Diego Rebouças
Começou o inverno! Não é o máximo? Tempo de apontar as
tendências.
O que pode pegar e o que já decolou.
Porque, afinal, não é só porque a gente vai pra passeata que
“nóis” deixou de ser fashion num nível “über”.
E a primeira tendência é que o cristal japonês está
definitivamente “out”.
Agora, atriz global que estiver afim de chorar com o nariz
todo vermelho tem que partir pro gás lacrimogêneo – tendência quente, que vem
direto das ruas. Puro "streetstyle".
O gás lacrimô (só para os íntimos) nos leva ao segundo
“hype” do momento: a democracia da polícia brasileira.
Sim, senhoras e senhores.
De norte a sul do Brasil, as polícias provaram definitivamente
que entendem (e muito) de democracia ao sair democratizando o gás lacrimogêneo
pra cima de todo mundo.
Ao garantir a acessibilidade do gás para todos, podemos
dizer, sem medo de errar, que a polícia é o pretinho básico da passeata
brasileira.
Serve pra tudo – dispersar vândalo, manifestante,
trabalhador que acabou de sair da empresa, carroceiro de pipoca, tu-do.
Outro item que volta com força nessa semana é o retrô anos
60/70.
Quem dá a pista é o senador Cristovam Colombo, que deve ter
descoberto como fazer omelete sem quebrar ovo ao propor o fim dos partidos
políticos.
Cristovam Colombo inaugura a Era da Pós-lítica! Não é um
luxo?
Mais direto que isso, só se ele mandasse o Golpe Militar de
volta às passarelas, num surto em que se autoproclamaria a Gisele Bündchen da
nova Era, primeira “übergenerala” da História brasileira.
Nesse caso, Cristovam seria tão “strong enough” que não
precisaria ter medo de nadica de nada – a não ser do Feliciano com seu
maxipoder de cura, capaz de devolver Cristovam de volta à realidade.
O frenesi de tendências da semana são tantos que alguns
passam quase batidos.
O “menos é menos”, por exemplo, ainda não pegou com força
total, mas, se os adeptos do “menos é mais” não ficarem espertos, pode ser que
fique com força total.
Ao longo da semana, vimos “menos é menos” nas aparições de
prefeitos, governadores e até da Presidenta.
A tendência também foi detectada nos seus discursos – onde
menos conteúdo foi menos informação, mas não menos embromação.
Todo mundo sem saber o que fazer com o microfone, como se
nunca tivesse cantado seus refrões de promessas nos videoquês palanquísticos
das campanhas da vida.
Direto do túnel do tempo, a hashtag #anramclaudia manda
beijos.
Na chanchada da Era da Pós-lítica, o “menos é menos” aparece
até no Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.
Das 943 vagas de auditores, 413 estão, como elas mesmo
dizem, vagas. Fazer controle das contas do governo e dos municípios pra quê,
não é mesmo?
Até porque reprimir tá totalmente fora de moda.
A não ser quando o assunto é vândalo – vândalo de passeata,
que fique bem claro.
Porque os vândalos de Gabinete, pelo menos até agora, como
ditadores da moda que se julgam, estão tentando se colocar acima dessas
tendências que prejudicam a nós, reles mortais.
DIEGO REBOUÇAS, 30, é
roteirista, jornalista e autor do livro Travessia, publicado pela Livros
Ilimitados e bloga no Câmera de Vigilância.
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