Há pouco mais de 12 anos, o poeta Bruno Tolentino, que
morreu na manhã de uma quarta-feira, no dia 27 de junho de 2007, concedia uma
entrevista à revista VEJA que gerou muito barulho – e protestos daqueles que se
sentiram “injustiçados” por um homem franzino, recém-chegado de uma espécie de
exílio que durara 30 anos, mas dono de uma palavra contundente. São as Páginas
Amarelas da edição n.º 1436, de 20 de março de 1996. O título: “Quero o país de
volta”.
É, senhoras e senhores, a entrevista é impressionante. Acabo
de relê-la e, confesso, somei à tristeza pela morte do Bruno um suspiro
entrecortado pelo desalento. O feitiço do tempo nos persegue. É claro que dá
para discordar disso ou daquilo, mas o diagnóstico de Bruno Tolentino é
impecável. Nos dias que correm, prestem especial atenção à sua crítica à
academia brasileira. O homem que ensinou em Oxford, Essex e Bristol afirmava só
conseguir entrar numa universidade brasileira “disfarçado de cachorro”.
Por Geraldo Mayrink
Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino, menino carioca de família
aristocrática, gosta de dizer que é de um tempo em que rico não roubava. O avô
foi conselheiro do Império e fundador da Caixa Econômica Federal e seus tios
eram intelectuais, como os escritores Lúcia Miguel Pereira e Otávio Tarquinio
dos Santos, além dos primos Barbara Heliodora, a crítica teatral, e Antonio
Candido, o crítico literário.
Ainda era analfabeto em português quando duas preceptoras,
mlle. Bouriau e mrs. Morrison, o ensinaram a conversar em francês e inglês
dentro de casa. Tolentino saiu do Brasil em 1964 e, no estrangeiro, ocupou-se
de árvores genealógicas de origem erudita. Orgulha-se de ter filhos com
mulheres descendentes do filósofo Bertrand Russell e do poeta Rainer Maria
Rilke.
O mais novo, Rafael, de 8 anos, nascido em Oxford,
Inglaterra, onde o pai ensinou literatura durante onze anos, é filho da
francesa Martine, neta do poeta René Chair. Bruno publicou livros de poesia em
inglês e francês. Em 1994, lançou no Brasil “As Horas de Katharina”, e no fim
do ano passado mais dois, “Os Deuses de Hoje” e “Os Sapos de Ontem” – todos
ignorados pela crítica, pelo público e pelos curiosos.
Aos 56 anos, já de volta ao Brasil, Tolentino tem feito
força para tornar-se herdeiro do embaixador João Guilherme Merchior,
intelectual de boa formação e polemista musculoso. Tem conseguido aparecer.
Brigou com os poetas concretos, depois com o que considera máquina de
propaganda de Caetano Veloso e sua turma.
Em seguida, com os críticos literários e os filósofos,
elevando ainda mais o tom numa entrevista publicada por O Globo, duas semanas
atrás. Fora do país, Tolentino ensinou em Oxford, Essex e Bristol e trabalhou
com o grande poeta inglês W.H. Auden. Conheceu celebridades como Samuel Beckett
e Giuseppe Ungaretti.
Horrorizado com a possibilidade de ver o filho mais novo
crescendo em escolas que ensinam as obras de letristas da MPB ao lado de
Machado de Assis, abriu fogo contra o que considera o lado ruim de sua pátria,
como explica em sua entrevista a VEJA:
VEJA – Por que tantas
brigas ao mesmo tempo?
TOLENTINO – Para ver se o pessoal cai em si e muda de
mentalidade. O Brasil é um país vital que está caindo aos pedaços. Não quero
sair outra vez da minha terra, mas não posso ficar aqui sem minha família, que
está na França. Não posso educar filho em escola daqui.
Por que não?
Foi minha mulher quem disse não. Educar um filho ao lado de
Olavo Bilac, última flor do Lácio inculta e bela, que aconteceu e sobreviveu,
ao lado de um violeiro qualquer que ela nem sabe quem é, este Velosô,
causou-lhe espanto. A escola que ela procurou para fazer a matrícula tem uma
Cartilha Comentada com nomes como Camões, Fernando Pessoa, Drummond, Manuel
Bandeira e Caetano. O menino seria levado a acreditar que é tudo a mesma coisa.
Ele nasceu em Oxford, viveu na França e poderá morar no Rio de Janeiro. Ele diz
que seu cérebro tem três partes. Mas não aceitamos que uma dessas partes seja
ocupada pelo show business.
Qual o problema?
Minha mulher já havia se conformado com os seqüestros e
balas perdidas do Rio, mas ficou indignada e espantada pelo fato de se
seqüestrar o miolo de uma criança na sala de aula. Se fosse estudar no Liceu
Condorcet, em Paris, jamais seria confundido sobre os valores do poeta Paul
Valéry e do roqueiro Johnny Hallyday, por exemplo. Uma vez entortado o pepino,
não se desentorta mais. Jamais educaria um filho meu numa escola ou
universidade brasileira.
Não é levar Caetano
Veloso a sério demais? Ele não é só um tema de currículo, entre tantos outros?
Não. Ele está também virando tese de professores
universitários. Tenho aqui um livro, Esse Cara, sobre Caetano, uma espécie de
guia para mongolóides, e a mesma editora desse livro me pede para escrever um
outro, sob o título Caetano Se Engana. É preciso botar os pingos nos is. Cada
macaco no seu galho, e o galho de Caetano é o show biz. Por mais poético que
seja, é entretenimento. E entretenimento não é cultura.
O que você tem contra
a música popular?
Se fizerem um show com todas as músicas de Noel Rosa, Tom
Jobim ou Ary Barroso, eu vou e assisto dez vezes. Mas saio de lá sem achar que
passei a tarde numa biblioteca. Não se trata de cultura e muito menos de alta
cultura. Gosto da música popular brasileira e também da de outros países, mas a
música popular não se confunde com a erudita. Então, como é que letra de música
vai se confundir com poesia?
O senhor não está
ressentido por ele ter assinado um manifesto contra um artigo seu sobre uma
tradução do poeta Augusto de Campos? No fundo, parece que o senhor está
querendo aparecer à custa deles.
Não tenho ressentimento nem ciúme. Nem tenho nada contra
quem assina manifesto. Se você vê um amigo seu brigando na rua, o mínimo que
pode fazer é ir lá apartar. Foi o que ele fez no caso do Augusto de Campos. Só
que assinou um cheque em branco. A princípio, achei que ele tinha entrado de
gaiato, e lhe dei o benefício da dúvida, sobre uma questão muito delicada de
tradução e de cultura que ele não está capacitado para julgar. Nem ele nem Gal
Costa. Que intelectuais são esses? Se os irmãos Campos não sabem inglês,
imagine eles.
Os poetas e
tradutores Augusto e Haroldo de Campos não sabem inglês?
Não sabem inglês, nem alemão nem grego. Por exemplo,
traduziram Rainer Maria Rilke e criaram a frase “ele tem um pássaro”, que é
literal, mas que, em alemão, quer dizer que alguém tem uma telha a menos, é
meio doido. São péssimos poetas e péssimos escritores. Não sabem absolutamente
nada do que alardeiam saber.
Por que só o senhor,
e não outros críticos, diz essas coisas?
Na República das Letras, ainda estamos à espera das
diretas-já. A usurpação do poder legal por vinte anos deixou-nos seus legados
nas patotas literárias que desde então controlam a entrada em circulação, ou a
exclusão pelo silêncio, de livros, autores, obras inteiras. Nas redações dos
jornais como nas universidades, prevalece a censura, e o único critério para
sancionar uma obra parece ser o bom comportamento do neófito, sua genuflexão
aos ícones da hora. Nossa crítica suicidou-se, matando o diálogo, o debate e a
polêmica. Mascarados de universitários, esses anõezinhos conseguem dar a
impressão de que a inteligência nacional encolheu, de que, em Lilliput, só se
sabe da cintura para baixo. Quem já ouviu falar de Alberto Cunha Melo, que vive
escondido no Recife, e é nosso maior poeta desde João Cabral? São dele estas
palavras: “Viver, simplesmente viver, meu cão faz isso muito bem”. Mas José
Miguel Wisnik ora é crítico, ora é letrista e compositor, portanto é
catedrático. Os violeiros empoleiraram-se nas cátedras, e Fernando Pessoa virou
afluente da MPB. Não é à toa que até em Portugal os brasileiros viraram piada.
Ouvi uma que provocava gargalhada logo à primeira frase: “Um intelectual
brasileiro ia começar a ler Camões quando a banda passou e...” É preciso
perguntar dia e noite: por que Chico, Caetano e Benjor no lugar de Bandeira,
Adélia Prado e Ferreira Gullar?
Por que o senhor acha
os críticos brasileiros ruins?
O que os críticos disseram sobre meus trinta anos de poesia?
Só, desonestamente, que minha poesia é arcaizante e não suficientemente progressista.
Que eu, o escritor Diogo Mainardi e – como é mesmo o nome do marido da
Fernandinha Torres? – o diretor Gerald Thomas somos figurinhas carimbadas
porque somos amigos de gente famosa. Quer dizer, chamam a atenção para a pessoa
e não para a obra. E toda pessoa é discutível. Eu sou meio apalhaçado mesmo. A
minha biografia é interessante, meio cinematográfica, e assim é como se eu não
tivesse escrito nada. Uma espécie de Ibrahim Sued das letras.
Mas o que aconteceu
com os críticos para que se tornassem tão incapazes, na sua opinião?
A crítica brasileira não existe mais. Cometeu um haraquiri
muito bem pago. Trocou sua independência por cátedras e verbas. É uma gente
venal, vendida, que controla as nomeações para as cátedras, bolsas e verbas.
Vão se meter com um maluco como eu? Todos, de Roberto Schwarz a David
Arrigucci, foram formados pelo meu primo Antonio Candido, que é um geriatra
nato.
Caramba... Não sobra
nenhum crítico brasileiro?
Sobra, evidentemente, Wilson Martins, que não tem lá muito
gosto poético, mas enfim...
O senhor também não
sobra?
Em vários sentidos. Não tenho onde escrever. Sou herdeiro, e
me considero assim, da combatividade crítica de José Guilherme Merquior.
Crescemos e fomos amigos juntos, tínhamos idéias convergentes embora nem sempre
coincidentes. Quando ele morreu, em 1991, houve um grande suspiro de alívio
entre nossos críticos e poetômanos. Infelizmente, ele era embaixador. Eu não
sou embaixador de nada. Essa gente está morta de medo de que eu venha a ter uma
tribuna. Não me importa ser celebrado lá fora. Não faço falta lá, há muitos
outros como eu. Aqui, com esta independência, cultura, erudição e
combatividade, não tem outro que nem eu.
Sem embaixada, o
senhor vai ser só poeta?
Minha obra poética está basicamente terminada. Escrevi
poesia por mais de trinta anos e não conheço nenhum outro poeta, além de Manuel
Bandeira, que tenha conseguido escrever bem além dessa média. A partir daí,
decai. Estou transferindo o meu esforço para o ensaio. Falar, por exemplo, dos
males que a ditadura causou ao país me parece cada vez mais um sintoma do que
uma causa. É um sintoma do Febeapá, vem no bojo dele. A imbecilidade já
crescia. A ditadura simplesmente institucionalizou a falta de respeito pela
realidade, pelo próximo, pela legalidade. A verdade foi substituída pela
verossimilhança, a literatura, pela imitação da literatura.
O senhor poderia dar
exemplos disso?
Foi Wilson Martins quem levantou essa idéia, ao dizer que as
obras de Chico Buarque e Jô Soares eram imitações da literatura. Auden, o
Drummond lá dos ingleses, também dizia algo parecido. A gente lia um cara e
concluía que ele era muito ruim. Auden discordava, dizendo que ele era muito
bom. “Faz a melhor imitação de poesia que já li”, dizia. Parecia piada, mas não
era.
O senhor acha que a
imitação é ruim?
A imitação da literatura se dá quando se fecha no círculo de
ferro na modernidade. Ela obriga o leitor a seguir moda, busca efeito imediato,
como se tudo começasse por você, naquele momento. A verdadeira literatura está
sempre acuando tudo que a precedeu. Quincas Borba, de Machado, contém toda a
novelística russa, e também Balzac. Wilson mostrou com muita acuidade e
mordacidade que os romances de Chico são uma reedição do nouveau roman, que já
morreu. Agora morreu a última representante dele, Marguerite Duras. Conheci
toda aquela gente do nouveau roman, Alain Robbe-Grillet, Michel Butor, e saí
correndo. Chato existe em todo lugar, não só no Brasil. Mas Wilson foi injusto
com a imitação do Jô. É uma coisa que não pretende ser mais do que aquilo
mesmo, divertir.
Por que o senhor não
vai ensinar o que sabe nas universidades?
Só entro numa universidade disfarçado de cachorro ou levado
por uma escolta de estudantes. Sou um vira-lata muito barulhento. Não vão me
convidar para nada porque eu quero acabar com os empregos e mordomias deles.
Quero que eles passem por todos os exames de Oxford para ver se sabem mesmo
alguma coisa.
Então as
universidades não servem para nada?
A escola pública desapareceu. A fórmula de sobrevivência do
país é a trilogia emprego público, de preferência com aposentadoria acumulada,
condomínio fechado e plano de saúde. Esse é o apartheid construído por uma
elite analfabeta e totalmente irresponsável que entregou nossa cultura. Nem
estou falando da nossa classe média, que tem dinheiro para gastar em boates e
shows e sair de lá gargarejando cultura.
O senhor tem
acompanhado a produção intelectual das universidades brasileiras?
O departamento de filosofia da Universidade de São Paulo
nunca produziu filosofia nenhuma, não por inépcia ou preguiça, mas por um
estranho espírito de renúncia parecido ao espírito de porco. Cultivavam a
crença de que só poderia nascer uma filosofia no Brasil “ao término de um
infindável aprendizado de técnicas intelectuais criteriosamente importadas”,
como diz um professor de lá. Mais urgente do que filosofar era macaquear os
debates dos “grandes centros” produtores de cultura filosófica. O que
significava tomar o padrão europeu do dia como norma de aferição do valor e da
importância do pensamento local. Imaginando ou fingindo preservar a mente
brasileira de uma independência prematura, o que os maîtres à penser da USP
fizeram foi apenas incentivar a prática generalizada do aborto filosófico
preventivo. Não espanta que, por quatro décadas, o “rigor” (com aspas) uspiano
não produziu outro resultado senão o rigor mortis de uma filosofia que poderia
ter sido o que não foi.
Mas José Arthur
Giannotti escreveu um livro de filosofia, Apresentação do Mundo, que foi muito
elogiado...
É, ele escreveu um besteirol sobre Ludwig Wittgenstein
saudado em suplementos de várias páginas como marco do nascimento da filosofia
no Brasil. É uma audácia depois de Mário Ferreira dos Santos, Miguel Reale,
Vicente Pereira da Silva e Olavo de Carvalho. Nós temos uma filosofia nativa,
isso sem falar da filosofia de cunho religioso, teológico, que eu não vou citar
porque sou católico e vão dizer que estou puxando a brasa para a sardinha da
Virgem Maria. Passei cinco meses garimpando nas páginas daquele livro e não
encontrei nada que não fosse uma leitura do que Wittgenstein acha da
dificuldade lingüística de compreender a realidade. Isso a gente já sabe, a
partir do próprio Wittgenstein. Uma filosofia nacional não tem nada a ver com
isso.
Tem a ver com o quê?
A cultura filosófica brasileira é quase nula. Nossos
professores gastaram décadas lendo Marx, em vez de Husserl. Aqui só dá o tripé
Kant, Hegel e Marx. E onde está a grande tradição escolástica que vai de
Aristóteles a Husserl? Isso não é lido nem discutido aqui. Mas existe uma
filosofia brasileira. Reale e Olavo de Carvalho, que não se formaram em lugar
algum, não perderam tempo com essa estupidez. Foram estudar e aprender as
tantas línguas que falam. Eu, quando tenho dificuldade com latim, grego ou
alemão, é para eles que telefono.
O senhor não está
exagerando, sendo duro demais?
Não. Não passei nenhum dia aborrecido aqui. Sempre encontro
gente inteligente. Quando cheguei à Europa, não tive nenhum complexo de
inferioridade. É verdade que eu conheci em casa o que o Brasil tinha de melhor.
Faço parte do patriciado brasileiro. E não via diferença entre Ungaretti e
Manuel Bandeira, só de língua. Era a mesma coisa. Não havia um Terceiro Mundo
na minha cabeça. Eu, quando pequeno, conheci Graciliano Ramos e Elisabeth
Bishop. Só havia gente dessa categoria.
Dá a impressão de que
só agora se começou a falar e a escrever besteira no país...
O besteirol, se havia, estava lá longe, nos cantos. Hoje ele
está no centro. Tem razões mercadológicas, de dinheiro. Os artistas devem
ganhar muito, muito dinheiro, para ir gastar em Miami. Só não é possível que
esses senhores usurpem a posição do intelectual. Eles são um formigueiro com
pretensão a Everest.
Não é bom para o país
ter um intelectual na Presidência da República?
Votei no Fernando Henrique Cardoso porque era uma
oportunidade única, desde Rui Barbosa, de ter um intelectual no poder. E o que
ele fez na sua primeira entrevista coletiva? Citou Machado de Assis ou Euclides
da Cunha? Não. Citou o mano Caetano. Uma coisa tão espantosa quanto Rui
Barbosa, se tivesse ganho a eleição, citasse Chiquinha Gonzaga. O Brasil que eu
conheci, e do qual me recordo vivamente, era um país de grande vivacidade
intelectual, mesmo sendo uma província. Não estou sendo duro com o Brasil.
Quero saber quem seqüestrou a inteligência brasileira. Quero meu país de volta.
NOTA DO EDITOR DO
MOCÓ:
O jornalista e escritor Geraldo Mayrink morreu no dia 27 de
agosto de 2009, aos 67 anos, em São Paulo, de problemas decorrentes de câncer
no pulmão e na boca. Seu corpo foi cremado em Vila Alpina, após velório no
Cemitério São Pedro. Deixou mulher, Maria do Carmo, e os filhos Marieta e
Gustavo. Nascido em Juiz de Fora (MG), em 1942, Geraldo Flávio Dutra Mayrink
iniciou a carreira em sua cidade, no jornal Binômio. Depois rumou para Belo
Horizonte, onde trabalhou no Diário de Minas, hoje extinto.
Sua carreira continuou no Rio, em O Globo e Jornal do
Brasil, além da Revista da Rio Gráfica Editora. Ele deixou também sua marca em
revistas, como Manchete, Veja (da qual foi diretor), Isto É, Afinal e Revista
da Goodyear. Em São Paulo, atuou ainda no Diário do Comércio, no Estado e no
Jornal da Tarde, do qual foi também colunista. No total, foram mais de 30 anos
na atividade jornalística.
Em suas reportagens, Mayrink deixava uma marca pessoal, pois
não se limitava a narrar fatos, mas os questionava e os lia além da superfície
– sempre com ironia fina, fugindo à tentação do politicamente correto, com
coerência e bom humor. É o que se observa no livro “Obrigado pela Lembrança”
(Editora Unimarco, 2000), seleção de reportagens, memórias e ensaios, alguns
inéditos.
Seu principal interesse era a relação humana, tema de
“Escuridão ao Meio-Dia” (Record), publicado em 2005 sobre as condições
masculina e feminina. Já a paixão pelo cinema originou o ensaio “O Cinema e a
Crítica Paulista” (Nova Stella, 1986). Mayrink também escreveu a biografia do
ex-presidente Juscelino Kubitschek, “Memorando” (teatro, em parceria com
Fernando Moreira Salles, Companhia das Letras, 1993) e “Travessia” (reportagem
sobre a agricultura brasileira, Grifo, 1995). As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
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