“Vitória de Pirro” é um termo que alude a uma conquista
tão custosa que, muitas vezes, significa na verdade uma derrota em um cenário
mais amplo. E é exatamente essa a vitória anunciada aos brasileiros pelos políticos
canalhas que ocupam o poder, embalados pelos votos de milhões de alienados.
Diante da fúria popular e do vexame crescente junto à
imprensa internacional, Geraldo Alckmin, Fernando Haddad (este certamente
ecoando ordens de Lula) e o prefeito do Rio Eduardo Paes anunciaram a “vitória”
do movimento popular e a redução das tarifas dos transportes públicos em São
Paulo e no Rio de Janeiro.
A “Vitória de Pirro” nessa história toda vem do fato de que
todos resolveram mostrar sua face cruel, rasteira, além de toda a pequenez de
suas almas e de suas posturas como homens públicos. Ao anunciarem a redução de
tarifas, absolutamente todos eles chantagearam a população com cortes em
investimentos.
Eduardo Paes, o prefeito do Rio de Janeiro, como era de se
esperar, foi ainda mais longe na canalhice: ameaçou cortar justamente no
sistema de saúde que já anda mal das pernas e se converteu em verdadeira
máquina de genocídio.
Muitas vezes digo aqui que a diferença entre nós e as nações
que realmente se tornaram grandes é a nossa abundância de políticos. Nas nações
que ousaram e se transformaram em potências mundiais, há sempre mais estadistas
do que políticos.
Qual a diferença entre eles?
Muito simples: O estadista pensa em projetos de longo prazo.
Ele estuda a aplica o que é melhor para o engrandecimento de sua nação, mesmo
que isso vá de encontro aos seus interesses políticos eleitorais. Já o político
é incapaz de pensar além da próxima eleição e todas as medidas que toma são
impulsionadas apenas pelo desejo de se manter no poder ou de nomear um sucessor
que lhe lamba as botas. Para eles, o país é um mero detalhe.
Se os canalhas que nos governam fossem realmente estadistas,
retirariam facilmente os custos da redução de tarifas dos altíssimos impostos
cobrados por Estados e Prefeituras ou reduziriam as despesas de custeio do
governo, cortando seus próprios salários ou rendimentos para adequar os cofres
públicos a nova exigência orçamentária.
Sim, esses seriam estadistas, Mas, como temos apenas
políticos (e políticos canalhas), as fontes de recursos para bancar as reduções
de tarifas virão de investimentos necessários e urgentes ou, no caso do Rio de
Janeiro, da já dantesca saúde pública.
O que me lembra do recente caso dos professores em uma
cidade nordestina, obrigados a engolir uma redução salarial de 40% sob o
argumento de estarem violando a lei de responsabilidade fiscal; os professores
tiveram de assistir aos mesmos vereadores que lhes cortaram o salário sob este
argumento ridículo, aumentarem os seus próprios salários (e o do prefeito) em
100%.
Isso sim é o Brasil. Cabe agora, aos movimentos populares,
ganharem as ruas para exigir a mudança nessa mentalidade e se prepararem para,
nas próximas eleições, não caírem nas mesmas armadilhas e nas mesmas promessas
dessa corja canalha e aproveitadora que suga nossas almas e “não está nem aí”
para o bem-estar da população que jurou servir e proteger.
Pense nisso.
Fonte: Visão
Panorâmica
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