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sábado, junho 29, 2013

Posse do Barroso virou boca-livre de causídicos


Ricardo Soares

Não se trata de dizer sobre a importância ou desimportância do Supremo nem se aqueles formais cavalheiros ministros são a reserva moral da nação, cidadãos acima de qualquer suspeita, ou se apenas se atribuem uma importância que não tem com o beneplácito da mídia que os transformou em politicamente corretos, uma espécie de família Walton dos tempos modernos.

Os senhores e seus embates empolados em juridiquês viraram celebridades e as vaidades afloraram com força num fórum que já era dos mais vaidosos.

Fato é que as excelências nos seus ritos entediantes entraram na agenda nacional.

Sem entrar no mérito se é correto ou não (ou entrando sim no mérito) presenciei uma estranha viagem grupal de advogados e advogadas risonhos e risonhas, na última quarta feira, em voo do Rio para Brasília.

Lépidos e fagueiros, estridentes como periquitos em ciclo reprodutivo, a malta ia a capital federal para assistir à posse do novo ministro do Supremo, o senhor Luis Roberto Barroso que já chegou dando pitaco sobre tudo na conjuntura brasileira.

Excelência excelente ao que parece.

Mas no voo, o que me chamou a atenção naqueles pronomes de tratamento ambulantes, todos vestidos com ternos bem cortados, é que anunciavam que estavam viajando com passagens e despesas pagas pela OAB.

Todos pareciam que iam se hospedar em ótimos hotéis (como o Meliá, diária acima dos 400 reais) e ansiavam que a posse do novo ministro Barroso acabasse logo para poderem correr para a varanda da churrascaria Porcão para assistir ao jogo do Brasil contra o Uruguai.

Os moços dos ternos luzidios e as moças de terninhos caros  acompanhadas de senhoras com boas tinturas nos cabelos não escondiam a felicidade pelo “boca livrismo juramentado” e em supremo (ops!) regozijo bradavam alto o grau de suas influências e capilaridades políticas nos corredores de Brasília.

Entre o grupo, lógico, o lendário advogado Kakay , aquele que defendeu luminares da nação como Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Tudo gente muito boa de lobby.

Conhecedores profundos de bons vinhos e do mais refinado malte escocês.

Sentado numa cadeira de corredor do avião fiquei emparedado entre as excelências ouvindo tanta nojeira (me perdoem mas não encontro outro termo) tanta bravata, tanta estultice que desci daquele  voo mareado querendo iniciar ali mesmo um movimento “Fora advogados” e sair em passeata solitária desde o aeroporto JK até a sede do Supremo.

O que me impressionou é que tamanha cara de pau se dá justamente quando o país vai para as ruas enojado por esse tipo de comportamento descarado de nossas autoridades.

Fiquei muito preocupado acerca desse novo ministro do supremo, o tal Barroso.

Afinal se essa é a plateia que foi aplaudir a sua posse o que podemos esperar dele?

Diga-me com quem andas e te direi quem és ou não podemos generalizar?

Confesso que fiquei chocado.

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