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domingo, julho 21, 2013

Sanatório Geral será lançado na CMM nesta terça feira, 23


Fran Pacheco

Nesta terça feira, 23, a partir das 9h, no salão de eventos da CMM, o chairman deste mocó estará participando de uma sessão de autógrafos de seu novo livro, “Sanatório Geral”, um calhamaço de 400 páginas, que ele intitula de “causos dos beiradões relatados ao sabor do vento”.

A equipe jurídica do CANDIRU já está a postos para que o escritor não seja preso durante o evento por supostas acusações de injúria, difamação e calúnia.

“É um livro de humor”, diz ele.

Na manhã da última sexta feira, 19, o escritor esteve na residência do ex-governador Amazonino Mendes, no Tarumã, para entregar-lhe um exemplar da obra.

“Ele é um dos principais personagens do livro”, avisou Simão Pessoa. “Nada mais justo do que dar-lhe um dos primeiros exemplares para sentir sua reação. O ex-governador garantiu que vai ler com calma e depois decide se vai me processar ou não”.

O livro teve um pré-lançamento no sábado, no Restaurante Chicória, para a turma de parintinenses que moram em Manaus.

Estiveram batendo ponto no local, entre outros, Stones Machado, Lison Costa, Jeferson Garrafa, Mário Paulain, Wolney, Arizinho, Andréa Medeiros, Beth, Gil da Liberdade, Gato, Marcelinho e Jorge Klein.

O livro será vendido ao preço simbólico de R$ 50 e conta com o apoio cultural da CMM, que vai bancar o coquetel, os banners e a divulgação da obra.

“O vereador Bosco Saraiva, que também é compositor, poeta e foi um dos fundadores do GRES Reino Unido, quer que a CMM tenha uma maior presença nas atividades culturais da cidade e me convidou para fazer o lançamento da obra na Casa. Como o livro conta dezenas de causos envolvendo os vereadores de Manaus, resolvi unir o útil ao agradável”, diz o escritor.


A apresentação do livro é do poeta Zemaria Pinto (“Desapresentação ou tá todo mundo loco?”), que vocês podem ler abaixo:

A ficção sempre andou à frente da história. Testemunha viva do seu tempo, a ficção é um inventário de atos e fatos que a história, sempre escrita depois, esqueceria, se não se valesse do registro ficcional.

Por outro lado, a crônica é um gênero essencialmente marginal: misto de ficção e história, não tem com esta o compromisso da verdade, nem com aquela as sutilezas da linguagem. Mas é preciso que haja verossimilhança – isto é: pode até não ter acontecido assim ou assado, mas, do jeito como é contado, até que poderia ser verdadeiro...

E o que uma outra tem a ver com a coisa? Elementar, meu caro Sancho: o leitor tem nas mãos um livro de crônicas – que registram acontecimentos com personagens reais, muitos ainda vivos (aliás, muito vivos!), passados num tempo recente –, mas que pode ser lido como pura ficção, salientando-se o estilo soberbo do autor, sem nenhum exagero, radicalizando entre a rudeza de um Plínio Marcos e a alegre amargura de um Nelson Rodrigues – que, antes de serem grandes dramaturgos, eram putas cronistas.

Numa palavra: ironia, escárnio, deboche – escolha. Mas não é só isso: Sanatório Geral é um belo livro de história, embora alguns historiadores barés torçam seu nariz de cera a ele e prefiram ignorar os “causos” que humanizariam as personagens que eles insistem em endeusar.

Projetado para ser lançado em seis volumes, Folclore Político foi apenas até o terceiro, paralisado pelo olho gordo e pelos despachos (em todos os sentidos) dos desafetos, “ofendidos” com as historinhas capazes de deixar nu em pelo qualquer candidato a rei. E como tem rei nu nesta imensidão amazônica!

Daí que Simão Pessoa, por dúvida das vias, depois de muitos processos e ameaças de morte, foi procurar inspiração em reis de outras freguesias, o que só aumentou a abrangência deste Sanatório, que deixa de ser meramente paroquial para ser supranacional. 

Mesclando casos clássicos da história política brasileira com inimagináveis, sórdidas, engraçadíssimas e tristes picuinhas regionais, que cairiam no esquecimento se não fosse pela verve de Simão, Sanatório Geral é um autêntico tratado sobre essa arte tão abandalhada da política.

Anarquista, Simão não livra a cara da direita nem da esquerda, muito menos dos muristas (não confundir com muralistas) – onde se classifica a supremacia dos políticos do Amazonas, mais preocupados em inflar suas gordas contas bancárias e massagear seus egos de baiacu que em melhorar minimamente as condições de vida do povo.

E para quem ainda não entendeu o título, esclareça-se: “dormia a nossa pátria-mãe tão distraída / sem perceber que era subtraída / em tenebrosas transações... / palmas pra ala dos barões famintos / o bloco dos napoleões retintos / e os pigmeus do boulevard... / o estandarte do Sanatório Geral vai passar!”

Trata-se de um falso samba-enredo do inexorável e inoxidável Chico Buarque; mas essa metáfora do sanatório me parece que é bem mais antiga: Machado de Assis? Lima Barreto? Oswald de Andrade?

Seja de quem for, agora é do Simão, porque concretiza o intertexto perfeito entre continente e conteúdo: a política brasileira é mesmo isso – um imenso hospício, onde os loucos mais safados se fazem de doidos incuráveis para ser tomados pelos mais doidões como menos loucos, capazes, portanto, de guiá-los no escuro labirinto de sua crônica insanidade. Entendeu? 

2 comentários:

Robson disse...

Com certeza mais uma obra prima desse ícone da literatura jornalismo e pensadores do Amazonas. Que sabe relatar como ninguém as locuras de nossa gente. Sempre com a dose certa de bom humor. Recomendo. Robson Roberto

Anônimo disse...

Show de Bola.