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sábado, junho 15, 2013

Algoritmos do Daft Punk geram melhor álbum do ano


Big Boy Jr.

Desde que seus contraparentes de bits e silício Deep Blue e Watson derrotaram os campeões “pessoas físicas” de xadrez e trívia, o mundo vinha se perguntando: quando os dois robôs humanos, demasiadamente humanos, do Daft Punk derrotariam a mesmice que vinha travando a música eletrônica nas últimas gerações? Pelo menos, desde que Walter Carlos virou Wendy?

Pois o duo cibernético, que por conveniência porta nas horas vagas os RGs de Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo (sic) quebrou a chave do enigma dando um reboot na coisa toda e entregando em Random Access Memories (RAM) 538 Megabytes (em formato .FLAC) de gemas com recursos (humanos e musicais) ainda não sintetizáveis nos apps disponíveis para qualquer geek genérico.

E.g. um “testemunho” musicado do venerável Giorgio Moroder, um dos Founding Fathers do gênero.


A faixa de abertura de RAM, Bring life back to music funciona à guisa de manifesto desta obra de engenharia genética de som.

Não tentem fazer nada disso em seus quartos, cambada de fedelhos munidos de um Garage Band e de uma placa de som dita hiper-fodástica.

Não dá.

Não vamos adentrar aqui na velha polêmica do analógico vs. digital (ou da primazia moral da válvula de vácuo sobre o transistor).

Primeiro, reúnam na churrasqueira tipos como Moroder, Nile Rodgers, Panda Bear e, vá lá, Pharell e Julian Casablancas.

Depois a gente conversa.

Comensais à parte, a grande jogada de RAM é criar potenciais “hinos” das pistas (evite ouvir no sofá ou estirado na chaise-longue), supostamente baixados de alguma cápsula do tempo enterrada na Studio 54 e injetá-los direto em nossas memórias de acesso aleatório (voláteis, por definição).

Ao fim e ao cabo, ficamos na dúvida: tem certeza que isso não toca há 30 anos, no ápice de toda balada?

É isso um Moog legítimo ou um emulador?

Vão lançar em vinil ou em K7?

Não importa: faixas como Get Lucky já nascem clássicas e a quantidade ora perpetrada de covers, do folk-indie ao samba(!), embora não digam nada sobre a qualidade de algo, provam que precisávamos urgentemente de alguns bytes de vida de volta à musica.

Baixe imediatamente e ouça antes que vire commodity.


Avaliação: 9.256.

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