Por Xico Sá
O macho Santa Efigênia, homo
sapiens moderno que anda com toda aquela parafernália da rua paulistana
homônima a tiracolo para dizer que é o tal, acaba de ganhar uma calça, by Levi
Strauss, com sete bolsos, capaz de caber caneta-gravador, celular, palmtops,
planilhas a laser, cartões que compram a vida eterna, cartões de ponto
antidemissão, cartuchos antiterrorismo, sprays contra a barbárie, o caralho de
asa...
Mas, peraí, homem que é homem não
carrega nada além da sua tecnologia natural, chip de berço, orgulho,
auto-estima, tenha lá os 14 cm da média nacional ou a jumentice que Deus – se o
divino está morto, tudo é permitido – lhe presenteou.
“As novidades tecnológicas da
calça ajudam. Os dois bolsos da frente são fundos para aproveitar o vão livre
das pernas e vêm revestidos de um tecido especial, que faz o objeto deslizar e
não deixa à mostra um grande volume”, anotou cronista da briosa Época.
Vôte!
Peraí, que vão livre é esse?
Conosco não tem dessa licença Tomie Othake não. E por que não, desde que a criatura
seja ajumentada pela própria natureza, exibir seus auto-relevos mais pudendos?
Foro íntimo, senhorita.
Mas o errado nessa pendenga toda
não é nem a coitada da calça – que, a exemplo da canção do Rei, assistia tudo e
não dizia nada – nem muito menos cronista do tal volume.
O ridículo é a mania dessa gente
que carrega dependurado todos os badulaques novidadeiros que aparecem nas
vitrines e colunas da Wired, espécie de revistinha da Avon do homus modernus.
Homem que é homem tem apenas duas
mãos e uma chave que sempre acerta, apesar da bebedeira, o buraco do seu lar,
onde fica guardado o seu desejo-mor, camiseta e calcinha, quentinha, para
dormir de conchinha.
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