Ricardo Soares
Não se trata de dizer sobre a importância ou desimportância
do Supremo nem se aqueles formais cavalheiros ministros são a reserva moral da
nação, cidadãos acima de qualquer suspeita, ou se apenas se atribuem uma
importância que não tem com o beneplácito da mídia que os transformou em
politicamente corretos, uma espécie de família Walton dos tempos modernos.
Os senhores e seus embates empolados em juridiquês viraram
celebridades e as vaidades afloraram com força num fórum que já era dos mais
vaidosos.
Fato é que as excelências nos seus ritos entediantes
entraram na agenda nacional.
Sem entrar no mérito se é correto ou não (ou entrando sim no
mérito) presenciei uma estranha viagem grupal de advogados e advogadas risonhos
e risonhas, na última quarta feira, em voo do Rio para Brasília.
Lépidos e fagueiros, estridentes como periquitos em ciclo
reprodutivo, a malta ia a capital federal para assistir à posse do novo
ministro do Supremo, o senhor Luis Roberto Barroso que já chegou dando pitaco
sobre tudo na conjuntura brasileira.
Excelência excelente ao que parece.
Mas no voo, o que me chamou a atenção naqueles pronomes de
tratamento ambulantes, todos vestidos com ternos bem cortados, é que anunciavam
que estavam viajando com passagens e despesas pagas pela OAB.
Todos pareciam que iam se hospedar em ótimos hotéis (como o
Meliá, diária acima dos 400 reais) e ansiavam que a posse do novo ministro
Barroso acabasse logo para poderem correr para a varanda da churrascaria Porcão
para assistir ao jogo do Brasil contra o Uruguai.
Os moços dos ternos luzidios e as moças de terninhos
caros acompanhadas de senhoras com boas
tinturas nos cabelos não escondiam a felicidade pelo “boca livrismo juramentado”
e em supremo (ops!) regozijo bradavam alto o grau de suas influências e
capilaridades políticas nos corredores de Brasília.
Entre o grupo, lógico, o lendário advogado Kakay , aquele
que defendeu luminares da nação como Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos
Cachoeira.
Tudo gente muito boa de lobby.
Conhecedores profundos de bons vinhos e do mais refinado
malte escocês.
Sentado numa cadeira de corredor do avião fiquei emparedado
entre as excelências ouvindo tanta nojeira (me perdoem mas não encontro outro
termo) tanta bravata, tanta estultice que desci daquele voo mareado querendo iniciar ali mesmo um
movimento “Fora advogados” e sair em passeata solitária desde o aeroporto JK
até a sede do Supremo.
O que me impressionou é que tamanha cara de pau se dá
justamente quando o país vai para as ruas enojado por esse tipo de
comportamento descarado de nossas autoridades.
Fiquei muito preocupado acerca desse novo ministro do
supremo, o tal Barroso.
Afinal se essa é a plateia que foi aplaudir a sua posse o
que podemos esperar dele?
Diga-me com quem andas e te direi quem és ou não podemos
generalizar?
Confesso que fiquei chocado.
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