As panicats preferem o
país enfiado numa ditadura porque dessas coisas elas entendem muuuuito
Edson Aran
O Brasil ainda rastejava para chegar ao século 21 e, de
repente, demos marcha a ré e voltamos para 1917.
Manifestantes na rua, clima de revolução e a polícia fazendo
alegremente aquilo que faz melhor: baixando o sarrafo em todo mundo.
Afinal, é muito mais seguro do que perseguir bandido, que
geralmente está armado e pronto para revidar.
O problema é que a Revolução do Busão (já podemos chamá-la
assim?) é igual a ex-BBB: não almeja nada, além da própria existência.
E as palavras de ordem são confusas, feito canção do Djavan.
Não, gente. Não é assim.
É preciso saber que tipo de revolução se deseja antes de
partir pro pau.
Pedir “imaginação no poder” dificulta muito na hora de
negociar.
Além disso, afugenta o proletariado do processo, que prefere
Silvio Santos a essa coisa de imaginação.
Listei abaixo alguns tipos de revoluções para que o
militante descolado identifique a sua.
Escolha com sabedoria e bom protesto.
Revolução Burguesa.
A Revolução Burguesa é muito chata. Ninguém quebra nada, pois a burguesia não
quer saber de prejuízo. Eles ficam andando pra lá e pra cá e gritando: “Morte
ao rei! Morte ao rei!”. O que é particularmente ridículo se você vive numa
República. Quando se cansam, todos se sentam, bebem vinho francês e discutem
maneiras de burlar empréstimo no BNDES.
Revolução Proletária.
A Revolução Proletária é absolutamente sem sentido. Acompanhe. O proletário
rala feito uma besta numa fábrica. Tudo o que quer são condições melhores de
trabalho e aumento de salário. Um dia ele se invoca, faz uma revolução e se
apropria da fábrica. E aí tem de trabalhar feito uma besta para sempre. Não
adianta chegar pro patrão e pedir aumento pra comprar carro novo. Não tem carro
novo. Não tem patrão. Não tem aumento. Só tem a fábrica. E se o cara se recusa
a trabalhar, acaba num campo de trabalho forçado. Proletário é uma besta mesmo.
Revolução Permanente.
A coisa mais complicada da Revolução Permanente é que não tem hora para acabar.
Não dá para largar às seis e dizer: “ok, pessoal, vou pra casa ver novela e
vejo vocês amanhã na derrubada do czar”. Revolução Permanente é para sempre. Já
quem a defende costuma morrer cedo. No geral, com uma picareta no meio da
testa.
Revolução Industrial.
É parecida com “O Exterminador do Futuro”, um clássico do cinema que vocês, “milennials”,
não conhecem. As máquinas dominam tudo e o trabalho manual vira sinônimo de
masturbação. A Revolução Industrial é seguida da Revolução Digital, que permite
a livre circulação de pornografia para que todo mundo possa se dedicar ao
trabalho manual. O Google vence no final.
Revolução Cubana.
Logo no começo, o cantor diz “e ao piano, Don Rubén González”. E aí todo mundo
começa a cantar “Guajira, el son te llama, a bailar, a gozar...”. É, de longe,
a revolução com o melhor swing. Tem uma blogueira feiosa que reclama, mas é só
tomar um mojito e fumar um charuto que você se esquece dela.
Revolução Russa.
De um lado fica um monte de gente gritando “Tolstoi! Tolstoi!”. Do outro, um
bando berra “Dostoievski! Dostoievski!”. Aí chega uma garotinha muito safada e
pergunta: “E na Nabokov, não vai nada?”
Revolução de 64.
Os militares gostam muito, pois apesar de ser chamada de "revolução",
é só um golpe: os militares saíram golpeando todo mundo que discordava deles. A
PM sádica do Geraldo Alckmin é um entulho desta época. Eles acham que jato de
pimenta no dos outros é refresco.
Outras revoluções.
Esses são apenas alguns exemplos, mas existem muitos outros. Por exemplo: A
Revolução Estética, que usa pincel e tinta em vez de coquetel molotov, mas
precisa de muito mais palavras de ordem pra dar certo.
A Revolução Gloriosa, que, como o nome indica, foi uma grande passeata gay que tomou a Inglaterra do século 17.
A Revolução Islâmica, que gerou filmes chatos sobre maçãs chatas e quadrinhos chatos sobre garotas chatas.
E finalmente, a melhor de todas, a Revolução dos Costumes, que permite que as garotas saiam na rua de minissaia e topless. Nessa última, as pessoas só se machucam se for mutuamente consentido. Pense nisso.
A Revolução Gloriosa, que, como o nome indica, foi uma grande passeata gay que tomou a Inglaterra do século 17.
A Revolução Islâmica, que gerou filmes chatos sobre maçãs chatas e quadrinhos chatos sobre garotas chatas.
E finalmente, a melhor de todas, a Revolução dos Costumes, que permite que as garotas saiam na rua de minissaia e topless. Nessa última, as pessoas só se machucam se for mutuamente consentido. Pense nisso.
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