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sábado, junho 29, 2013

Na temporada da Pós-lítica, saiba qual é o pretinho básico das manifestações


Diego Rebouças

Começou o inverno! Não é o máximo? Tempo de apontar as tendências.

O que pode pegar e o que já decolou.

Porque, afinal, não é só porque a gente vai pra passeata que “nóis” deixou de ser fashion num nível “über”.

E a primeira tendência é que o cristal japonês está definitivamente “out”.

Agora, atriz global que estiver afim de chorar com o nariz todo vermelho tem que partir pro gás lacrimogêneo – tendência quente, que vem direto das ruas. Puro "streetstyle".

O gás lacrimô (só para os íntimos) nos leva ao segundo “hype” do momento: a democracia da polícia brasileira.

Sim, senhoras e senhores.

De norte a sul do Brasil, as polícias provaram definitivamente que entendem (e muito) de democracia ao sair democratizando o gás lacrimogêneo pra cima de todo mundo.

Ao garantir a acessibilidade do gás para todos, podemos dizer, sem medo de errar, que a polícia é o pretinho básico da passeata brasileira.

Serve pra tudo – dispersar vândalo, manifestante, trabalhador que acabou de sair da empresa, carroceiro de pipoca, tu-do.

Outro item que volta com força nessa semana é o retrô anos 60/70.

Quem dá a pista é o senador Cristovam Colombo, que deve ter descoberto como fazer omelete sem quebrar ovo ao propor o fim dos partidos políticos.

Cristovam Colombo inaugura a Era da Pós-lítica! Não é um luxo?

Mais direto que isso, só se ele mandasse o Golpe Militar de volta às passarelas, num surto em que se autoproclamaria a Gisele Bündchen da nova Era, primeira “übergenerala” da História brasileira.

Nesse caso, Cristovam seria tão “strong enough” que não precisaria ter medo de nadica de nada – a não ser do Feliciano com seu maxipoder de cura, capaz de devolver Cristovam de volta à realidade.

O frenesi de tendências da semana são tantos que alguns passam quase batidos.

O “menos é menos”, por exemplo, ainda não pegou com força total, mas, se os adeptos do “menos é mais” não ficarem espertos, pode ser que fique com força total.

Ao longo da semana, vimos “menos é menos” nas aparições de prefeitos, governadores e até da Presidenta.

A tendência também foi detectada nos seus discursos – onde menos conteúdo foi menos informação, mas não menos embromação.

Todo mundo sem saber o que fazer com o microfone, como se nunca tivesse cantado seus refrões de promessas nos videoquês palanquísticos das campanhas da vida.

Direto do túnel do tempo, a hashtag #anramclaudia manda beijos.

Na chanchada da Era da Pós-lítica, o “menos é menos” aparece até no Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

Das 943 vagas de auditores, 413 estão, como elas mesmo dizem, vagas. Fazer controle das contas do governo e dos municípios pra quê, não é mesmo?
Até porque reprimir tá totalmente fora de moda.

A não ser quando o assunto é vândalo – vândalo de passeata, que fique bem claro.

Porque os vândalos de Gabinete, pelo menos até agora, como ditadores da moda que se julgam, estão tentando se colocar acima dessas tendências que prejudicam a nós, reles mortais.


DIEGO REBOUÇAS, 30, é roteirista, jornalista e autor do livro Travessia, publicado pela Livros Ilimitados e bloga no Câmera de Vigilância.

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