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segunda-feira, junho 26, 2017

Poeira de estrelas ou The show must go on


Luiz Carlos Miele como o personagem milionário Jack Parker, da novela G3R4ÇÃO BR4S1L

O produtor musical, ator e diretor Luiz Carlos D'Ugo Miele, de 77 anos, foi encontrado morto em sua casa em São Conrado, Zona Sul do Rio, numa quarta-feira, 14 de outubro de 2015.

Anita Bernstein, esposa de Miele, o encontrou caído no chão do escritório nas primeiras horas da manhã e chamou os bombeiros, que constataram o óbito ao chegarem a sua casa, em São Conrado.

Segundo ela, o mal súbito que acometeu o diretor pegou todo mundo de surpresa.

Luiz Carlos Miele e Anita foram casados por 47 anos e não tiveram filhos. O casal morava sozinho no Rio, tendo a companhia dos funcionários da casa e de um cachorro.

Nascido em 1938 em São Paulo, Miele, que começou a carreira como locutor de rádio, foi responsável por produzir shows de diversos cantores famosos.

Ele se mudou para o Rio em 1959, onde trabalhou na TV Continental como diretor de estúdio.

Da amizade com Ronaldo Bôscoli, um dos principais nomes da Bossa Nova, passou a produzir shows no Beco das Garrafas – reduto que reuniu Sérgio Mendes, Elis Regina e Wilson Simonal.

Com Bôscoli, foi dono da boate Monsieur Pujol, por onde passaram artistas como Ivan Lins, Stevie Wonder e Marcel Marceau.

Contratados pela Globo, Miele e Bôscoli produziram os programas “Alô, Dolly”, “Dick & Betty” e “Um Cantor por Dez Milhões, Dez Milhões por Uma Canção”.

Na década de 1970, atuou como humorista em programas como “Faça Humor, Não Faça Guerra” e “Planeta dos Homens”.

Nos meados de 2000, ele retomou a carreira na televisão. No seriado “Mandrake”, viveu o advogado Wexler.

Na Rede Globo, em 2008, participou de “Casos & Acasos” e “Tapas e Beijos”.

Na novela “Geração Brasil”, interpretou o milionário Jack Parker.

Sua última participação foi no programa “Tomara que Caia”, em setembro.

Duas semanas antes do seu falecimento, no dia 1º de outubro, ele lançou um novo livro “Miele – Contador de histórias” (editora BookStart), junto com um show homônimo, na Miranda, casa de shows na Lagoa.

No livro, Miele conta várias das suas peripécias ao longo de 66 anos de carreira.

Em 2004, Miele já havia lançado seu primeiro livro “Poeira de Estrelas: Histórias de boemia, humor e música” (Ediouro), em que escreveu a seguinte apresentação:

Sempre pensei que as histórias que fazem parte deste livro divertiriam um pouco meus amigos de várias épocas, em várias situações: nas salas de aula, na hora do recreio, durante os ensaios, na beira do campo, nas mesas de bar, na saída da praia, no quarto de hóspedes, atrás das grades, depois da missa, na cama, na lama, no estúdio, no palco e na plateia.

Coloquei muitas delas nos shows, acrescidas de alguma fantasia e, esporadicamente, escrevi artigos para algumas revistas.

Nunca pensei em escrever um livro, mas, de um tempo para cá, várias pessoas passaram a sugerir que as histórias fossem todas reunidas e publicadas. Quando as sugestões passaram do círculo familiar e das rodas dos amigos do fim de semana, achei que poderia arriscar.

Descobri como é difícil escapar das armadilhas do auto-elogio, e se ainda assim acontecer algum, peço desculpas. Não quis aceitar nenhuma ajuda de editores de texto profissionais, já que as histórias não têm a menor pretensão literária. Nem mesmo autobiográfica – embora, pelo adiantado da hora e da idade, seja inevitável que façam parte da narrativa algumas memórias do tempo em que “pena que a nossa televisão não seja a cores”.

Espero que sejam divertidas. Eu, pelo menos, me diverti muito enquanto relembrava algumas histórias. E só uma coisa me deixa muito chateado: é que a vida não tenha uma segunda edição.

NOTA DO EDITOR DO MOCÓ: Para homenagear este artista singular e fonte de inspiração permanente para muitos contadores de causos (entre os quais, humildemente, me incluo), vamos reproduzir o livro “Poeira de Estrelas”, na íntegra, com 10 postagens diárias. A viagem está começando agora. Curtam.

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