Quatro décadas depois da interdição promovida pela Ditadura
Militar, a Cinéfilo – revista amazonense de cinematografia: edição histórica
completa, ganha do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de
Cultura, uma reedição que reúne os quatro números do periódico, editado no
final dos anos de 1960 pelo animador cultural do cineclubismo manauara, José
Gaspar, 68.
O lançamento da obra acontece nesta quinta-feira (13 de
junho), às 18h, no hall da Biblioteca Pública do Amazonas.
A revista Cinéfilo reunia artigos de jornais e estudiosos,
abordando as programações, produções e pesquisa histórica sobre a arte sétima
arte, apresentando temas ousados, crônicas, entrevistas com intelectuais locais
e o pensamento crítico sobre os filmes.
De acordo com o diretor do Departamento de Literatura da
SEC, Antônio Ausier, a revista Cinéfilo faz um resgate contando a história do
movimento dos cinéfilos na região.
“Ela tem entrevista com o Glauber Rocha, grande cineasta
brasileiro do cinema novo, críticas de vários intelectuais como o Márcio Souza,
o padre Luís Ruas, o próprio Gaspar e outros ícones daqui e do Brasil”, contou
Ausier.
A Cinéfilo foi fruto das atividades do Grupo de Estudos
Cinematográficos (GEC), formado inicialmente por Albertino, Cosme Alves Neto,
Ivens Lima, José Pereira Gaspar e Maria Helena Albenz, que fundaram o primeiro
cineclube de Manaus.
Nessa época, Manaus tinha dez cinemas e sete veículos de
imprensa, um deles era O Jornal, o qual dedicava duas páginas todos os domingos
à produção literária e em 1963 também passou a divulgar críticas
cinematográficas.
Mais tarde, a experiência foi levada para o jornal A
Crítica, e posteriormente (1968-1969) gerou a publicação autônoma e específica
dedicada ao cinema.
De acordo com a mestranda em História da UFAM, Gláucia
Campos, nora de Gaspar, a Cinéfilo foi a segunda revista de cinematografia do
Brasil (a primeira era do Rio de Janeiro) e a primeira da região Norte.
“A Cinéfilo foi lançada num momento de efervescência
cultural da cidade, na época do Clube da Madrugada, mas bateu de frente com a
ditadura e foi impedida de continuar. Agora resgatar essa história novamente é
maravilhoso, a tira do esquecimento”.
Campos estuda no Mestrado a revista Cinéfilo e artigos
escritos por esse grupo de intelectuais em “O Suplemento Madrugada”, do jornal
O Povo.
Cineclube
O Cineclube instalado pelo GEC funcionou de acordo com o
modelo internacional. Isso significava ter regularidade nas funções,
apresentação das obras escolhidas de e para a reflexão, distribuição de
boletins com informações gerais sobre o argumento, o diretor e a qualidade
artística, estética e técnicas alcançadas, a troca de impressão entre os
espectadores após a exibição da obra.
“Hoje passados tantos anos, o cineclube sobrevive em
ambientes diversificados, deles destacando-se os cineclubes da Universidade
Federal do Amazonas e da Universidade do Estado do amazonas”, comenta José
Gaspar na edição histórica completa da Cinéfilo.
Saiba Mais
Vinculada ao programa de incentivo à leitura Mania de Ler, a
publicação da revista Cinéfilo - edição histórica completa foi viabilizada por
meio do projeto Edições de Livros.
O QUE: Secretaria de Cultura lança reedição de revista
cinematográfica do final da década de 1960
DATA: quinta-feira (13 de junho de 2013)
HORA: 18h
LOCAL: Hall superior da Biblioteca Pública do Estado, na Rua
Barroso, 57, Centro de Manaus
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