Bumbá Ás de
Espada.
Dia 25 (quarta) – à tarde.
Quadrilha Mirim Curupira na Roça, Quadrilha Mirim Brotinhos de Santo
Antonio e Garrote Sete Estrelas. À noite. Quadrilha Flor Selvagem, Dança
Regional Reisado, Quadrilha Brotinhos de São Francisco e Bumbá Garantido.
Dia 26 (quinta) – À tarde. Quadrilha Mirim As Quatro
Rosas, Garrote Galante, Quadrilha Mirim Brotinhos de São Làzaro e Garrote
Veludinho. À noite. Quadrilha Festa na Roça, Quadrilha Soçaite no Interior,
Bumbá Tira Teima e Tribo dos Maués.
Dia 27 (sexta) – À tarde. Quadrilha Mirim Santo Antonio na
Roça, Quadrilha Mirim Gaveanos no Roçado e Garrote Pingo de Ouro. À noite.
Quadrilha Brotinhos de São Lázaro, Dança Regional do Arara, Garrote Malhado e
Bumbá Amazonas.
Dia 29 (sábado) – À tarde. Quadrilha Mirim Puracê Mirim,
Quadrilha Mirim Curumins da Colina, Tribo Mirim Maués e Garrote Dois de Ouro. À
noite. Quadrilha Araruama na Roça, Dança Nordestina Cabras do Lampião, Dança
Regional Cacetinho, Bumbá Tira Prosa e Tribo dos Andirás.
No dia 30 de junho, domingo, o matutino O Jornal publicou
uma matéria intitulada “O adeus do Festão”:
Depois
de 7 dias de maravilhosas exibições à tarde e à noite no Estádio General
Osório, exibições a cargo de 48 grupos típicos – bumbás, tribos, garrotes,
danças regionais e nordestinas, brigues, quadrilhas adultas e mirins –
encerra-se, hoje, o XIII Festival Folclórico do Amazonas, promoção magnífica de
O Jornal e Diário da Tarde, com o apoio do Governo Danilo Areosa, Prefeito
Paulo Nery, Grupamento de Elementos de Fronteira e da Companhia de Eletricidade
de Manaus. Desfilarão, como na abertura, todos os grupos que participaram do
certame, recebendo do público os calorosos aplausos que merecem.
Estarão
presentes para encerrar o Festão do Povo, com chave de ouro, e anunciar o
início das providências do XIV Festival Folclórico do Amazonas, o governador
Danilo Areosa e o prefeito Paulo Nery, além de numerosas autoridades civis e
militares. Terminado o desfile, com todos os grupos no gramado do Estádio, o
governador Danilo Areosa concederá a palavra ao presidente da Comissão
Julgadora que anunciará os Melhores do Festão do Povo deste ano, procedendo a
entrega dos troféus que lhe cabem.
Por último,
dançarão no famoso tablado do estádio os grupos vencedores no seu adeus, no
adeus ao Festival Folclórico, cujos realizadores prometem tudo fazer para, no
próximo ano, levar a efeito um certame de maiores proporções, porque o Festão
não pode parar. O seu destino é crescer sempre, de ano para ano,
constituindo-se, cada vez mais, no patrimônio mais caro e mais valioso do nosso
povo.
AGRADECIMENTO
– Ao terminar o Festival cumprimos o grato dever de agradecer ao povo a sua
solidariedade, manifestada pela presença maciça a todas as exibições; às
autoridades que contribuíram materialmente para a realização do certame; e,
particularmente, ao comandante, oficiais e praças da briosa Polícia Militar do
Estado, pelo eficiente policiamento do Estádio, agradecimentos que, nesse
particular, são extensivos ao Chefe de Polícia e seus subordinados, inclusive
os que compõem a Delegacia de Trânsito.
O
CAMPO É PRIVATIVO DOS GRUPOS – O gramado do Estádio é privativo dos grupos
folclóricos assim como o é o tablado para as autoridades, comissão julgadora e
jornalistas. As autoridades policiais da PME, da Polícia Civil e do Corpo de
Bombeiros não permitirão a entrada de pessoas que não sejam as já acima
mencionadas. Pedimos a compreensão de todos para esse fato, a fim de que seja
assegurado o brilho e o pleno sucesso no encerramento do Festão.
A Comissão Julgadora apontou como campeões os seguintes
grupos:
Bumbás: Tira Prosa e Mina de Ouro.
Garrotes: Luz de Guerra
Danças Regionais: Cacetinho (Tarianos) e Caninha Verde.
Danças Nordestinas: Cabras do Lampião.
Tribos: Andirás.
Quadrilhas mirins: Brotinhos de São Lázaro.
Quadrilhas adultas: Flor Selvagem.
Dança Nordestina mirim: Filhos do Primo do Cangaceiro.
Melhor Amo de Bumbá: José Ribamar do Nascimento (“Zé Preto”,
do bumbá Amazonas)
Melhor Amo de Garrote: Péricles Soares Oliveira (Luz de
Guerra)
Rainha do Festival: Sílvia Costa (Tribo dos Maués)
Rainha mirim: Terezinha Ventura (Caboclinhos do Amazonas)
Neste ano, a Comissão Julgadora não escolheu o vencedor do
Prêmio Sepetiba, para o melhor brincante.
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